Não posso deixar de concordar que é necessário mudar práticas pedagógicas, amiúde enquistadas, fossilizadas, eu sei lá!, dirigidas a um público que vive uma realidade completamente diversa da realidade por nós conhecida e experimentada, aquando do nosso crescimento.
Não posso deixar de concordar com a introdução de conteúdos digitais para reduzir o insucesso escolar. Eu própria já fiz este percurso, iniciado no ano lectivo de 2004/2005, e o que ganhei em conforto na sala de aula não tem preço. A maioria dos meus alunos também ganhou em conforto, atenção e interesse e, obviamente, os resultados escolares por eles obtidos melhoraram. Por norma, não tenho casos de indisciplina dentro da sala de aula.
É certo que uma percentagem de 34% de alunos que aos 15 anos já experimentou uma retenção é violenta de ler. É certo que é preciso alterar procedimentos.
Mas ficaria bem à tutela, antes de falar seja no que for, começar por mudar o que pode mudar de uma penada e que pode contribuir, e muito!, para a diminuição das retenções que temos no ensino básico.
E, assim, ficaria bem ao senhor Secretário de Estado da Educação, antes de afirmar que "a escola tem de mudar", que é preciso "repensar como se aprende melhor para ter menos insucesso escolar", antes de falar das competências digitais, no uso de computadores, de tablets ou de smartphones nas salas de aulas, ficaria bem, volto a frisar, falar das metas curriculares ou dos programas extenssíssimos e inexequíveis e completamente desadequados à carga lectiva actual.
Assim, só para vos dar um exemplo muito concreto, as metas curriculares de História de 7º ano acrescentaram conteúdos ao programa que eu já leccionei com uma carga horária semanal de 150 minutos. Ora, presentemente tenho uma carga horária semanal lectiva de 100 minutos para, não esquecer!, leccionar mais conteúdos do que tinha aquando dos 150 minutos. Confuso? Pois é!
Isto cabe na cabeça de alguém? Isto faz sentido? É possível consolidar práticas? É possível implementar as estratégias pretendidas com esta pressão para cumprir programas com uma carga horária semanal rafada até ao tutano? É possível este fazer mais com menos?
Acreditais em milagres? Acreditais que as vacas voam?
Pois senhores que agora ocupais o edifício da 5 de Outubro com vistas para os jacarandás, começai por aqui. Não vos ensinaram nunca que quantidade não é sinónimo de qualidade?
Governo a favor da mudança de práticas escolares para reduzir o insucesso dos alunos
Nota - E venham as tecnologias! Eu quero-a na minha sala de aulas.
Por acaso estive na sessão a que se refere esta notícia e está muito mal relatado, sobretudo porque o secretário de estado falou mesmo da extensão das metas como um problema. Foi na mouche
ResponderEliminarPor acaso estive em Torres e ouvi o secretário. A notícia não tem nada a ver com o que ele disse. Ele disse que queria ouvir os professores sobre o currículo e da necessidade de ver o que é que é essencial. Até falou que era preciso que nós disséssemos que programas é que dava para fazer com o tempo disponível. A história do digital surgiu quando ele disse que as competências actuais exigem que haja formação para as competências digitais. A notícia baralha tudo. lol
ResponderEliminarAssim sendo só posso dizer Excelente! Se a tutela não é ou vai ser autista, tanto melhor e eu só posso aplaudir. O meu comentário foi ao conteúdo da notícia que, assim sendo, foi estrategicamente truncada. Foi propositado?
ResponderEliminarDe resto, o conteúdo do meu post está então em sintonia com o sentir da tutela... excelente! Só posso aplaudir. E o que eu escrevi não perde actualidade. As metas foram-nos impostas e são inexequíveis. Comecemos, então, pelos alicerces do edifício.
Obrigada pelos vossos esclarecimentos que eu vou passar ao corpo do blogue.
Se pudéssmos acreditar nas notícias, estávamos bem! Concordo consigo. As metas são nojentas.
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