quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A Palavra a Paulo Guinote Sobre a Escola a Tempo Inteiro


A Palavra a Paulo Guinote Sobre a Escola a Tempo Inteiro

Subscrevo tudo o que o Paulo Guinote escreveu.


Lá Vamos Nós

Acabam-se os exames para satisfazer a facção mais vocal, mas querem-se os alunos na escola em regime de quase internato até ao 9º ano. Em boa verdade, só lá não ficam já os que não querem, pelo que esta medida só se entende se for no contexto do alargamento do conceito de jardim-escola e parque de diversões às escolas. Para os que acham que isto vai trazer mais postos de trabalho nas escolas, será melhor terem em atenção que, mesmo contando com o alargamento pretendido do pré-escolar, as verbas previstas são menores do que nos últimos anos.
Tudo isto me faz recordar outros tempos, conceitos de Escola a Tempo Inteiro que me desagradam profundamente, porque se encontram ao serviço de uma ideia de continuação da desregulação dos horários laborais e a uma ideia de Educação que cada vez mais desconta o papel das famílias, reduzidas ao papel de acordar e deitar as crianças (e dar-lhes o jantar e pequeno-almoço no caso das menos desafortunadas).
Quanto alguns amigos muito de Esquerda me acusam de estar a ser demasiado crítico, a não dar benefícios da dúvida, a não contemporizar com as alegadas boas intenções a 4 anos deste governo, eu recordaria que em 2008 todos (ou quase) éramos contra estas medidas e não há Crato que as justifique retro ou prospectivamente.
A ideia de uma Escola a Tempo Inteiro até ao 9º ano é uma prática completamente ao arrepio do que fazem os países mais desenvolvidos da Europa, em que as escolas não são depósitos de crianças e jovens, onde lá ficam até à mais extrema saturação. É o regresso à ideia de Sócrates/MLR de que as escolas devem ser a rectaguarda de famílias a quem não se dão condições de vida para estar com os seus filhos a horas decentes. É a rendição a uma lógica com que não me identifico, assistencialista no pior dos sentidos, em que as escolas se tornam centros de assistência social (sem assistentes sociais) e uma enorme campo de actividades (assegurados com “técnicos” pagos a 3 euros a hora ou com as horas ditas “não lectivas” dos professores).
A todos aqueles que agora aplaudam esta ideia, por ser de um “governo de Esquerda”, espero que contemplem com muitas horas destas actividades extra-curriculares no horário com aqueles mesmos alunos de que se queixam nas aulas. Que lhes possam dar, em regime “extra-lectivo” o que deveria estar nos currículos, mas sem exames, que é para ninguém levar nada disto a sério.
Eu discordo disto e já o escrevi há muitos anos e não mudei de opinião, desculpem-me lá se sou casmurro. Cada vez mais isto me parece o modelo MLR com um sorriso nos lábios.

A Escola a Tempo Inteiro Como Símbolo Maior do Fracasso do Estado Social


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