quarta-feira, 11 de março de 2009

A Indisciplina nas Escolas (vista por F. Savater)

A Indisciplina nas Escolas (vista por F. Savater)

Especialistas reunidos em Espanha
Aumento da violência nas escolas reflecte crise de autoridade familiar

Especialistas em educação reunidos na cidade espanhola de Valência defenderam hoje que o aumento da violência escolar deve-se, em parte, a uma crise de autoridade familiar, pelo facto de os pais renunciarem a impor disciplina aos filhos, remetendo essa responsabilidade para os professores. Os participantes no encontro 'Família e Escola: um espaço de convivência', dedicado a analisar a importância da família como agente educativo, consideram que é necessário evitar que todo o peso da autoridade sobre os menores recaia nas escolas.
'As crianças não encontram em casa a figura de autoridade', que é um elemento fundamental para o seu crescimento, disse o filósofo Fernando Savater.
'As famílias não são o que eram antes e hoje o único meio com que muitas crianças contactam é a televisão, que está sempre em casa', sublinhou.
Para Savater, os pais continuam 'a não querer assumir qualquer autoridade', preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos 'seja alegre' e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para os professores.
No entanto, e quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador, 'são os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os filhos que tentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os', acusa..
'O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar', sublinha.
Há professores que são 'vítimas nas mãos dos alunos'.
Savater acusa igualmente as famílias de pensarem que 'ao pagar uma escola' deixa de ser necessário impor responsabilidade, alertando para a situação de muitos professores que estão 'psicologicamente esgotados' e que se transformam 'em autênticas vítimas nas mãos dos alunos'.
A liberdade, afirma, 'exige uma componente de disciplina' que obriga a que os docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das famílias e da sociedade.
'A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara', afirma, recomendando aos pais que transmitam aos seus filhos a importância da escola e a importância que é receber uma educação, 'uma oportunidade e um privilégio'.
'Em algum momento das suas vidas, as crianças vão confrontar-se com a disciplina', frisa Fernando Savater.
Em conversa com jornalistas, o filósofo explicou que é essencial perceber que as crianças não são hoje mais violentas ou mais indisciplinadas do que antes; o problema é que 'têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos'.
'Deixaram de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento para os passarem a ver como uma fonte de incómodo. Isso leva-os à rebeldia', afirmou.
Daí que, mais do que reformas dos códigos legislativos ou das normas em vigor, é essencial envolver toda a sociedade, admitindo Savater que 'mais vale dar uma palmada, no momento certo' do que permitir as situações que depois se criam.
Como alternativa à palmada, o filósofo recomenda a supressão de privilégios e o alargamento dos deveres.

Nota - Desconheço a origem deste texto que circula por mail. Como é uma interessante reflexão sobre um problema que me preocupa - a indisciplina crescente no seio das famílias e que se estende ao interior das escolas - aqui o publico agradecendo o seu envio à Dudú.
Prevejo um futuro nada risonho. Um destes dias teremos problemas a sério numa das escolas deste país que já foi de brandos costumes.

11 comentários:

  1. Que engraçado...hoje li isto...assim andamos em uníssono
    bjs

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  2. Já tive o privilégio de falar pessoalmente com Savater.
    Tem algumas obras de referência obrigatória para os adolescentes, nomeadamente, a que estive a abordar nas aulas: A Ética para um Jovem.
    Valores, normas, costumes, padrões comportamentais, culminando numa visão "ideal" do tipo de convivência ou relações interpessoais a implementar na sociedade democrática, são algumas das temáticas abordadas.
    Quanto à questão da indisciplina, creio que a família - agente de socialização primária - é uma das variáveis a considerar. Todavia, não é a única. A ausência de projectos pessoais, as carências económicas, a atitude de passividade e receptividade perante toda a (des)informação veiculada pelos mass media - criadores de um pensamento unidimensional-, empobrecem as faculdades do espírito, minando também a inteligência afectiva ou emocional do (ser) humano.
    É claro que é fácil dicotomizar a raíz dos problemas: para uns, a "culpa" é da família; para outros, dos professores. Provavelmente a responsabilidade é de ambos. Se cada um desempenhar com responsabilidade e seriedade o seu papel e a sua função, o problema será, parcialmente debelado. Exige-se uma ética da responsabilidade... de todos: pais, professores, políticos, empresários, ministério, etc,etc.
    Não basta assumir que "não há soluções, apenas solidariedade" na irresolução dos problemas. Uma ética promotora de uma cidadania interventiva e esclarecida seria um bom começo...

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  3. Em uníssono, Tiza!
    E sabes onde fui hoje? À Barca. E não fiz nada. Limitei-me a adormecer ao sol. :)

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  4. Só me resta subscrever tudo o que dizes, Elsa C. O problema é extraordinariamente complexo e as soluções não são fáceis, principalmente quando no dia a dia vemos a situação das famílias a deteriorar-se a todos os níveis. E a Escola também. E vão surgindo histórias do arco da velha e a ESA não escapa à tendência.
    Confesso-te que estou muito apreensiva relativamente ao nosso futuro próximo.

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  5. Isto é mesmo um problema social, diria. Estamos todos talvez, a contribuir para a deterioração de valores. O sistema educativo está a ruir, a família cria muito
    poucos laços, os jovens não prevêem um futuro fácil... O quadro começa a afigurar-se muito dramático.

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  6. Os tempos mudaram, e os indivíduos que estão nas famílias e chegam às escolas não são padronizados pela bitola dos seus pais ou dos professores.
    Novas gerações estão por aí, sem medo da cultura do medo e da autoridade perante a qual fomos colocados.
    A culpa não é da falta de educação dos pais, porque então também em última instância seria da educação repressiva que receberam na família e na escola.
    P-Á-R-EM P-A-R-A P-E-N-S-A-R U-M P-O-U-C-O N-O M-O-DE-L-O D-E H-O-M-E-M E D-E S-O-C-I-E-D-A-D-E Q-U-E E-S-T-E P-A-R-A-D-I-G-M-A E-D-U-C-A-I-V-O E-S-T-Á A P-R-O-D-U-Z-I-R, E R-E-C-O-N-H-E-Ç-A-M Q-U-E N-Ã-O H-Á C-R-I-M-E N-E-M V-I-O-L-Ê-N-C-I-A A-L-G-U-M-A Q-U-E D-I-S-P-E-N-S-E A I-N-S-T-R-U-Ç-Ã-O C-O-M-O C-O-N-D-I-Ç-Ã-O D-E B-A-S-E.
    Então, onde falha a Educação formatada por este «sistema»?
    Falta reflectir este problema para partir em busca da solução.

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  7. EI ,,, Como é que tiveste tempo???
    Eu vou à inspecção... amanhã...devia era ir para o sol como tu..bjs

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  8. Anabela, o texto supra faz referência a um encontro realizado em Valência no ano de 2006, mas está perfeitamente actual.
    Beijinhos :))

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  9. Arranjei, Tiza, nem sei como... digo-te é que não tinha uma tarde como a de ontem faz muito tempo!
    E também te digo que preciso de mais.

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  10. Obrigada pela informação, Fátima.
    Beijoquinhas para ti.

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  11. O texto foi retirado do Público, 10.11.2006 - 13h51, citando a Lusa

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