Reflexão
Tenho andado a visitar as turmas do 9º ano, aos bocadinhos, na medida do possível, para que não fique nadinha por esclarecer acerca do rolo, emaranhado no sábado, durante a visita a Alcobaça e Quinta das Lágrimas, aqui por mais de uma vez focada. Já visitei três turmas, faltando-me agora apenas uma.
Há dois grandes pontos que registei durante as conversas que com eles mantive e que me merecem reparo e reflexão, pois atravessam as várias turmas visitadas qual espinha dorsal, e são altamente preocupantes, do ponto de vista da formação ética.
Ponto um - Os alunos estão muito zangados comigo.
E por várias razões, resultantes todas elas da capacidade de tresler ou do diz que disse, diz que foi, da capacidade de virar o bico ao prego, escapulindo-se das responsabilidades, e resultantes ainda dos estereótipos, enraizados já na generalidade da comunidade escolar, sobre os alunos de CEF. Combato estes estereótipos por todas as formas que sei. Aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui... e ali e acolá... que exemplos não me faltam! A capacidade de tresler e de virar o bico ao prego também.
Uma delas, já identificada em post anterior, é que me acusam de afirmar no meu texto que todos os alunos do 9º ano se portaram mal, com excepção dos meus oito jardineiros. Quanto a este ponto já fui bem clara, no primeiro texto que escrevi e no texto que escrevi ontem, em que mais não fiz do que transcrever excertos do primeiro, e espero mesmo não ter de fazer o tal do esquema, se bem que se for preciso fá-lo-ei, apenas porque não quero alunos com dúvidas.
Outra é que os alunos estão muito magoados comigo porque, pasme-se, eu os deixei ficar mal.
Não foram eles que se deixaram ficar mal a eles próprios com os comportamentos desadequados que tiveram, não foram eles que deixaram ficar mal os responsáveis do Mosteiro de Alcobaça que lhes franquearam as portas, não foram eles que deixaram ficar mal os professores que os acompanhavam, não foram eles que deixaram ficar mal a nossa Escola. Eu é que os deixei ficar mal ao relatar o sucedido. Porque o problema não está em ter acontecido o que aconteceu, o problema é ter-se sabido que aconteceu.
Ponto dois - Como é possível esta professora ter elogiado os alunos de CEF, de CEF!, e ter falado como falou dos alunos de 9º ano?
E aqui entra o estereótipo do "todo o aluno de CEF é aluno de segunda, ou de terceira", nem sei bem, porque associado sempre "a coisa não boa".
Tenho muitos textos espalhados neste blogue onde luto contra esta ideia generalizada entre a comunidade educativa, professores e alunos, que os alunos dos CEF são todos, sem excepção, uns bandidos e delinquentes.
É grande a minha experiência com estes alunos. São na generalidade mais difíceis, mas há gente impecável nestas turmas, gente a quem nunca tive de fazer um reparo, gente que até já teve direito a post neste blogue.
Não esquecer, pois, que os cursos de CEF têm gente dentro, pessoas de carne e osso como nós, que sentem, porque têm sentimentos, tal como nós.
E volto à pergunta - Como é possível?
Muito simples. Tanto quanto a esta professora lhe foi dado observar os seus alunos de jardinagem portaram-se de forma exemplar.
Tanto quanto a esta professora lhe foi dado observar, alguns alunos, não sei de uma dúzia, se duas dúzias ou mais, portaram-se miseravelmente dentro do Mosteiro de Alcobaça, criando um embaraço, uma decepção, uma vergonha e um sentimento de impotência impossíveis de calar.
Vamos deixar-nos de rodeios e chamar os bois pelos nomes. O esteriótipo que prevalece na sociedade é que os alunos de CEF´s de duas uma: ou estão-se a marimbar para a escola, sem aproveitamento escolar ou são deficientes. Custa a ouvir, mas é isto que infelizmente se passa. Depois, como é que alunos de CEF são elogiados, enquanto os sr.ºs doutores do ensino regular são difamados, de mau comportamento, mas quem é esta senhora para andar a falar mal de nós... Uma autêntica tempestade num copo de água, que serve muitas vezes para discutir com o professor das várias disciplinas e pimba, meia hora de aula foi ao ar... Bom não é!? Mas afinal quem se está a marimbar para o sistema ensino-aprendizagem? Mas afinal quem é que pode atirar a 1.ª pedra?
ResponderEliminarAi estes jovens! Crescam, não fisicamente, mas interiormente!
ResponderEliminarMenina Anabela!
ResponderEliminarLeio tudo o que a "menina" escreve e adoro! Já sabe disso ...
Mas, vou dar-lhe um conselho de "borlix": "Forget" ... "Forget" ...
Eles (quem sejam) até ficam a rejubilar com a tua preocupação, profissionalismo e aprumo.
Eu sou (talvez tenha sido mais) um pouco como "usted", "pero" ... "Ahora, tan poco".
Já foste ver o mar (ou deserto, tanto faz ...). Quando olhas bem lá no fim, que vês? O fim? Não.
