quinta-feira, 26 de abril de 2018

A Palavra a Alexandre Henriques


A Palavra a Alexandre Henriques

Sabia que pode obrigar o Parlamento a votar a sua Lei?

Nesta quarta-feira comemorámos o dia da liberdade. O 25 de abril será sempre um marco, mesmo para quem não o viveu ao vivo e a cores. Estas linhas só são possíveis graças a bravos soldados e a gratidão é um bem precioso e, por isso, e antes de tudo, deixo-lhes aqui o meu muito obrigado!
Estamos em 2018, já passaram 44 anos desde o dia da revolução e aquilo que constatamos é que vivemos num país profundamente desigual, onde a riqueza é canalizada para quem detém o poder, para quem frequenta festas de colarinho branco, de conhaque numa mão e charuto na outra. Um país onde o tráfico de influências, o compadrio, a corrupção e a falta de vergonha na cara é tanta que deixaram de existir linhas vermelhas para o despudor social e parlamentar.
Ontem falou-se numa reforma do sistema político. Eu falo em reforma pela verdade. Falta verdade, falta honestidade e o povo sabe que lhe mentem. Por isso o povo está a desligar, por isso o povo está a deixar de votar. É preciso uma democracia 2.0, é preciso governar para o povo, servir o povo, sentir o povo.
Infelizmente o povo português é o típico queixinhas, queixa-se no café, queixa-se no supermercado, queixa-se na bomba de gasolina, no trabalho, em casa, em todo o lado. Queixa-se mas pouco ou nada faz. O povo está manso, domesticado, já nem sente o chicote diário, julga que tudo é normal pois a anormalidade tornou-se banal. Subjugado a uma classe política hábil e a uma comunicação social comprometida, realiza a sua rotina e encolhe os ombros. “É a vida…”
Basta! O povo precisa de tornar-se novamente soberano, mostrar que tem voz, que quer e merece melhores condições de vida. É preciso chatear, “morder” os calcanhares de quem nos representa na Assembleia da República e obrigá-los a votar, para que as palavras bonitas sejam mais do que isso mesmo. Falar é fácil, escrever as leis é outra coisa e é preciso que as máscaras caiam…
Qualquer cidadão pode apresentar um Projeto de Lei no Parlamento. Para o efeito, precisará de 20 mil assinaturas, um número significativo, contrapondo com as 7500 que são necessárias para uma candidatura à Presidência da República. Curioso, não?
Os professores, mais uma vez, pretendem ser um farol social e mostrar que o cidadão comum tem o poder nas suas mãos. No momento em que escrevo estas linhas, decorre o processo de recolha de assinaturas para um Projeto de Lei que visa recuperar todo o seu tempo de serviço efetivamente prestado… mas congelado. Um ato de cidadania, um ato de democracia, um grito de revolta pela incapacidade sindical e governamental em devolver o que é dos professores por direito.
Os professores não podem ser o patinho feio da função pública, não podem ser vítimas por serem muitos. Merecem ser respeitados e o respeito mostra-se também pelo vencimento que lhes é devido, correspondente à enorme responsabilidade que é formar o futuro deste país.
Ontem foi dia de festa, foi dia de lembrar aqueles que mostraram determinação, garra, sentido de justiça e uma enorme espinha dorsal, tempo de afirmar que tudo valeu a pena. E, a melhor forma de respeitarmos a sua luta é lutarmos também por aquilo que é nosso. Respeitando a Constituição, aplicando a Democracia, sentindo a Liberdade das nossas ações e consequências dos nossos atos.
De nada adianta chorar, pois as lágrimas apenas secam no chão. Já demos provas do nosso valor ao longo da História. É assim tão difícil (re)conquistar o país?
Respeitem a Liberdade, respeitem a Democracia, exerçam a vossa Cidadania!
Alexandre Henriques

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