Procissão - S. gonçalo - Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
Este post vem na sequência de várias abordagens distintas, uma delas por escrito que me chegou da Mui Nobre e Invicta Cidade do Porto, dando-me conta da "estranheza" de estar a ver passar a procissão pela Ponte Velha enquanto na Alameda decorria aquele "fabuloso e educativo" programa da TVI que se faz em altos berros, do qual eu desconheço o nome e vou continuar a desconhecer porque não me vou dar ao trabalho de o pesquisar que tenho mais que fazer.
Ora, parece que no exacto momento em que a procissão passava pela Ponte Velha, no palco da TVI uma "banda" tocava e cantava umas músicas "manhosas", uma delas chamada "não te vou mostra o pau".
Ora vamos lá por partes. Em primeiro lugar devo dizer que não me assumo como porta-voz de ninguém e que as opiniões que aqui partilho vinculam-me unicamente a mim.
A problemática religiosa é assunto de cada um e para cada um resolver, por si, ao longo da sua vida... se o conseguir resolver. As religiões e as suas práticas são-me indiferentes desde que não colidam com a lei, sublinho expurgada de crenças religiosas, vigente que eu não quero retornar a tempos de Inquisição e também não me quero mudar para países islâmicos que ainda não separaram o que é da Igreja do que é do Estado... e isto só para dar dois exemplos.
Não defendo o fim das religiões ou o fim das igrejas que delas derivam e convivo muito bem com manifestações de fé, por aqui o mais das vezes católicas, públicas, efémeras, como é o caso das procissões, ou permanentes, como é o caso das alminhas herdadas de um outro tempo, que pontuam de onde em onde lugarejos e estradas. Se me interessar por estas manifestações físicas de fé, do ponto de vista religioso ou estético, o problema é meu, vou vê-las ou, se não me apetecer observar, posso sempre passar a direito e não me sinto agredida porque a coisa tem o peso e a patine da História e eu jamais desejaria que por cá se destruíssem os Budas de Bamiyan, como aconteceu no Afeganistão, às mãos de uns quantos religiosos fanáticos iconoclastas talibãs... ou se destruíssem pinturas interiores de igrejas trogloditas cristãs, como aconteceu na Turquia, mais concretamente na Capadócia, às mãos de religiosos fanáticos iconoclastas... cristãos.
Assim, preconizo respeito mútuo. Aliás bem patente neste post que escrevi um dia sobre a importância do respeito, através do silêncio, nas casas que para muitos são dos deuses.
Confesso que no Domingo passado não fui ver a procissão, muito embora tenha passado por ela a caminho da Alameda onde decorria o programa da TVI... já que fui comprar... a sério, fui lá comprar uns cogumelos.
Pelo caminho assisti a umas músicas foleiras, em altos berros, impossível não escutar tamanhos eram os decibéis, mas não escutei a não sei o quê do pau, um horror de baixaria e pimbalhada de que não gosto nem a brincar, agora que pela primeira vez a escutei no Youtube.
A confusão está instalada por terras amarantinas onde parece valer tudo, até manifestas faltas de respeito de parte a parte. Fruto dos tempos confusos que vamos vivendo? Amarante afirma-se assim? Será este um caminho que devemos trilhar colectivamente? Um caminho do tudo ao molho e fé em deus?
Por mim, exijo que a igreja católica me respeite não me impondo uma missa difundida, alto e bom som, para a rua. Mas, confesso, gostaria de viver numa terra onde no exacto momento em que passa uma procissão não se cantasse mesmo ao ladinho, numa gritaria só própria de quem é completamente surdo, e parvo?, "não te vou mostra o pau".
Hoje vou abrir uma excepção neste blogue para partilhar uma música de letra inenarrável. Agora imaginem isto e conjuguem-no com uma procissão a passar... é esquisito, não?
Ai, S. Gonçalo S. Gonçalo! Que confusão anda nesta terra!
E valham-me os deuses todos que isto já não vai lá só com um!
Tem de haver eleições
ResponderEliminar.. para o ano e chamarmos a extrema esquerda... este presidente... ufa..