sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Refugiados - A Palavra a Carolina Monteiro


Refugiados - A Palavra a Carolina Monteiro

É com orgulho que hoje transcrevo um texto de uma "miúda" de 16 anos sobre a fractura que está a acontecer pelo país, muito visível nas redes sociais, sobre o que fazer com os refugiados que estão a chegar à Europa, fugidos de países destroçados.
Só lhe faço uma correcção. O "factor idade" não lhe rouba credibilidade, pelo contrário, antes a acrescenta. É com enorme orgulho que hoje publico um texto que revela um pensamento bem estruturado que brotou de uma cabeça bem formada e de um coração generoso.
Muito obrigada, Carolina Monteiro! Mulheres bem formadas como tu fazem-me acreditar num futuro que ainda pode ser risonho...

"Provavelmente o factor idade, vai roubar credibilidade, aos olhos dos que abdicaram de 5 minutos do seu tempo, à minha opinião.
Na verdade, ao ouvir o que é dito nas redes sociais, muitas vezes por pessoas mais velhas, percebo que aos 16 anos já tenho a capacidade de ser um ser humano, capacidade essa que, diga-se já, parece ser cada vez mais escassa. 
Quando vi pela primeira vez a fotografia daquele pequeno rapaz, morto, embalado pelo mar e acolhido nas areias desta Europa tão desumanizada não consegui ter força, e numa questão de segundos desviei o olhar, devido à vergonha sentida por perceber que eu era mais uma figurante deste hediondo espetáculo que se desenrola diante nós e que se afasta cada vez mais do tão louvado final feliz. 
Milhares e milhares de pessoas, contentadas com a roupa que trazem no corpo, e sabendo da existência do risco de morrerem ao fugir da morte, procuram junto a nós uma vida melhor, uma vida onde ao saírem de casa não corram o risco de serem atingidos por fogo cruzado, onde ao perderem um filho de vista por uns minutos não signifique acabarem com o corpo dele estendido nos braços! 
E o que encontram??? Pessoas que os acusam de terrorismo, pessoas que os olham de lado, pessoas que os espancam e escorraçam, pessoas que só para não terem de ajudar se lembram pela primeira vez do vizinho que teve de ir dormir para o banco do jardim, do homem que se abriga da chuva e do frio debaixo de uma qualquer ponte, coberto por uns cartões podres.
Encontram humanos sem humanidade! 
Por favor, tentem colocar-se no lugar destas pessoas que fogem do inferno, e não façam com que o risco que correram seja em vão! 
Porque se algum dia precisarmos não vamos querer que nos corram a pontapé e nos deixem sem comida, sem teto, sem nada, não vamos querer que nos fechem as portas à única possibilidade de viver com toda a dignidade a que um ser humano tem direito."

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