Há, entre nós, professores, quem encare a sua profissão com um verdadeiro e genuíno espírito de missão que, o mais das vezes, nos leva a dar o litro e mais outro tanto pela Escola Pública sem olharmos à contabilização das horas gastas em trabalho de diversa índole, frequentemente a exceder e de que maneira! as 35 horas semanais.
Tem sido o meu caso e é neste registo que tenho exercido a docência, mesmo depois dos ataques deliberados e violentos, dirigidos à classe docente, encetados por aquela que eu não nomeio neste blogue e que continuaram no consulado de Nuno Crato e que, no final deste ano lectivo, atingiram, para mim, o nível abaixo da sarjeta, com a tutela do ministro Tiago Brandão Rodrigues, obrigando-me a redefinições necessárias e imprescindíveis na forma como encaro o trabalho, na forma como encaro a minha profissão.
O Estado, pela mão dos políticos que elegemos, devia comportar-se de forma irrepreensível. O Ministério da Educação, até pela nomenclatura que usa, mais irrepreensível deveria ser... mas, a verdade, é que está nos antípodas do asseio, do respeito, da ética.
Há mais de uma década que somos nitidamente vítimas de uma perseguição que foi por certo estrategicamente pensada e que nos ajuda a compreender os dias que correm.
Primeiro diabolizaram-nos, depois proletarizaram-nos, agora, em pleno período de férias dos professores, depois de uma luta sem paralelo na história do sindicalismo docente contra mais um roubo que, a efectivar-se, terá consequências até ao fim dos nossos dias e até para além deles se morrermos antes dos nossos cônjuges!, esvaziam-nos de uma função que foi pedagógica e que, a partir da porcaria, digo Portaria n.º 223-A/2018, passou a coisa, vamos chamar-lhe assim, administrativa.
Confesso que não se aguenta tamanha falta de ética com origem na tutela que nos devia tutelar, vá lá!, no mínimo! com asseio e com decoro. Os fins justificaram os meios e parece que era preciso decapitar a capacidade de luta demonstrada pelos professores portugueses... decapitando um direito inscrito na Constituição Portuguesa e que é o direito à greve. Vergonha. Profunda vergonha!
E, assim sendo, volto ao estupor do espírito de missão e às 35 horas de trabalho dos professores para partilhar uma decisão respeitante à profissão que escolhi para mim e que continua a apaixonar-me: o meu desempenho profissional, imbuído de espírito de missão, permanecerá intacto.
Permanecerá intacto... mas apenas dentro das 35 horas de trabalho semanais que é para o que sou (mal) paga. É que nem um minutinho mais.
E, por agora, é só isto.
Subscrevo na íntegra
ResponderEliminarJá somos duas.
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