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terça-feira, 17 de novembro de 2009
Filosofar é dizer sim?
Filosofar é dizer sim?
Pode ser que seja, em condições específicas, mas o sim sistemático jamais poderá ser um sim filosófico. Porque esse é o sim reservado aos rebanhos. Porque esse é o sim reservado aos acéfalos.
Hoje debatiamos na aula de Cultura Portuguesa, o facto de em Portugal não haver filósofos que se destacaram na história... Existem sim, pensadores, mas não passam disso.. O porquê de não criarem um estrutura, de criaram uma teoria, ao invés de divagarem oralmente. Existe algum problema com Portugal? Num encontro de professores de filosofia em Lisboa há aqui um tempo atrás, alguém dizia que a «saudade» é algo inexplicável e que só Portugal a coloca em análise. Mas não sabe criar uma estrutura, um modelo que a sustente. Vem um inglês e diz, então se não sabemos o que é, para que queremos falar nela? Há necessidade de repensar a filosofia e não copiar modelos estrangeiros. Não seremos, capazes, de criar os nossos próprios modelos, a tal estrutura que ainda ninguém foi capaz de conseguir estruturar...
O nível discursivo que possibilita a expressão das ideias sobre um determinado objecto em análise é múltiplo. Poderei abordar superficialmente um tema, mas a sensatez impedir-me-á de o fazer. É um facto óbvio de que serei ou seremos mais facilmente tentados a concordar com o nosso interlocutor se este for um especialista no assunto que desconhecemos. A ausência de conhecimentos é escrava de um “Sim” redutor, unidimensional. Tal como o “Não” impensado e irreflectido. Nenhum dos dois é ou acompanha o nível elevado da indagação, curiosidade e insatisfação filosóficas. Temos, portanto, um “Sim” e um “Não” a-filosóficos. Epidérmicos e cativos da pobreza de espiríto de quem os carrega. Por outro lado, perceber com sagacidade a importância do “Sim”, equivale a aprofundar as razões ontológico-filosóficas do “Não”. ´Por cada “Sim” automático das multidões, há um “Não” que resiste. Os “ismos” são apanágio do homem incapaz de se assumir como alteridade. O “sim” da mesmidade nunca potenciou a evolução. Daí o papel inconformista do “Não”. Não ao preconceito, ao dogma, ao ditador ou à ditadura, à falsa doxa. Não ao “espírito de camelo” a que se referia Nietzsche. Gosto do “Sim” esclarecido, fundamentado racionalmente. Profundo. Mas este derivará de inúmeros “Nãos” prévios. O “Não” pode ser conclusivo, mas também premissa. Ponto de chegada ou momento de partida. Ruptura e construção. Ao pensamento divergente, criador e criativo interessará captar os seus fundamentos. A celeuma que hoje, na ESA, causou o “Não” do cartaz, dá-me a medida dos “sins” que pairam em Portugal…. E quem não tem “umas tintas de Filosofia”, dedique-se à pastorícia….onde encontrará um rebanho pronto a prestar vassalagem. “(…) Sei que Nâo vou por aí!” José Régio
Importa dizer que a actividade do Grupo de Filosofia programada para o dia 19 é muito interessante. Sob a designação "Quando a Filosofia bate à porta", os alunos, em grupos de 3 elementos, deslocar-se-ão a salas, cujo professor autorizou, e a filosofia entrará, sobretudo, nas turmas daqueles que nunca tiveram filosofia. O que farão? Dependendo dos seus interesses lerão uma citação de um filósofo, uma máxima de um escritor, mostrarão uma pintura, um cartaz ou um objecto criado por eles e...mais Não direi. Aguardarei.
Pronto a Elsa C. apontou Delfim dos Santos como um filósofo português. Já fiz uma pesquisa e há quem considere também Agostinho da Silva. Independentemente do estatuto, são pensadores e marcantes no panorama intelectual português. A questão levanta-se quase sempre ao nível do reconhecimento e influência além-fronteiras.
Aprendi que filosofar é questionar de forma saudável; é combater o status quo; é abalar as estruturas; procurar respostas que levem a novas questões para evitar a estagnação...Logo a recusa torna-se inevitável para surgir desenvolvimento e progresso... Pena é que haja quem veja determinados "Nãos" como um ataque pessoal e não como uma crítica construtiva. Xi corações
PS Sempre amei Filosfia e devo-o muito à Excelente professora Emilia Barros.
Lindo, Elsa! O texto carregado de razão e o que me deixas antever da programação para o dia. Parabéns! Continua a ser uma honra ter-te como colega de profissão e, ainda mais importante, como amiga!
Sim, Laurita, filosofar é tudo isso! E aprendemos tudo isso com a grande Emília Barros! Provavelmente a professora mais excepcional de todas/os que tive em todo o meu percurso escolar!
