segunda-feira, 12 de setembro de 2016

A Ínsua da Urticária, os Passadiços do Tâmega e a Liberdade de Expressão

Os Passadiços e a Requalificação da Ínsua
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

A Ínsua da Urticária, os Passadiços do Tâmega e a Liberdade de Expressão

Constituição da República Portuguesa... como eu a amo... com todos os seus defeitos e virtudes!

Artigo 37.º
(Liberdade de expressão e informação)

1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.
2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura.

(...)
Artigo 41.º
(Liberdade de consciência, de religião e de culto)

1. A liberdade de consciência, de religião e de culto é inviolável.
2. Ninguém pode ser perseguido, privado de direitos ou isento de obrigações ou deveres cívicos por causa das suas convicções ou prática religiosa.
(...)

Hoje de manhã voltei a percorrer a Ínsua de uma ponta à outra, depois de já a ter percorrido no sábado de manhã. De facto, não há nada como ver in locco a coisa sobre a qual se opina para depois opinar, para depois voltar a opinar. E, antes de me alongar mais no assunto que hoje me leva a fazer este post, quero dizer que me agrada, do ponto de vista teórico, a ligação pedonal das duas margens do rio mesmo se atravessando a Ínsua, contrariamente a outras opiniões já escutadas que nem em teoria aceitam tal percurso. É deste ponto eu parto. Posto isto, quero aqui reiterar que, do meu ponto de vista e não abdico dele, o início da intervenção foi infeliz. Sendo que a Ínsua é uma jóia amarantina, como muito bem se apregoa na página do Município de Amarante, seria de esperar uma intervenção delicada e respeitadora da jóia em causa.
E não foi isso que foi feito. Do meu ponto de vista, claro está que não estou aqui mandatada para exprimir outras opiniões para além da minha. Com efeito, a intervenção feita nas margens do Tâmega e na Ínsua podia estar num qualquer arrabalde pródigo em destruições muitas, daquelas que estuporam tudo, como vemos por este país fora a torto e a direito, bastando apenas olhares atentos para serem descortinadas e deixadas a nu, numa falta de respeito pela envolvência que até dói.
O descuido foi tal, a obra foi feita tão meia bola e força, que nas margens do rio, onde agora assentam os alicerces dos passadiços nem sequer houve o cuidado de disfarçar os ditos alicerces com uns calhaus rolados ou por rolar, de maiores ou de menores dimensões, sempre com características que, ao olhar, parecessem ter estado sempre ali. A pedra usada não tem as características da região muito menos dos calhaus envolventes e a leitura que faço da coisa é que está ali uma crosta, um aleijão. Aliás, não um mas vários, pelo menos dois de cada arranque de passadiço.
Depois temos a "alameda/estrada", aberta pela Ínsua fora, escancarando o percurso. Não gosto dela. Preferiria um estreito trilho, aberto com todo o cuidado por entre a vegetação frondosa que convidasse a um sereno passeio de descoberta e ao respeito pela natureza, aqui tão pródiga. Assim, tal e qual está, parece um convite aos piqueniques e ao lixo, quiçá às motas e bicicletas, enfim, ao devassamento e à deterioração. Reitero que é apenas a minha opinião, evidentemente.
E mantenho a reserva ambiental sobre uma intervenção que rasga semelhante percurso num território extremamente instável e frágil e espero não ter nem pinta de razão um destes Invernos, aquando de uma qualquer cheia mais violenta.
Acrescento ainda que não me agrada este travamento artificial que impede a progressão das guigas um pouquinho mais acima numa época em que o rio recebe mais visitantes, ou seja, exactamente durante os meses de Primavera e de Verão já que estes passadiços terão de ser retirados durante o Inverno, sob pena de irem parar ao Torrão.
Por último, não gosto mesmo nada, eagora estou a falar do ponto de vista meramente estético, dos passadiços... que me parecem não estar à altura de uma jóia que é uma Ínsua, de uma jóia chamada Tâmega, de uma jóia chamada Amarante.

Posto isto, volto ao início deste post para recuperar a minha querida Constituição.
Esta casa é minha. Exclusivamente minha. aqui eu escrevo, se escrevo!, segundo os meus apetites e vontades. Este direito que é meu, teu, nosso, vosso é um direito constitucional assegurado pela Constituição Portuguesa desde 1976. Escrevo e também edito - Obrigada Google do fundo do coração! - uns posts mais ou menos suaves, mais ou menos acutilantes, mais ou menos sarcásticos, mais ou menos contidos, mais ou menos fundamentados, mais ou menos irónicos, mais ou menos fofinhos, mais ou menos reivindicativos... enfim... normalmente o que me sai ao correr da pena que a minha escrita nunca é muito trabalhada e jorra por norma! em ligação directíssima dos neurónios à ponta dos dedos que teclam este meu teclado.
Finalizo com uma evidência. O lápis azul escafedeu-se neste país com a Revolução do 25 de Abril.
E é isto que eu, por agora, queria partilhar convosco.
Viva a Liberdade!

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