Apenas o princípio.
Há mais coisas além do horizonte!
Parte para outra.
Solidária e preocupadamente ...
Um Xi!
Sim, Ricardo, estão associados a delinquentes, deficientes, bandidos, gente abaixo de cão. Também os há? Por certo, mas não são todos. O mesmo com os políticos. Há gente honesta, competente e trabalhadora lá pelo meio... temo é que sejam uma minoria...
ResponderEliminarQuanto a estas conversas entre mim e eles têm sido bastante produtivas e temos conseguido ultrapassar, juntos, algumas destas ideias pré-concebidas, espero eu. Ao alertá-los para tudo o que os tenho alertado espero dar o meu contributo, sincero, para a sua formação enquanto seres plenos, que pensam, reflectem, criticam. bem sei que a sociedade de hoje parece não aceitar muito bem isto...
Eu só posso falar por mim. Eu não me estou a marimbar para o sistema de ensino-aprendizagem, muito pelo contrário, que tem de passar pelo Saber Ser/Saber Estar.
Bj
Estás a pensar no que me vais dizer ...
ResponderEliminarNão vai ser coisa boa, de certeza!
:)))))
Tem dó de "moi".
Digo as coisas para o teu bem.
Um Xi!
Eu sei que é um conselho ajuízado, mas... não posso. É contrário à natureza de um escorpião que se preza... e eu prezo-me... e sou azul... kakakakaka
ResponderEliminarHoje não vi o mar e também não vi, fisicamente, o deserto, mas este último anda permanentemente dentro da minha cabeça e sim, é o princípio de tudo... principalmente da espiritualidade.
Os meus dizem que eu sou masoquista...
Afinal até chegaram cá todos inteirinhos, certo?
Certo. Eu é que não admito ser desrespeitada por alunos.
Porque achas que eu aguentei já 5 turmas de CEF e sobrevivi?
Pois, é isso, sou um osso duro de roer... kakakakaka
Bj
Olá professora!
ResponderEliminarComo está?
O meu irmão disse-me que a professora esteve na sala deles..como correu??
Porque será que eles(os que fizeram asneiras)não admitem o que fizeram e deixam de chatear os outros????
Beijos grandes
Sou um osso duro de roer... para o bem deles, claro!
ResponderEliminarE os meus alunos sabem isso.
Continuo de consciência tranquila. É assim que eu sei viver. E vivo muito bem. Que era da vida sem estes e outros momentos altos?
Já está. Já respondi.
Respondeu me a mim ou ao Sr.Rui???
ResponderEliminarEstou óptima, Laryssa! Hoje está sol, fui tomar o meu café entre amigos e conversei que me fartei, que esta vida não pode ser só taclado! kakakakaka
ResponderEliminarSim, conheci o teu irmão, um belíssimo rapaz por sinal...
Se sair à irmã é 5 estrelas por certo.
Lá estive na minha pregação, espero que não como St António aos Peixes. Espero ter sido útil. Espero rê-los levado à reflexão.
Todos cometemos erros. Mas há que os assumir, com humildade, e há que não sacudir a água do nosso capote espalhando a água sacudida pelos outros. Entendes-me?
Eu sei que sim, Linda. És novita mas uma rapariga muito madura e bem formada.
Beijocas e fica bem.
Onde se lê rê-los... kakakakaka... no coment anterior, deverá ler-se tê-los.
ResponderEliminarQue bom!!
ResponderEliminarBeijocas professora minha!
(Amanhã é o seu dia e o de todas as outras mães) (:
E o meu!
ResponderEliminarFui e sou mãe há 10 anos ...
Um Xi!
13? Este não ...
ResponderEliminarSai!
Um Xi!
Olá Anabela, cá estou de volta, sobretudo quando percebo que há injustiça e falta de civismo!
ResponderEliminarTu não és só um osso duro de roer, és uma PROFESSORA, na verdadeira acepção da palavra!És uma excelente profissional e um ser humano digno de respeito e admiração. Assim, penso que não deves continuar a desgastar-te com quem não sabe interpretar as palavras!!
Quero deixar-te uma frase de Augusto Cury que se aplica a ti:
"Os professores são heróis anónimos, meu amigo. Trabalham muito, ganham pouco. Semeiam sonhos numa sociedade que perdeu a capacidade de sonhar".
Sê o que sempre foste, amiga!
Beijinhos.
Pois é, Rui, também é o teu dia... vai daí tiro-te o meu chapéu!
ResponderEliminarBj
Muitíssimo obrigada pelas palavras de conforto que aqui me deixas, Teresa, que me deixam aconchegadinha na tua ternura.
ResponderEliminarSou apenas determinada, coerente, que diz o que faz e faz o que diz. E mais nada.
De resto reencontrarei o meu deserto durante o Verão para reconfirmar que apenas sou um pequeno grão que ajuda a compor o erg. Lá sou sempre reduzida à minha insignificância... e sou deveras feliz.
Anseio voltar.
Beijinho, Teresa.