sábado, 30 de junho de 2007

G.N.R.

G.N.R.

O Grupo Novo Rock formou-se em Setembro de 1980, no Porto, cidade à qual permaneceu ligado pelo coração. (Se dúvidas houvesse quanto a esta ligação afectiva elas ficariam desfeitas ao escutarmos "Pronúncia do Norte").
Com uma composição inicial diferente, a banda é, hoje em dia, formada pelo Grande Rui Reininho, vocalista, Tóli César Machado, bateria e Jorge Romão, baixo.
Tive oportunidade de assistir a um concerto dos G. N. R., na nossa vizinha cidade de Vila Real, aí pelos idos anos de 1986. Levei a J porque é de pequenino que se torce o pepino e assistimos a um Rui Reininho espectacular, em palco. Não voltei a ver os G.N.R. em concerto mas continuei a comprar os cd`s que foram saindo e as suas músicas continuam a acompanhar-me nas grande viagens! Letras como " Dunas", "Efectivamente" e "Popless" são letras que ainda hoje continuo a cantar de cor.
Gosto particularmente de Rui Reininho.
Passados todos estes anos continua irreverente e criativo. Aliás Rui Reininho sempre teve a criatividade a rebentar-lhe por tudo quanto era poro!
Como este país precisava de mais gente assim!

É que o tempo em Portugal tem estado tão cinzento e amaçador! E se por acaso e por azar se ouvem notícias ou se folheiam as páginas de um jornal... borrasca!...
Acho mesmo que vem por aí borrasca!

E não resisto a acrescentar: "Ao longe a barca louca perde o Norte."

Grupo Novo Rock - Tirana

Grupo Novo Rock - Tirana
Rui Reininho

Tirana é um lugar Quem sabe?
Difícil de encontrar
E tirar à sorte e dar
Avançar retirar
Tirana é uma menina Foi
Muito sedutora
Atirar à sorte P'ro ar
Sem o intuito de acertar
2x3=6 multiplicar somar
carne p`ra canhão
investir
3-2=1 é só subtrair
aprender a dividir para
poder reinar
depois
Tirana é só sofrimento Foi!
É ferida e unguento
Tirana é sincera
Mas só por um momento
Tirana é um bom nome Foi!
Para quem não sentiu fome
Se ela ainda te enganar
Não vais partir e podes cá ficar

Animais da Barca - Os Lagartos da Dianita


Lagarto - Barca - Aboboreira - Amarante
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Animais da Barca
Os Lagartos da D.

Mais um lagartito para a minha D. Antes que ela me chame de novo à pedra, como fez com o "post" sobre a sua turma, que sairá um dia, sem data e hora previamente marcadas.
É que estive a falar com ela no messenger e informei-a deste lagartito, que me parece que está mesmo a olhar para ela, com um olhar frágil, quase como quem pede um colinho bom!
Dás-lho, D?

sexta-feira, 29 de junho de 2007

O Mar e Tu

O Mar e Tu

Sendo eu um animal terrestre não deixo nunca de apreciar o mar. Continuo com a voz belíssima de Dulce Pontes que desta vez se juntou à excepcional voz de Andrea Bocelli. Momentos de rara beleza também proporcionados pelo vídeo clip que me fizeram lembrar o deserto e o mar, a sua relação amorosa e o texto que escrevi " suis je?" sobre a minha praia no deserto.

Muros e Flores





 Muros e Flores - Barca - Aboboreira - Amarante - Portugal
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Muros e Flores

Os meus muros, talvez reconhecidos pelos carinhos que lhes vou dispensando ao longo do ano, continuam a brindar-me com explosões de cor super variadas.
Domingo passado, foi dia de limpeza dos ditos. Pela segunda vez feita, desde o começo da Primavera, limpei-os. Não é normal as ervas e as silvas crescerem tanto, mas este ano continua anormalmente chuvoso e é ver os silvados florescerem descontrolados, quais políticos neste jardim à beira-mar plantado! Estripados de ervas daninhas e silvados, os meus muros, na quarta-feira, estavam esta beleza comprovada pelas fotografias que ilustram este "post".
A Natureza mais não faz do que seguir o comportamento dos homens. Se te esforças por espalhar coisas boas à tua volta recebes isso mesmo de volta das pessoas que te rodeiam. Se pelo contrário fomentas as discussões, as invejas e os ódios receberás isso em troca.
Ora com a Natureza passa-se exactamente a mesma coisa e a única coisa que faço é eliminar as plantas indesejáveis para deixar florir em todo o seu esplendor todas as que me interessam. E faço isso também com as pessoas. Arranco da minha vida as ervas daninhas. E os meus muros brindam-me com cachos e cachos de flores diversas. E os meus amigos brindam-me com lembranças sem fim. Obrigada Helder, pelas boas conversas que temos tido. Obrigada, Helder, pela prenda tão apropriada de um Tchador e pelo incentivo para uma próxima ida ao Irão. Obrigada, Carlos Afonso, pelo apoio a esta "autora" que por acaso é também uma "velha" amiga.
Já aqui postei este muro vestido de flores rosa e de flores brancas. Chegou a vez das flores roxas, amarelas e ainda rosa forte, em múltiplos cambiantes.
Como eu gosto.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Ainda os meus CEFs


