Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Já lhes dediquei várias postagens no meu blogue sem que assim os tenha apelidado, mas hoje apetece-me chamar-lhes parvalhões tristes.
Os parvalhões tristes são abundantes na nossa praça e, curioso, começam a notar-se de pequeninos, geração após geração, geração após geração... uma ponta de inveja aqui, uma ponta de despeito acolá, um gozo amesquinhante acoli, sem que esta corrente nojenta seja cortada, desligada, interrompida de vez, e para todo o sempre, aqui sobre solo português.
Os parvalhões começam a actuar desde novinhos, repetindo nojeiras já experimentadas por outros antes deles e é assim que, a cada passo, nos deparamos com parvalhões desde as mais tenras idades, no gozo reservado aos bons estudantes, aos cumpridores, aos responsáveis, aos que pretendem dar o máximo de si, e o dão, pelo prazer da caminhada, pelo prazer da chegada à meta.
Há alunos que sofrem pelo gozo parvo que os parvalhões tristes lhes reservam, dedicando-lhes mimos de engraxadores, graxas, escovas, betinhos, meninos da mamã e eu sei lá mais o quê, puxando-os continuamente para baixo, querendo fazer deles os medíocres que eles são, querendo fazer deles as nulidades que eles próprios são. Sempre que me deparo com esta situação, amiúde me deparo com a acção dos parvalhões na escola nas lágrimas a escorrerem cara abaixo, nas angústias a custo partilhadas, dou-lhes o meu exemplo, de resistente aos parvalhões e aos medíocres, de resistente às nulidades e às minhocas invertebradas, de resistente aos que nunca saberão a beleza do esforço máximo, o prazer sentido aquando do objectivo alcançado, a plenitude da duna subida com extremo esforço e desgaste, o silêncio feliz posteriormente alcançado, espampanante, espiritual, que se traduz numa consciência tranquila até dizer chega.
E digo-lhes que os parvalhões sempre tiveram sobre mim o efeito oposto ao pretendido muito embora continue, de quando em vez, a sentir-lhes os tentáculos querendo abafar-me, calar-me, silenciar-me, manietar-me. Mas, azar, eu nunca fui de me deixar intimidar e assim sendo prossigo o meu trabalho atrapalhando uns quantos mal formados, que os há em todas as gerações e profissões, qual praga, e integram a estirpe dos parvalhões tristes. Há variantes destes seres abjectos - há os parvalhões, os tristes, os parvalhões tristes, os songas, os mongas, os songa mongas, os moinas, os songas moinas...
Curioso.... alguns crescem e assumem postos de poder... daquele poder que não é nada e se resume a um zero à esquerda de tal forma são nulidades mas que os enche de ar balofo fazendo-os sentirem-se... como dizer... impunes? Alguéns?
Daí que seja muito importante crescer estando atento a eles e às suas rasteiras, aprendendo a identificá-los à distância, aprendendo a adivinhar os seus gestos, o que não é coisa fácil, eu sei, pelo menos enquanto se está em crescimento. Mas esse é o caminho, para ver se conseguimos erradicá-los definitivamente de solo nacional.
Porque os parvalhões tristes por vezes têm êxito, pelo menos sempre que se abatem sobre as suas presas transformando-as, por força da sua acção, em seus iguais. E assim sendo lá perdemos nós uma energia promissora, uma capacidade de trabalho invulgar, uma iniciativa que desponta, que, à conta de tanto gozo pela vida fora, se extingue para todo o sempre para não ter mais chatices.
O segredo está na robustez, na persistência, na resiliência, na verticalidade da acção, na coerência entre a palavra e o gesto, na verdade. O segredo está em cada um de nós que lhes faz frente.
É isto que eu procuro transmitir, também, aos meus alunos.
Infelizmente, os parvalhões fazem parte da biodiversidade da nossa sociedade e, claro está, das nossas escolas. Precisam de pulso firme. Mais tarde, agradecerão.
ResponderEliminarMulher de fibra!
Eheheh... a mim não me amedrontam eles. Os parvalhões, que tentam sistematicamente tolher os movimentos dos outros, devem ser "extintos", a bem do futuro deste país.
ResponderEliminarBeijinhos! Tu também és de fibra!
Boa malha Anabela!
ResponderEliminarÀs vezes não sei os que mais detesto, se os parvalhões ou os songas mongas.
Abraço
Eu abomino-os a todos, Bibónorte. E, engraçado, cada ano que passa mais a paciência se me esgota para estes invertebrados.
ResponderEliminarBeijocas!