Trolhices

Trolhices - Amarante

Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Trolhices

Habituei-me a pintar o interior da minha casa desde que tive a minha primeira. Os tempos eram outros, eram os inícios dos anos 80, os dinheiros não abundavam e eu sempre gostei de bricolagem. Desde então ganhei o gosto pelas pinturas de paredes, que mantive, independentemente dos meus rendimentos, até hoje, quase a dobrar os míticos cinquenta.
Quando há uma aberta no meu céu e o trabalho abranda na Escolinha, e a minha casa está a precisar de tinta branquinha nas paredes, lá visto o fato de trabalho, pego na tinta, nas trinchas e nos rolos e aí vai a pintora repor a ordem na casa.
Gosto de acção. Detesto pasmaceira. Não gosto de dar ordens. Gosto de fazer aquilo que me dá prazer e do qual eu não prescindo. Amo os processos de construção, os caminhos que se trilham para alcançar uma meta. Gosto mais dos percursos do que gosto das metas. E detesto paredes negras.
Vai daí, quando as vejo escurecer, começam-me a dar uns frenicoques que me impelem a actuar. Já foi assim na Sala de História, durante a paragem de Carnaval. Foi assim ontem e foi assim durante a tarde de hoje e a minha sala de estar, compartimento já intervencionado por mim, respira brancura e parece mesmo a aldeia da rouuuupa branca, rouuupa branca, roupa branca que o Sol a que ceu...
Amanhã sofrerei um metamorfose e virarei rainha da calceta... eheheh... que eu sou  pau para toda a colher, não é assim, Clap?
Amanhã embarcarei para a Barca... porque estou a precisar de descansar a mente.