Rosa Vermelha Digitalizada

Ainda os meus CEFs

Continuo a leccionar Cidadania e Mundo Actual aos meus serralheiros e aos meus electricistas. E a manhã de hoje não fugiu à regra... foi mais uma manhã de aulas.
Quanto aos meus carpinteiros, agora que já se viram livres de mim, rodeiam-me sempre que me vêem na escola, e enquanto me dirijo à sala de professores dizem-me que já estão com saudades minhas! Hoje dois deles fizeram mais. É que nem me deixaram sair do carro... abriram-me a porta, nas caras sorrisos escancarados, e ofereceram-me esta rosa vermelha que fica postada neste blogue, para sempre viva e viçosa.
Gargalhei logo pela manhã. Dia bom, este!
O relacionamento entre nós, professores, e estes alunos dos Cursos de Educação e Formação, passa muito pela afectividade e pelos laços de amizade que com eles conseguimos estabelecer.
Confirma-se... decididamente estamos no bom caminho!
Obrigada P. Obrigada T.

Sangue



Sangue

Já aqui falei da importância de ser solidário. Ao longo da nossa vida podemos ser solidários de múltiplas maneiras, umas mais significativas do que outras. A dádiva de sangue é sem dúvida importante e significativa do ponto de vista de quem necessita dela e a recebe, quantas vezes, em situação de vida ou morte. Do ponto de vista do dador é igualmente significativa, e falo por mim, porque passamos a gostar mais de nós próprios e, consequentemente, a ser mais felizes no nosso dia-a-dia. E afinal o que é "perder" umas horas de uma manhã de sábado se podemos contribuir para a manutenção de uma vida?

Tive uma formação humanista ao longo da minha vida e consegui contribuir para a formação humanista da minha filha que, estando prestes a acabar o seu curso na área de saúde, se vai socorrer, amiúde ou mesmo sempre, desta formação, ao longo da sua vida profissional e pessoal. Aliás, rendo-lhe de novo, neste blogue, as minhas homenagens. Sou dadora de sangue graças a ela, a ela que tem sido sucessivamente recusada ou porque não tem peso, ou porque tem valores de hemoglobina muito baixos, mas que continua a insistir e a não desistir de também ela se transformar em dadora de sangue! E que me deixou babada, babada quando um dia destes me disse que tinha orgulho em mim... por eu ser dadora de sangue!

E eu tenho muito orgulho nela mesmo que ela nunca o consiga ser!

E vem tudo isto a propósito da mensagem que recebi no meu telemóvel.

Dia 30/06/2007 das 09:00 às 12:30 contamos com a sua dádiva de sangue em : Escola E.B. 2/3 de Amarante.

Obrigado

IPS-Porto

Evidentemente, lá estarei!

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Aventuras na Cozinha


Cozinha e Cozinhados - Sahara Ocidental
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Aventuras na Cozinha

Hoje volto à carga. Hoje volto à cozinha e aos cozinhados. Desta vez para dizer que adoro esta minha cozinha situada algures perto de Tarfaya, no Sahara Ocidental, que o Youssef se encarrega sempre de dizer que é Marrocos. (Para quando este problema, já com barbas, resolvido?)
Adoro o isolamento e a beleza do sítio, adoro "cozinhar" no deserto a ver o mar, adoro não estar confinada a paredes por mais transparentes que sejam...
E adoro fazer a minha especialidade que é deitar água na panela para "cozer" umas latas de comidas variadas, que no fim saem sempre bem e que saem sempre iguais a si próprias. E aqui não há lugar a surpresas desagradáveis! É só confirmar, no acto da compra, os respectivos prazos de validade!
O sítio por si só já constitui alimento, neste caso alimento para a alma, ou para o espírito ou lá o que é!, e deixa-nos satisfeitos e felizes no final de mais uma refeição partilhada entre amigos, que se sentam ou deitam no chão, e que, sem stresse, vão comentando isto ou aquilo, este ou aquele episódio da viagem, este ou aquele projecto de vida.
Dias felizes de Verão passados à volta de uma cozinha! Também os há, mesmo para mim!

