Melhoramentos? na Ínsua dos Frades
Fotografias de Coronel Artur Freitas
A Ínsua dos Frades, tal como se afirma na página do Município de Amarante, é uma das jóias locais. De equilíbrio instável e precário, porque resulta da acumulação de detritos e de sedimentos que o rio Tâmega fez/faz o favor de ali deixar depositados durante as suas fúrias anuais, a Ínsua dos Frades merecia uma intervenção feita com pinças.
Quem se der ao trabalho de ler a página do Município de Amarante onde está anunciada a intervenção que está neste preciso momento a ocorrer na Ínsua dos Frades, o que pode ser feito se clicarem aqui, a coisa até promete ser respeitadora e respeitosa, bem de acordo com a fragilidade do local, belíssimo, que se situa no coração do rio Tâmega.
Transcrevo:
"A Câmara Municipal de Amarante, no âmbito do Plano de Proteção do Rio Tâmega, iniciou os trabalhos de limpeza e tratamento da Ínsua dos Frades. Trata-se de um projeto que visa devolver o Rio aos amarantinos, começando desde logo por uma das suas joias maiores e mais centrais.
A primeira etapa passa pela instalação de um passadiço flutuante, permitindo a ligação entre as margens e a Ínsua. Dado o estado de degradação daquele local irá proceder-se à limpeza e erradicação de espécies vegetais exóticas e invasoras, sendo o passadiço essencial para o acesso e execução dos trabalhos. Verificar-se-á ainda, a movimentação e colocação de inertes para uma execução eficaz da intervenção, que serão removidos logo após a colocação do passadiço, dando lugar à livre circulação das águas.
O passadiço tem como objetivo aumentar a utilização do Rio, da Ínsua e permitir a passagem entre as margens. Nesse sentido, prevê-se a sua utilização entre os meses de maio e setembro de cada ano, salvo condições climatéricas adversas.
Na segunda fase desta intervenção, as operações de preservação e limpeza, irão contemplar cortes seletivos de vegetação com podas, contenção de espécies vegetais exóticas e invasoras. Serão ainda, realizadas atividades de acompanhamento e formação da equipa técnica de intervenção e de fiscalização.
Os trabalhos estão a ser desenvolvidos por pessoal técnico qualificado, com formação específica e resulta de um projeto multidisciplinar. Tendo por base indicadores ecológicos, económicos e sociais, todas as atividades serão acompanhadas, monitorizadas e avaliadas, de forma a garantir o sucesso."
De facto, o texto está poético. E a obra, sei-o bem, ainda não está acabada.
Mas, para já, o que se vê pelas fotografias gentilmente cedidas pelo senhor coronel Artur Freitas, é um corte brutal e a torto e a direito de toda a vegetação que ficava no caminho da máquina que rasgou uma quelha?/estrada?/avenida? pela Ínsua dos Frades adentro, sem apelo e sem agravo, arrasando tudo, literalmente, visceralmente, à sua passagem, deixando um chão em areia à vista, completamente desprotegido, completamente devassado, infinitamente mais fragilizado, enfim, como nunca por cá se tinha visto. Veremos o que acontecerá nas próximas cheias. Ficaremos com duas ínsuas, esta existente por ali rasgada esta a meio?
Agora, digo eu, e deixo já aqui a sugestão mesmo sem ninguém ma pedir, supimpa supimpa era mesmo revestir o pavimento desta ferida aberta na frágil ínsua a lajes bem grandes de granito... para combinar com as maravilhosas praças de S. Gonçalo e de S. Pedro e sei lá... talvez aumentar os níveis de radão aqui na city... que parece que estão abaixo da média... não é assim? Não é assim?!
Ah! E com uma gigantesca cruz, luminosa!, a sair do arvoredo, aí sim, ficaria um must e poderíamos atrair, sei lá!, talvez gente de todo o mundo para peregrinar por aqui.
CÂMARA MUNICIPAL DE AMARANTE INSTALA PASSADIÇO FLUTUANTE NA ÍNSUA DOS FRADES
Pois, você responde a suposta poesia com mais poesia. Se você não concorda com a forma como a intervenção está a ser feita, tem todo o direito à crítica, mas isso significa que conhece a forma que considera correta de intervir no local, mas em momento algum você partilha a solução que considera a mais adequada para o local. Assim a sua opinião é meramente destrutiva e nunca construtiva. Por isso cada cabeça sua sentença. Se construíram a ponte, obrigou a que fossem criadas as condições para que chegando à Ínsua as pessoas pudessem movimentar-se, construindo um caminho livre de vegetação. Por isso o derrube de algumas árvores. Mas pêlos vistos a senhora Anabela pretendia manter a vegetação intacta e depois, cada pessoa passasse a ponte e se embrenhasse na vegetação e abrisse caminho talvez com a ajuda de uma catana. Tendo em conta a densidade de vegetação eu não vejo outra solução que não seja o corte e derrube de alguma vegetação e árvores. Daqui a algum tempo as zonas adjacentes ao caminho recuperarão novamente vegetação. Não vejo onde está o problema, muito sinceramente. Se as coisas estivessem a ser feitas desta forma para construir estruturas em cimento ou algo do género tudo bem que houvesse condenação e críticas públicas. Agora neste caso e tendo em conta o objetivo e os benefícios, é criticar por criticar. Se não fosse pelas árvores seria porque foram mortos alguns peixes durante a construção.
ResponderEliminarÉ a sua opinião, Hugo, que eu publico nesta minha casa com todo o gosto. Mas a sua opinião não é exactamente a minha.
ResponderEliminarPor acaso até me agrada a ideia teórica de ligação de uma margem à outra, mas o meu post não versou sobre isso. Versou apenas sobre o derrube a torto e a direito de tudo o que estava no caminho da máquina, desprotegendo os fragilíssimo e instável solo. Veremos o que se vai passar no próximo Inverno, esperando eu, sinceramente, que não se passe nada de especial, a bem de Amarante. No entanto, estas são preocupações minhas e não abdico delas. Gostaria que, a abrir um caminho, e não sei se não haveria outra qualquer forma de fazer as coisas, tivessem aberto uma vereda "com pinças"... percebe a ideia?