segunda-feira, 23 de outubro de 2017

A Palavra ao Juiz Talibã? Neto de Moura


A Palavra ao Juiz Talibã? Neto de Moura

Confesso que tive dificuldade em aceitar como verdadeiro o facto de um juiz desembargador, português, no ano de 2017, ter sido o relator deste acordão de texto tão retrógrado, tão calhorda e tão nojento, assinado pela sua pessoa e ainda por Maria Luísa Arantes, e que legitima a violência sobre as mulheres adúlteras.

"Este caso está longe de ter a gravidade com que, geralmente, se apresentam os casos de maus tratos  no quadro da violência doméstica.
Por outro lado, a conduta do arguido ocorreu num contexto de adultério praticado pela assistente.
Ora, o adultério da mulher é um gravíssimo atentado à honra e dignidade do homem.
Sociedades existem em que a mulher adúltera é alvo de lapidação até à morte.
Na Bíblia, podemos ler que a mulher adúltera deve ser punida com a morte."

11.10.2017
Neto de Moura
Maria Luísa Arantes

Confesso, estou estupefacta e a pensar... e não se pode puni-lo?

Em 2008 escrevi neste blogue:
Hoje deixo um alerta para um problema gravíssimo que as nossas sociedades contemporâneas não conseguiram ainda resolver e não conseguiram ainda erradicar do seu seio, apesar de toda a sofisticação alcançada, apesar de todo o progresso económico e cultural conseguido, até hoje, pela humanidade no seu conjunto. Hoje deixo um alerta para um problema gravíssimo que atravessa, sem distinção, gente de diferentes credos e religiões, de diferentes culturas, de diferentes etnias e nacionalidades, de diferentes filiações partidárias, de diferentes classes sociais e económicas, de diferentes faixas etárias. Esse problema chama-se Violência Doméstica.
O problema existe, é real, e é mais chocante quando acontece em sociedades que se querem/dizem compreensivas e tolerantes, quando acontece em sociedades ditas civilizadas e democráticas, quando acontece em sociedades que se dizem longe da barbárie. Só que a barbárie não é só apanágio dos analfabetos, dos pouco instruídos, dos pobres e miseráveis. A barbárie está dentro de nós. Basta olhar para dentro de portas, para aquilo que deveria ser sempre um porto de abrigo e que se transforma, quantas vezes, num "dormir com o inimigo".
Nunca é demais frisar que a mudança, de mentalidades e de práticas, está nas nossas mãos.

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