terça-feira, 26 de junho de 2007

Tosquia


Tosquia - Ouarzazate - Marrocos
Fotografias de Artur Matias de Magalhães

Tosquia

Hoje foi dia de tosquia. Desde os meus trinta anos que cumpro religiosamente o ritual de entregar o meu cabelo à máquina que me dá cabo do pelo!
Nunca tive paciência para idas à cabeleireira. E desde que me lembro sou assim. A maioria das minhas amigas delira entregar-se às mãos de uma cabeleireira ou cabeleireiro e relatam-me experiências deliciosas de lavadelas de cabeça, ensaboadelas atrás de ensaboadelas, massagens no couro cabeludo, realização de madeixas super demoradas, pinturas de cabelos, colocação de rolos para fazer caracóis, esticadelas de cabelo para desfazer os caracóis... chegam até a dizer-me que relaxam de tal maneira que adormecem em pleno salão. Pois eu só se adormecesse de tédio! Sempre considerei o tempo passado na/o cabeleireira/o como um tempo perdido, uma seca e nunca me deu para relaxar em tal sítio.
Com o tempo aprendi a dar a volta a esta questão e quase eliminei essas perdas de tempo e de vida que eu sempre considerei monumentais.
Assim, de tempos a tempos, vou à tosquia e em dez minutos resolvo a questão. Nem chego a irritar-me porque não tenho tempo. E assim quase apaguei da minha vida um tempo de que não gosto.
Em Amarante continuo a ir à cabeleireira cortar o cabelo com máquina, mas onde gosto mesmo de ir é ao barbeiro! Os barbeiros estão mesmo mesmo calhadinhos para este tipo de corte e têm toda a teoria da prática e só não frequento um aqui em Amarante porque não há nenhum à porta de minha casa. E como há cabeleireira...
A fotografia que ilustra este post foi tirada no barbeiro do Youssef, em Ouarzazate, em cujas mãos/máquina me entrego, anualmente, deliciada.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Aventuras na Cozinha


Cozinha - S. Gonçalo - Amarante - Portugal
Fotografia de Eugénio Queiroz

Aventuras na Cozinha

As minhas aventuras na cozinha começaram logo após o meu casamento. Devo informar desde já, e para que fique bem claro, que não sou uma completa nulidade na cozinha. Sei fazer umas batatas cozidas, que segundo a minha sogra são as melhores de todas as que ela já comeu, sei fazer um arroz, que faço em três tempos, sei fazer um assado... mas devo confessar que não gosto de cozinhar. Acho até que é por isso que muitas vezes me acontecem coisas estranhas e estapafúrdias que não acontecem a mais ninguém.
Depois de me casar resolvi, não raras vezes, surpreender o Artur com os meus dotes culinários aplicados à doçaria. E foi ver-me a atacar as receitas de bolos e doces para trás e para a frente.
Não sei explicar o que se passava mas os bolos ou não cresciam, ou ficavam crus, ou não descolavam das formas, ou...
Em desespero de causa resolvi comprar um bolo daqueles que se compram em pacote e que é só juntar água e pouco mais, convencida de que, finalmente, a receita seria infalível. Qual quê?! Parece que estou a ver o bolito dentro do forno a crescer, a crescer, lindo de morrer, parecia até que se estava a rir para mim... e ao sair do forno não é que o dito murchou, murchou até ficar uma película fina, agarrada à forma, que foi preciso arrancar de espátula?!
Desisti.
Passados todos estes anos, eu e a cozinha continuamos a ter um problema de incompatibilidade. E devo confessar que, por agora, estou resignada, completamente resignada e sem vontade de o solucionar!
E se a Joana está a fazer um bolo e eu entro na cozinha ela estica-me imediatamente o dedo e diz "Rua daqui para fora". É que eu posso provocar uma corrente de ar ou lançar um mau olhado e estragar até a doçaria de terceiros!
Nota - E este post esteve completamente engalinhado. Aconteceu-me mesmo uma coisa inédita que foi ter cortado as duas fotografias iniciais que o ilustravam e elas continuarem a aparecer impávidas e serenas no blogue. E depois de desligar tudo, mesmo o computador, voltei a abrir o blogue e nada de aparecer postagem! No mínimo esquisito! Deve ter sido mau olhado! Naturalmente meu!
E nota mesmo final... a minha filha apareceu aqui a cuscar o que eu estava a fazer e deu boas gargalhadas a relembrar as minhas aventuras na cozinha.
Assim sendo, para que é que ela precisa de uma mãe normal?

