quarta-feira, 12 de junho de 2019

O Outro Discurso de João Miguel Tavares no 10 de Junho


O Outro Discurso de João Miguel Tavares no 10 de Junho 

Afinal havia outro. outro discurso. Igualmente importante. Já li das coisas mais incríveis sobre o teor do primeiro discurso feito por João Miguel Tavares, em Portalegre. Que era fascista, colonialista e eu sei lá mais o quê que elas já foram tantas e eu, farta de reler o dito discurso, nada lá encontro de semelhantes aberrações.
Retiro um extracto do segundo discurso que pode ler na íntegra se clicar aqui. Foi proferido no Mindelo e, a crer na notícia, parece que atrapalhou dois presidentes.

(...) Há apenas 45 anos Cabo Verde era ainda parte de Portugal. Estarmos aqui hoje, menos de meio século depois, numa cerimónia como esta, quando há gente ainda viva que lutou pela independência e sofreu pela sua ausência, demonstra a todos, portugueses e cabo-verdianos, que profundos são os laços que se criam e desenvolvem entre os povos, mesmo quando manchados pela escravatura, pelos trabalhos forçados ou pelo racismo.
Estamos juntos apesar do nosso passado. E estamos junto por causa dele.
Aquilo a que chamamos colonialismo tem implicações mais profundas do que a violência sobre os corpos. É também uma violência sobre a memória, com gerações e gerações condenadas ao esquecimento, porque a História que sobrevive é sempre a história do dominador e não a história do dominado. Erguer um novo país implica quebrar esse monopólio da memória e reconstruir tudo: criar uma História própria a partir de frágeis fragmentos; procurar uma identidade autónoma por debaixo dos escombros de um regime opressivo. (...)

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