A Avaliação de Desempenho Docente existe há muitos e muitos anos e, contrariamente à ideia espalhada, não foi invenção daquela ministra que eu me recuso a nomear e que fez de tudo para destruir o excelente ambiente que sempre se viveu na generalidade das salas de professores deste país.
Mas há, de facto, um tempo antes dela e depois dela em termos de Avaliação de Desempenho Docente? A resposta é simples e é afirmativa. Depois dela, a Avaliação de desempenho Docente foi hiper burrocratizada, numa primeira fase, consumindo tantos recursos humanos e financeiros que as escolas não podiam e não conseguiam suportar tal coisa e, vai daí, a coisa foi-se aligeirando também fruto das lutas encetadas pelos professores muito visíveis na blogosfera docente existente à época e materializada na luta independente, na luta enquadrada pelos sindicatos, na luta encetada pelos movimentos que surgiram meio espontaneamente entre os professores.
Depois de muito calcorrearmos, chegamos aqui, ao ponto em que nos encontramos hoje, ao simulacro completo de uma Avaliação de Desempenho Docente que não é nada, e que nada é, mesmo se se vira a coisa do lado mais favorável à vista de quem para ela olha.
E as perversidades e sequelas deixadas pelo monstro horribilis, mesmo se agora travestido de monstro fofinho, não têm fim.
Vou falar apenas de algumas.
A avaliação de desempenho docente é secreta e este facto, digo eu, dá para tudo. Para tudo, e estou a medir as palavras, mesmo!
Quando alguém se submete a uma avaliação de desempenho espera, no mínimo!, ser avaliado. E ser avaliado significa ser avaliado. E ponto final. E quando uma instituição avalia os seus funcionários isso significa, ou deveria significar, avaliar os seus funcionários. E ponto final.
Ora, a avaliação de desempenho docente, ou o que restou dela, é um simulacro de coisa nenhuma em muitas instituições que dizem que a colocam em prática só servindo para consumir recursos humanos e materiais ao país... ok, e para dizer que se faz, que se pratica... não se fazendo, nem se praticando.
Porque quando uma instituição "decide", pelas mãos dos seus decisores, atribuir a mesma nota a todos os funcionários que vai avaliar, uniformizando e normalizando o que não é uniforme e não é normalizado, querendo deste modo talvez agradar a todos os avaliados, provoca nos pseudos-avaliados várias reacções possíveis - o "avaliado" pode estar literalmente a marimbar-se para a "avaliação" e continuar em frente o seu percurso profissional - atenção que este pode ser muito mau, mau, medíocre, mais ou menos, bom, muito bom ou excepcional; o "avaliado" pode ainda não se marimbar e no caso de ser um funcionário mau, medíocre, mais ou menos, bom, muito bom ou excepcional pode olhar para baixo e pensar "Mas é preciso ser-se muito burro! Pois se o muito mau teve exactamente a mesma nota do que eu que é que ando aqui a fazer armado em otário? e cruzar os braços passando a fazer exactamente o mesmo que o mais calaceiro dos calaceiros da instituição.
Há uma terceira via - o funcionário, sentindo-se injustiçado, abandona a instituição, vira-lhe as costas e parte para outra.
E pronto. Sem ser exaustiva, aqui fica um alerta para algumas perversidades de um simulacro de avaliação de desempenho praticada nas escolas. Só para terminar, asseguram-me muitas vozes que em outros locais também é exactamente assim... ou assado... e também os há cozido e até frito... em azeite bem quentinho.
Nota - Post inicialmente publicado no blogue ComRegras.
Mas esse sempre foi o problema pré MLR. De qualquer forma se é secreta ninguém devia saber :P
ResponderEliminarAntes fazíamos relatórios de 20 folhas que o pedagógico analisava. Agora fazemos relatórios de 2 páginas a que ninguém liga por estarmos congelados.
É a bandalheira total. :(
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