domingo, 24 de junho de 2007

Aveia


Aveia - Barca - Aboboreira - Amarante - Portugal
Fotografias de Anabela e Artur Matias de Magalhães

Aveia

Ontem foi dia de enfardar a aveia que estava amontoada nos campos, protegida por plásticos pretos, por causa da chuva que parece não nos querer deixar.
Cultivar, neste país, é uma aventura. Ou se tem grandes extensões de terra produtiva e aí pode-se tirar algum rendimento, ou se cultivam parcelas para consumo próprio ou, como é o nosso caso, cultiva-se para que as terras permaneçam limpas e arrumadas, esperando que no final o prejuízo não seja muito elevado. Feitas as contas, entre fresar a terra, semear, cortar e enfardar a aveia, o prejuízo não foi muito elevado. E a terra mantém-se sem mato, limpa e arejada e assim permanecerá até à próxima cultura. E da próxima vez semearemos prado, depois de incursões ao centeio e agora à aveia.
Estamos ainda à procura da melhor cultura que alie uma estética agradável ao mínimo prejuízo.
E hoje foi dia de voltar aos muros. O dia esteve óptimo para trabalhar. Praticamente não esteve sol, a temperatura esteve suave e o nevoeiro a cada passo fazia incursões pela Barca não deixando sequer ver o meu jardim/bouça ali tão perto. Acabei mais uns metros de muro e pensei "Meu Deus, isto nunca mais acaba!".
É claro que não é por constatar que a tarefa é incomensurável que a vou abandonar... mas que tão cedo não a acabo, lá isso não acabo.

sábado, 23 de junho de 2007

S. João


Sardinhada - Essaouira - Marrocos
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

S. João

A 24 de Junho celebra-se a natividade de S. João Baptista. Primo de Jesus e seu contemporâneo, é considerado, pela religião católica, como um profeta. Para o Islão ele desempenha exactamente o mesmo papel, sendo o antepenúltimo dos profetas a vir à terra, imediatamente antes de Jesus e de Maomé. (Engraçado. A religião católica e islâmica têm mais semelhanças do que aquilo que parece.)
S. João Baptista, imediatamente associado por todos nós ao baptismo de Jesus, no rio Jordão, é igualmente associado à história macabra da sua morte. Morreu em 26 d.C., decapitado, sua cabeça servida em bandeja de prata, o seu corpo posteriormente queimado e associado para sempre à figura feminina, e como tal perigosa, da bela Salomé.
As festas litúrgicas, populares e pagãs de S. João celebram-se na noite de 23 para 24 de Junho em vários pontos do país. As mais célebres são as de Braga e sem dúvida as do Porto. Esta noite vai haver manjericos com quadras populares, martelinhos e alhos porros, cascatas e cascatinhas, saltos sobre fogueiras, balões de S. João, sardinhas assadas e caldo verde.

Associarei para sempre as festas populares às cascatinhas que fazia em miúda, aqui na Rua da Cadeia, à porta de casa dos meus avós, Rodrigo e Luzia. (Hoje, quando passar à porta de casa deles, vou-me ver, miúda, de mão esticada, na pedinchice. E vou ver a minha cascatinha, bonita, de S. João.) A minha avó tinha um quarto escuro, interior, que estava sempre fechado e que ela só nos abria em ocasiões especiais. A dos santos populares era uma delas. E era uma emoção. Do quarto escuro saíam santos e mais santinhos com que nós fazíamos as cascatinhas.
O objectivo da minha cascatinha era sempre o mesmo. Juntar todos os tostões possíveis e imaginários e no fim do peditório descer a rua, a correr, entrar no Alcino dos Reis e comprar o maior pacote possível de Suspiros, dos famosos Suspiros do Alcino que fazem parte das memórias de qualquer miúda/o amarantina/o da minha idade.
E associarei para sempre o S. João às sardinhadas que se fazem ano após ano, nesta noite tão especial. Hoje não falharei a tradição. Espera-me uma sardinhada em Fregim.

