sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Da Necessidade de Protagonismo

Auto-Retrato dedicado aos Moinas
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Da Necessidade de Protagonismo

Há um estupor de uma mentalidade incrustada em determinados meios, mesmo onde não seria expectável que estivesse incrustada, por exemplo bem no coração de alguns membros das comunidades educativas, nomeadamente professores, que se encarrega de difundir, das mais variadas maneiras e dentro dos mais variados órgãos, algumas feias, outras muito feias, outras mesmo asquerosas, que quem dá, de facto!, o corpo ao manifesto e trabalha que se farta porque adora o seu trabalho - sejamos claros, é o meu caso - o faz porque tem necessidade de protagonismo, não ocorrendo, a esta gente, que a partilha do muito muito muito trabalho já realizado aqui pela galega, infelizmente em modo não colaborativo, infelizmente em modo completamente isolado recebendo apenas a colaboração e compreensão dos meus familiares e amigos mais próximos, advém somente do meu desejo de poder ser útil a outros, principalmente a alunos, meus ou mesmo não meus... que a cada passo recebo por mail agradecimentos deste ou daquele aluno desconhecido, deste ou daquele encarregado de educação que tropeçou algures nesta infinda net com o meu trabalho, agradecimentos até vindos das estranjas que eu também sou conhecida do outro lado do oceano... e, quiçá, até no espaço sideral!
Assim, diz o estupor da mentalidade, quem trabalha leccionando as suas aulas, mas que para além disso ousa ousar diferente, quem engendra projectos, quem constrói páginas web, quem constrói blogues profissionais, quem inventa clubes, quem constrói aulas em PowerPoint originais, quem cria Centro de Recursos, quem organiza visitas de estudo, oficinas, exposições, palestras muitas e variadas... ainda hoje estive no Museu Amadeo de Souza-Cardoso a agendar mais três... ah ah ah... faz tudo isto, trabalha que se farta... vejam só!, porque tem necessidade de protagonismo.
Que fique bem claro. Estou com 55 anos e perdi, mas completamente!, a vontade de brincar ao faz de conta.
Que fique bem claro. Estou com 55 anos e no dia em que o trabalho com os meus alunos, única coisa que me prende à Escola, deixar de me dar gozo, digo-lhe bye bye.
Que fique bem claro. Estou com 55 anos e não permitirei mais que se apropriem do meu trabalho nas minhas ventas.
E tudo isto apenas porque tenho muiiiiiiiiiiita necessidade de protagonismo, porque tenho muiiiiita necessidade de puxar dos meus galões, de calçar os meus tacões altos, de subir as escadas e pendurar-me nas árvores... para observar o estuporado mundo cá em baixo.
E por agora é apenas isto. E já não é pouco.

Nota - A fotografia escolhida para ilustrar este post tem-me a mim como protagonista. Mesmo se escondida atrás de uma máquina fotográfica, mesmo se com antenas parabólicas estreladas... capice?

2 comentários:

  1. Se é como diz, para quê dar importância ao que outros dizem?
    Faz o que gosta e quer fazer e quer lá saber dos outros! Nem se dava a esse/este trabalho de escrever.
    Parece-me mais que se está a enaltecer, senti eu que estou totalmente de fora e não a conheço.
    Minha intenção não é tirar-lhe mérito.
    Quando fazemos "do coração", comentários maldosos passam ao largo, bem ao largo.

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  2. Digamos que eu não conto tudo. Digamos que a historieta foi mesmo feia. Digamos que, às vezes, apetece-me destapar um bocadinho este enredo que é ser funcionária pública, professora, nestes dias que por agora vivemos. Digamos que, de facto, estou mesmo a marimbar-me para os comentários e não, não estou a enaltecer o meu trabalho. Mas digamos que não me envergonho dele. ;)

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