terça-feira, 24 de maio de 2016

A Palavra a Daniel Oliveira


A Palavra a Daniel Oliveira

Que eu subscrevo por inteiro.

Daniel Oliveira
52 min
O Colégio Didálvi é um dos que não vão abrir novas turmas em início de ciclo subsidiadas pelos contribuintes por ter oferta pública perto. Para o Estado, será uma poupança de uns milhões. Muitos dos seus alunos irão à manifestação e os pais explicarão as enormes dificuldades que a escola vai viver. A exibição de luxo neste vídeo de apresentação (que não quer dizer qualidade de ensino, apesar de ser apelativo dar aos filhos a sensação de riqueza) contrasta com o estado de muitas escolas públicas, como o Camões, um excelente liceu a cair aos bocados por falta de financiamento. O proprietário e director da escola, João Alvarenga (que tem direito a busto à entrada e a um invejável culto da personalidade) foi, até há poucos meses, presidente da Associação de Estabelecimentos do Ensino Particular e Cooperativo (organização que lidera os protestos) e é o actual presidente da Confederação Nacional da Educação e Formação, que, com a Associação Escolas Profissionais, é um grupo de pressão para a subsidiação pública das escolas privadas (nome de código: "liberdade de escolha"). Dizia João Alvarenga na SIC Notícias, quando foram distribuídos computadores Magalhães em escolas públicas: “Não é despejando dinheiro sobre o sistema, não é despejando computadores sobre o sistema que se vai fazer com que ele funcione.” Em princípio, concordo com a afirmação genérica. O dinheiro não chega e é por isso que as imagens deste vídeo não me impressionam. Mas depois explicava, claro está, que em vez de “despejar dinheiro” na escola o importante era garantir a "liberdade de escolha". Traduzido: em vez de dar condições à escola pública era preciso subsidiar a dele, para que a dele tivesse computadores e a pública ficasse com a ardósia. Penso que é altura de fazer um favor ao “Dr. João Alvarenga” e não despejar mais dinheiro nos seus campos de golfe e de ténis. Talvez voltar ao básico: ter escolas públicas decentes, inteiras e com professores motivados. Discutir como a podemos melhorar - e há muito para melhorar. Resolver os problemas das escolas que são de todos e para todos e deixar os doutores alvarengas deste país tratarem, com o seu dinheiro, dos seus negócios. Se João Alvarenga está preocupado com a liberdade de escolha, talvez se reduzir o luxo desnecessário dê para, como se fazem em algumas escolas, garantir bolsas de estudo com ensino gratuito para alunos mais pobres. Isso sim, era de valor. O resto é o que conhecemos há muito neste país. Das PPP às rendas da EDP. Voltarei a este caso em texto mais completo.

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