P.S. - Lá fui abordada em plena rua por miúdos "Dê-me um tostãozinho para a cascatinha que é tão linda e perfeitinha!"
O problema é que já nem há tostões, nem tão pouco suspiros do Alcino dos Reis!
Mas enfim, ainda temos cascatinhas... e miúdos a pedir!

sexta-feira, 22 de junho de 2007

O essencial


Luas - Barca - Carvalho de Rei - Amarante - Portugal
Fotografia de Artur Matias de Magalhães
 
 
O Essencial


"... Vou dizer-te o meu segredo.
É muito simples:
só se vê bem com o coração,
O essencial é invisível para os olhos."


in "O Principezinho" de Antoine de Saint-Exupéri

Ser Grande


Luas - Barca - Carvalho de Rei - Amarante - Portugal
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Ser Grande

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.


in "O Rosto e as Máscaras"
Fernando Pessoa

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Où suis je?


A Minha Praia no Deserto - Dakhla - Sahara Ocidental
Fotografias de Artur Matias de Magalhães

suis je?

Arredores de Dakhla. O deserto encontra-se com o mar.
São duas massas enormes, gigantescas, infinitas que, como dois amantes, se fundem e misturam sem jamais se anularem.
Em Dakhla, onde o deserto vem morrer no mar e o mar vem morrer no deserto, não podemos deixar de comparar estas duas entidades tão diferentes e ao mesmo tempo tão semelhantes. Duas massas vivas, uma líquida, outra sólida.
A primeira vai do azul ao verde em infinitos cambiantes. A segunda do branco ao castanho passando pelo amarelo, rosa, laranja e vermelho, igualmente em infinitos cambiantes.
As duas sempre em movimento. A cada dia diferentes. Ora se retraem, ora se agigantam.
As duas em ondulações ora suaves, ora violentas.

Sou um animal terrestre.

Adoro estar no deserto. Adoro estar no deserto a ver o mar.
O deserto é para estar. O mar é para contemplar.
E adoro esta praia infinita, isolada e deserta.
E adoro este silêncio que se ouve.

Où suis je?
Evidemment dans le paradis.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Aveia

Aveia - Barca - Aboboreira - Amarante
Fotografias de Artur Matias de Magalhães

Aveia

Estas fotografias são do penúltimo sábado e foram tiradas depois do corte da aveia, nos campos da Barca.
Mesmo depois de derrubada, a aveia permanece bela e a sensação de leveza, experimentada há já algum tempo, mantém-se.
A aveia, assim penteada, trouxe-me à memória o cabelo da Mariza. Pela cor e pela ondulação.
A aveia, assim iluminada, pela luz do fim da tarde, permanece leve, leve.
Assim permanecessem sempre os nossos corações.

terça-feira, 19 de junho de 2007

A Nossa Sensibildade


Reflexo - Barca - Carvalho de Rei - Amarante - Portugal
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

A Nossa Sensibilidade

"Sofremos mais hoje que as gerações passadas porque o estímulo da maquinaria, da multidão, da coisa impressa e do barulho desgastou os tecidos protectores dos nossos nervos. Há compensações: esta sensibilidade em carne viva ergue-nos a uma subtileza de percepção e de coordenação nervosa e muscular que somos capazes de fazer coisas absolutamente impossíveis aos homens primitivos e mesmo aos medievais. Ficamos na situação dos músicos, cujos "ouvidos educados" os fazem sofrer com todos os sons que não sejam harmónicos: esses músicos pagam o crime da sensibilidade excessiva e possuem os defeitos das suas virtudes. Mas pensam lá eles em perder tais dons em troca de se livrarem dos sofrimentos consequentes? Não há homem moderno que queira desistir de uma sensibilidade que, se duplica o sofrimento, também multiplica os prazeres.
Will Durant, in "Filosofia da Vida"

Só posso estar inteiramente de acordo com as palavras de Will Durant acima transcritas.
Sensibilidade. A nossa sensibilidade deve ser apurada, cultivada, alimentada e aperfeiçoada ao longo da nossa curta ou longa vida. Mesmo se isso implica sofrimento. Porque também implica alegria, felicidade e múltiplos prazeres. E não nos podemos dar ao luxo de perder o que já conquistamos. Sensibilidade.
Nota - E só agora reparei que hoje estou muito a preto e branco. E cinzento. Para variar. Deve ter sido do velório. E da minha sensibilidade!