Hoje debatiamos na aula de Cultura Portuguesa, o facto de em Portugal não haver filósofos que se destacaram na história... Existem sim, pensadores, mas não passam disso.. O porquê de não criarem um estrutura, de criaram uma teoria, ao invés de divagarem oralmente. Existe algum problema com Portugal? Num encontro de professores de filosofia em Lisboa há aqui um tempo atrás, alguém dizia que a «saudade» é algo inexplicável e que só Portugal a coloca em análise. Mas não sabe criar uma estrutura, um modelo que a sustente. Vem um inglês e diz, então se não sabemos o que é, para que queremos falar nela?
ResponderEliminarHá necessidade de repensar a filosofia e não copiar modelos estrangeiros. Não seremos, capazes, de criar os nossos próprios modelos, a tal estrutura que ainda ninguém foi capaz de conseguir estruturar...
Reflictam!
ResponderEliminarO nível discursivo que possibilita a expressão das ideias sobre um determinado objecto em análise é múltiplo. Poderei abordar superficialmente um tema, mas a sensatez impedir-me-á de o fazer. É um facto óbvio de que serei ou seremos mais facilmente tentados a concordar com o nosso interlocutor se este for um especialista no assunto que desconhecemos. A ausência de conhecimentos é escrava de um “Sim” redutor, unidimensional. Tal como o “Não” impensado e irreflectido. Nenhum dos dois é ou acompanha o nível elevado da indagação, curiosidade e insatisfação filosóficas.
ResponderEliminarTemos, portanto, um “Sim” e um “Não” a-filosóficos. Epidérmicos e cativos da pobreza de espiríto de quem os carrega.
Por outro lado, perceber com sagacidade a importância do “Sim”, equivale a aprofundar as razões ontológico-filosóficas do “Não”.
´Por cada “Sim” automático das multidões, há um “Não” que resiste. Os “ismos” são apanágio do homem incapaz de se assumir como alteridade. O “sim” da mesmidade nunca potenciou a evolução.
Daí o papel inconformista do “Não”. Não ao preconceito, ao dogma, ao ditador ou à ditadura, à falsa doxa. Não ao “espírito de camelo” a que se referia Nietzsche.
Gosto do “Sim” esclarecido, fundamentado racionalmente. Profundo. Mas este derivará de inúmeros “Nãos” prévios.
O “Não” pode ser conclusivo, mas também premissa. Ponto de chegada ou momento de partida. Ruptura e construção. Ao pensamento divergente, criador e criativo interessará captar os seus fundamentos.
A celeuma que hoje, na ESA, causou o “Não” do cartaz, dá-me a medida dos “sins” que pairam em Portugal….
E quem não tem “umas tintas de Filosofia”, dedique-se à pastorícia….onde encontrará um rebanho pronto a prestar vassalagem.
“(…) Sei que Nâo vou por aí!”
José Régio
Importa dizer que a actividade do Grupo de Filosofia programada para o dia 19 é muito interessante. Sob a designação "Quando a Filosofia bate à porta", os alunos, em grupos de 3 elementos, deslocar-se-ão a salas, cujo professor autorizou, e a filosofia entrará, sobretudo, nas turmas daqueles que nunca tiveram filosofia. O que farão? Dependendo dos seus interesses lerão uma citação de um filósofo, uma máxima de um escritor, mostrarão uma pintura, um cartaz ou um objecto criado por eles e...mais Não direi. Aguardarei.
ResponderEliminarPronto a Elsa C. apontou Delfim dos Santos como um filósofo português. Já fiz uma pesquisa e há quem considere também Agostinho da Silva.
ResponderEliminarIndependentemente do estatuto, são pensadores e marcantes no panorama intelectual português. A questão levanta-se quase sempre ao nível do reconhecimento e influência além-fronteiras.
Aprendi que filosofar é questionar de forma saudável; é combater o status quo; é abalar as estruturas; procurar respostas que levem a novas questões para evitar a estagnação...Logo a recusa torna-se inevitável para surgir desenvolvimento e progresso... Pena é que haja quem veja determinados "Nãos" como um ataque pessoal e não como uma crítica construtiva.
ResponderEliminarXi corações
PS Sempre amei Filosfia e devo-o muito à Excelente professora Emilia Barros.
Lindo, Elsa! O texto carregado de razão e o que me deixas antever da programação para o dia.
ResponderEliminarParabéns! Continua a ser uma honra ter-te como colega de profissão e, ainda mais importante, como amiga!
Eu sempre fui uma ovelha negra...logo...
ResponderEliminarSim, Laurita, filosofar é tudo isso!
ResponderEliminarE aprendemos tudo isso com a grande Emília Barros! Provavelmente a professora mais excepcional de todas/os que tive em todo o meu percurso escolar!
O pessoal da blogosfera é "ovelha negra"! Os carneirinhos estão em casa a balir mé mé todos baixinho, em coro afinadinho... kakakakaka
ResponderEliminarMerci, Anabela.
ResponderEliminarO prazer é recíproco. Que bom sentir-me "em casa", na "tua casa"!
Beijocas.
Bem sabes que sim, Elsa C., que estás at home!
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