Hoje dou a palavra ao meu querido colega Paulo Guinote. Certeira. Limpa e cristalina sobre o que se passa há muitos anos na sala de professores.
"Defender os direitos de quem aparece para o cafézinho das 10 ou o cigarrito do meio dia? Que se queixa e tem imensas opiniões, mas intervenção nula na resolução de problemas concretos? De quem ocupa cargos para se sentir bem, mas não para se responsabilizar pelo que falha?"
E eu acrescentaria - Defender os direitos de quem mente com quantos dentes tem na boca só para ficar bem na fotografia da comunidade educativa ou mesmo para te despachar? De quem é tão egoísta tão egoísta que é incapaz de ver para além do seu próprio umbigo e pensar que nós somos um colectivo e não um particular?
E continua o Paulo Guinote e eu faço minhas as suas sábias palavras porque muito embora ele esteja a Sul e eu esteja aqui, bem plantada neste meu Norte, as nossas realidades tocam-se de tal maneira que até impressiona.
"Sim, há dias em que se duvida do esforço colocado em animar uma iniciativa para que todos possam recuperar uma carreira. Incluindo quem espera que os outros façam, que os outros resolvam, que os outros saibam e expliquem. Há quem o mereça, mas há quem nem por isso.
Mas, pelo menos, recuperando os quase dez anos de serviço, pode ser que algumas pessoas possam ir à sua vida, com um mínimo de dignidade material. E deixem de ocupar espaço, atrapalhar, fazer parte do problema, abster-se de intervir deixando tudo a quem ainda acha que há serviços mínimos de funcionamento (mesmo que seja para ouvir bocas).
Sim, há dias em que apetece descrever o quotidiano real, contra as reservas sempre colocadas em relação a esse tipo de diário. Mas, de petizada descontrolada por completo desnorte parental, e que por isso acha que tudo pode fazer, a malta com pós-graduação em conversa de esplanada ou doutoramento em chá e bolachinhas, há dias em que apetece mesmo fazer o retrato de certas criaturas que, se não se mexem, ao menos não atrapalhem."
É isso, gente, pelo menos não atrapalhem! E, por favor, podem crer que, se esta iniciativa tiver êxito, o tempo de serviço não é todo para mim e para os outros cavaleiros e cavaleiras promotores desta ILC. Eu, eles e muitos outros, a quem já se juntou inclusivamente uma encarregada de educação de um (ex)aluno meu que tem lutado pela ILC como muitos milhares de professores não o fazem, estamos mesmo a pensar num colectivo de uma classe, esquisito, é verdade!, que tem no seu seio verdadeiros mortos-vivos... ou será que são vivos-mortos? (E agora estou a pensar muiiiiiiiito para além da ILC... talvez um dia, mais tarde, por certo, conte aqui umas histórias deprimentes que não são nada de encantar.
Ok?
Nota - Adoro ler o Guinote porque conhecendo-o há muitos anos e nem sempre concordando com o que ele pensa e escreve sei-o honestíssimo na sua escrita. No quintal dele, não contem com fretes.
Já assinei colega e tenho tentado que outros o façam. Tem sido uma tarefa muito difícil. Entristece-me que ainda não tenham sido alcançadas as 20000 assinaturas.
ResponderEliminarBem -haja pelo seu esforço!
João Leão