Velório


Fotografia de Família - Régua

Velório

Passei a tarde de ontem no velório da minha tia Graça, uma das muitas irmãs da minha mãe. De oito irmãos restam agora três. De sete raparigas e um rapaz restam agora três irmãs. Nada de especial. Nada que não aconteça em todas as outras famílias. Mortes. Nascimentos. A uns sucedem-se os outros. Lei da vida. E a vida renova-se. Não existe um momento sem o outro. E se a passagem do tempo é democrática e igualitária, a morte também o é. Não nas circunstâncias, mas não é isso que me interessa, isso são simples acessórios, mas no fim, em si mesma.
A família da minha mãe acusa a mudança de mentalidade dos portugueses durante todo o século XX. Os meus avós tiveram oito filhos. Destes, três não tiveram qualquer descendência, três deles tiveram dois filhos, um teve três filhos e um apenas um filho. A vida tornava-se mais complicada para todos, mais exigente, as mulheres ingressavam no mundo do trabalho, deixavam de ser domésticas e era pois complicado ter proles assim tão numerosas.
Somos pois dez primos, do lado da minha mãe, do lado da Régua. E atendendo ao número de filhos que os meus avós tiveram até somos bem poucos.
Ontem tive a oportunidade de rever alguns e dizer as frases do costume "Só nos encontramos nestas alturas". Altura para interiorizar que o meu primo mais velho já está sexagenário e há vários que estão à bica. Não é o meu caso que estou "só" quase cinquentona. Mas também, mais novo que eu, só há um primo, igualmente quarentão.
Oportunidade para interiorizar que, de todos os netos, somente dois herdaram a cor dos olhos do meu avô materno. Azul. E este é o meu avô responsável pelo meu nome esquisito, Pilroto, nome estrangeiro que ele herdou do seu pai ou do pai do seu pai, pelo que sei um galego anterior que se fixou na Régua.

Oportunidade para relembrar as viagens mensais da minha infância à Régua, por uma "estrada" curvilínea e estreita, em macadame, que me provocava enjoos sem fim.

Oportunidade para rever a minha tia Graça, agora infelizmente já sem vida, e que eu sempre associarei a boa disposição e delicioso bolo de prata com coco.
Até já, querida Tia Graça!

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Sarkozy

Sarkozy

Para quem não viu. Mesmo para quem viu... e se quer certificar de que isto é real.

Exames Nacionais

Os exames nacionais começaram hoje com o exame de Português ou, para ser mais correcta, com os vários exames de Português. Porque ele há Português A, Português B, Exame de Equivalência à Frequência de Português...
Bem, a história repete-se. Alunos nervosos, outros nem por isso, alunos que iniciaram agora os exames e que só acabarão lá para Julho, outros que iniciaram e acabaram hoje mesmo.
Estive com a Patrícia e a Dolores, minhas ex-alunas e aproveitei para lhes desejar bom trabalho e boa sorte porque também é preciso uma boa dose dela. Vi o Luís no último piso, vi a Catarina a subir as escadas, mas nem cheirei a Joana, a Alice...
Aproveito o meu blogue para desejar a todos um bom trabalho e que consigam alcançar os objectivos que desejam. Agora estes. Depois outros.

domingo, 17 de junho de 2007

Caminhos



Caminhos - Barca - Carvalho de Rei - Amarante - Portugal
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Caminhos

Os meus caminhos da Barca, hoje, estavam assim.

