segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Eduardo Teixeira Pinto
Fotografia de Raquel Abreu
Eduardo Teixeira Pinto
Porque a figura deste Homem é demasiado grande, volto a Eduardo, transcrevendo um texto comovente escrito pelo meu irmão no blogue http://sol.sapo.pt/blogs/plenacidadania/default.aspx
EDUARDO TEIXEIRA PINTO (1933-2009) - SAUDADE DE AMARANTE
Não me sinto capaz de solver em silêncios contidos por mais tempo, o interregno que se impôs nos registos que uma certa Amarante me merece. E faço-o hoje com a dor de saber a perda de um Amigo – meu e de Amarante –, que quase passava à eternidade sem que os mais novos soubessem que nele habitava um ser incomum, uma alma boa e generosa, de profunda sensibilidade observativa e vibração artística, de uma incomum poética do olhar, devotada a Amarante e ao Tâmega, à Vida que anima a paisagem do vale elevado aos horizontes do Marão e às suas gentes.
Estremeceram-me as fibras até à raiz com o impacto inesperado da informação, lida no blogue da minha irmã, de que Eduardo Teixeira Pinto havia “fechado os olhos” para este nosso mundo. Paradoxalmente, com tão infausta notícia, acordei este modesto endereço em que venho fazendo contas à espiral de banalização de valores, de decadência sócio-económica e de cinzentismo de representatividade cívica e política em que o meu concelho e a minha cidade aportaram.
Amarante, no dia de hoje (4 de Janeiro de 2009), empobreceu ainda mais com a partida de um dos melhores e mais galardoados fotógrafos portugueses do século XX.
Simples, de trato simples e afável, sempre bem humorado e risonho, sempre disponível para um “cliché”, profissional de méritos reconhecidos em salões internacionais, sobre quem ouvi Gageiro – também ele de nome Eduardo –, dizer para Teixeira Pinto: «Eduardo, tu em fotografia de exterior és muito melhor que eu!». Registo este depoimento desde os idos anos da década de 1980, aquando da inauguração de uma exposição de fotografia de Eduardo Gageiro na antiga Biblioteca Municipal Albano Sardoeira (ainda instalada no segundo Claustro do Convento de São Gonçalo), ante a presença de outro jovem amigo comum, Vítor Silva, encontro de que houve registo fotográfico pelo nosso Eduardo.
Por Eduardo Teixeira Pinto soube do paradeiro do espólio da ex-«Foto Arte», e por ele o vi depositado em Telões (Reguengo d’Além) em condições inapropriadas para o seu incomensurável valor e características físicas, grande demais para Amarante de hoje.
Esperava continuar a vê-lo, sempre, em Amarante, sempre de face rosada e sorridente, transbordando amor singelo pela sua e nossa Amarante, pelo seu e nosso Tâmega, registando rostos e lugares, fotograma a fotograma, como a querer fixar de vez a luz e as sombras feitas memórias do seu e nosso tempo que outros subestimam e fazem por apagar.
Setenta e seis anos depois, o meu fotógrafo de eleição, Senhor Eduardo, regressa às origens, com uma exposição em cartaz onde nos deixa bem patente o apuramento da sensibilidade do seu olhar e da técnica com que o materializava, e o quanto esta nossa terra amou.
Em Novembro (15) último, no decurso do evento consagrado à sua fotografia, ocorreria a nossa última oportunidade para um breve e definitivo reencontro. Desse momento guardo a pova da gratidão da sua grande Amizade que preenche plenamente, em valor e na estima retribuída, o sentido das palavras que me dedicou.
Ao endereço etéreo onde regressa, chegará pleno de uma vida dedicada à família, à profissão que com seu pai abraçou, e à Amarante grandiosa e única que também leva na sua Alma de cidadão deste mundo. C
José Emanuel Queirós
Comovente e excelente.Parabéns aos manos Queirós que tão bem escrevem!!
ResponderEliminarE que sorte a minha, tenho um como marido e outra como cunhada.
Flora Queirós
Obrigada pela parte que me toca, Florinha. Só uma rectificação. A minha escrita nem chega aos calcanhares da qualidade da escrita do meu irmão e teu marido!
ResponderEliminarMas, mas... lá que eu tenho treinado forte e feio neste blogue, lá isso tenho!
Quem sabe um dia chegarei lá, já que desistir não desisto. :)
Beijocas