quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Prospecção Familiar


Álvaro de Queiroz - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Prospecção Familiar

Hoje apresento o meu bisavô Álvaro de Queiroz, nascido em 1880, em S. Gonçalo, Amarante.
Lembro-me bem de ser miúda e de o ver, tão bem retratado numa pintura a óleo de pintor desconhecido, pendurado numa das paredes de casa do meu tio-avô Belchior, mas desconhecia por completo a história deste quadro e de como ele veio parar à minha família. Hoje soube-a, através de um primo segundo, Luís de Queirós, agora com 80 anos, filho do meu tio-avô acima referido.
Teixeira de Pascoaes, o Poeta, era cliente assíduo do Café-Bar, café aberto pelo meu avô Rodrigo e pelos seus irmãos Belchior e Ismael, algures por meados dos anos trinta. Teixeira de Pascoaes tinha mesmo uma chávena só sua no dito café, por onde bebia religiosamente o seu "doce veneno" para usar as suas palavras, expressamente tirado pela minha tia Maria José, tia a quem ele dedicou palavras doces e belas num dos seus inúmeros livros, intitulado "Duplo Passeio", de 1942.
O meu avô e os seus dois irmãos detinham também um negócio de carros de praça junto ao Café-Bar, na Praça de S. Gonçalo, e faziam o transporte para todas as casas das famílias nobres e fidalgas de Amarante e arredores, ainda habitadas à época. Hoje poucas destas casas permanecem habitadas pelos descendentes destas famílias que eu já mal conheci, mas tal não é o caso da Casa de Pascoaes.
Ora um dia, há muiiiitos anos atrás, estava o Poeta em S. Gonçalo quando se vira para o meu tio e diz-lhe "Belchior, estou sem dinheiro. Tu eras capaz de me levar a Pascoaes?"
Mas certamente que sim, com ou sem dinheiro, Doutor Joaquim... e o meu tio lá foi a Gatão fazer um serviço gratuito. Chegados ao Solar, o Poeta pediu-lhe para esperar, subiu as escadas que levavam aos seus aposentos, aqueles que eu visitei um dia destes e onde o meu irmão encontrou facturas de fretes escritas pelo meu avô, e voltou com um quadro a óleo, que ofereceu ao meu tio, ali mesmo, informando-o que o retratado se tratava do seu pai, Álvaro de Queiroz, que por ali andara em miúdo ajudando o pintor desconhecido com o cavalete, as telas e as tintas e que posara para o dito em pelo menos dois quadros: este que hoje fotografei, oferecido um dia por Teixeira de Pascoaes ao meu tio Belchior e um outro que permaneceu na Casa de Pascoaes até hoje e que um dia destes conhecerei.
A piada deste quadro, que retrata o meu bisavô, é que eu olho para ele e vejo... o meu irmão em miúdo... tal e qual! E isto é engraçado, não é?

19 comentários:

  1. Como é que o teu bisavô só nasceu 108 anos antes de mim?
    Parece-me pouco!

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  2. Ena! E é um belíssimo retrato!
    Se bem entendi, hoje não se sabe quem foi o pintor?
    Bj
    Bom Ano Novo, Anabela!

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  3. Ainda não tinha lido o que escreveste e ao olhar para a fotografia vi nela alguma coisa familiar. Os genes da família Queirós são fortes, perduram nas várias gerações.
    Bj
    Flora

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  4. Apresento-te o teu trisavô em miúdo, Inês! Igualzinho ao teu pai na mesma idade que até impressiona!
    Beijocas

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  5. É um belíssimo retrato, Margarida. A informação da autoria destas pinturas, tanto na minha família como na de Pascoaes, é que se trata de pinturas do pintor amarantino António Carneiro.
    Mas a assinatura não coincide! :(
    Digo eu...

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  6. A parte dos olhos e do nariz é impressionantemente parecida...
    O meu irmão já o viu?

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  7. Impressionante, Rui! Tanto sangue à mistura... tantos anos passados... e não é que ele volta na figura do meu irmão?! Saltou de finais do século XIX para meados do XX! Fabuloso! Eheheh...

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  8. Aviso já, antes de qualquer especulação que não sou a encarnação seguinte do meu bisavô!
    Eu cheguei a conhecê-lo e a visitá-lo ainda de muito tenrinha idade.
    JEQ

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  9. eheheh... não sei não... olhando para este retrato e tendo-te conhecido com esta idade... eheheh

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  10. Ah! E eu, mais novinha, não cheguei a tempo de o conhecer...

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  11. Engraçado que essas inicias ASC dava Amadeu de sousa cardozo

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  12. Mas Amadeo não pintava e não assinava assim...eheheh...
    Também não teria idade... Amadeo nasceu em 1887...
    E temos o Silva...

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  13. Pois, disse mesmo por causa da coincidencia

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  14. Coincidências ou aproximações... eheheh... este meu bisavô estava bem longe de se saber hoje tão falado na internet... eheheh... o que é isso de internet?!

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  15. Talvez fosse um muito jovem António Carneiro e assinasse assim, nessa época. Não sei, especulo eu "de que"... :))

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  16. Por vezes, com várias gerações de permeio, há "sósias" familiares assim.
    Ainda hoje me impressiono com uma tia bisavó, em retrato antigo. Nem a minha mãe a chegou a conhecer.Olhando é... a minha mãe, num vestido do séc. XIX.
    E nunca teve ninguém assim parecido/a com ela!

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  17. Pois não sei, Margarida, sei a informação que sempre circulou nas duas casas.
    Quanto à hereditariedade dos genes... aqui está ela para o comprovar estampada neste rosto e no rosto do meu irmão pela mesma idade...

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  18. Uma bela história, que agora a internet ajuda a perpetuar.
    Bom Ano de 2012 para ti e teus,Anabela, da parte de toda a "equipa" do "Alegrias e alergias"!
    :))
    Beijinhos

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