O da primeira fotografia é o tal que foi todo refeito por mim.
Sentia-o agressivo, a chamar muito a atenção sobre si próprio, muito óbvio, muito aqui estou eu. Dei-lhe cabo do canastro e reduzi-lhe o impacto ambiental. Está agora um caminho mais doce, mais integrado na paisagem, mais discreto. Aproveitei a grande pedra que se escondia por baixo da terra e das ervas e integrei-a no próprio caminho. Nada que já não tivesse feito anteriormente. Aproveito sempre a penedia que se encontra dispersa pelo jardim para construir os meus percursos/caminhos da Barca.
Esta última chuva ajudou. Deixou-o de alma lavada. Associei-o a mim. No deserto. De alma lavada.
Hoje aproveitei para o observar com o distanciamento possível de uma semana e para me certificar de que o dito estava bem, estava como eu queria. Achei-o catita. E agora é só continuar.
O da segunda fotografia é um caminho que já tem dois anos. Grande parte foi feito com a ajuda do meu pai e este foi o único caminho da Barca que não foi integralmente feito por mim. Já estabilizou e compactou com a passagem do tempo e, depois da limpeza das ervas que o infestavam, ficou assim. Bonito.
Associarei sempre este caminho à minha mãe, sentada, numa cadeira de realizadora de cinema, a observar o nosso trabalho de sorriso nos lábios. Como ela adorava a Barca, a sua fauna e flora, o seu cheiro e o seu vento, o seu sol!

Limpeza



Limpeza da Rampa - Escola E.B 2/3 de Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Limpeza

A fase da limpeza revelou-se complicada. A rampa conseguia estar ainda pior do que inicialmente parecia.
As fotografias acima postadas são as únicas que possuo desta fase e já não me lembro das circunstâncias exactas em que foram tiradas, nem sei porque estão a preto e branco e tão esbatidas e desfocadas parecendo fotografias da minha infância!
Mas são importantes. A rampa estava mesmo uma desgraça! E por estar tão mal é que foi a escolhida. Grandes desafios dão muito mais luta e aguçam o engenho!

Intervenções






Rampa - Escola E.B. 2/3 de Amarante

Fotografias de Anabela Matias de Magalhães


Intervenções


Adoro intervenções. Adoro actuar sobre as coisas e alterá-las, modificá-las, melhorá-las. Por isso gostei tanto da Área de Projecto em que a minha turma do 7ºD, posteriormente 8ºD, intervencionou esta rampa, aqui fotografada antes de tudo começar. Este levantamento fotográfico foi feito durante a fase do diagnóstico dos problemas existentes nos espaços exteriores desta escola que, como se vê pelas fotografias, eram mais que muitos. Jardins com aspecto abandonado e descuidado onde quase nada sobrevivia. Primeiro passo - limpeza da rampa para posterior tratamento e plantação. Foi feito. E foi uma loucura. A rampa era enormesca e estava mesmo suja! Seguimos o princípio do quanto mais grave a doença, mais cuidadoso o tratamento.


E o tratamento resultou. Se resultou!

sábado, 16 de junho de 2007

Área de Projecto














Flores - Área de Projecto 7º D - 2002/03 e 8º D -2003/2004

Fotografias de Anabela Matias de Magalhães



Área de Projecto


Esta nova área curricular não disciplinar, chamada Área de Projecto, foi-me atribuída no início do ano lectivo de 2002/2003 aquando da distribuição dos horários na Escola E.B. 2/3 de Amarante. Confesso que me deixou um pouco apreensiva, e preocupada, já que, pela primeira vez, esta nova área chegava ao 3º Ciclo do Ensino Básico, às turmas do 7º ano de escolaridade.

A turma à qual eu iria "leccionar" esta nova área era a turma do 7º D, turma completamente desconhecida para mim.

Após apresentação mútua e preenchimento das fichas individuais dos alunos, informei-os sobre os objectivos desta nova área e do tema aglutinador escolhido para esse ano lectivo e que era o tema, muito abrangente, "Educar para a Cidadania". O tema foi-lhes explicado e foram lançadas algumas pistas sobre possíveis subtemas. Várias sugestões foram feitas pelo alunos como "Poluição", "Plantas e Animais", "Educação na Escola", Amizade", "Amarante"... mas o subtema que viria a entusiasmar alunos e, confesso, a própria professora, foi "Reconstrução/Renovação dos Jardins da Escola E.B. 2/3 de Amarante". Agradou-me um projecto que "ficasse" e "crescesse" e até perdurasse para além da nossa saída. Agradou-me um projecto eminentemente prático, a mim, que não sou muito dada a burocracias, a trabalho de gabinetes, a papéis e mais papéis quantas vezes estéreis.

Procurei nas livrarias livros sobre jardins, que adquiri, com jardins lindos de morrer do ponto de vista estético, que ainda hoje guardo religiosamente e folheio de quando em vez, à procura de inspiração para a Barca. Usei-os para sensibilizar os alunos que os manusearam com entusiasmo. Fizeram um levantamento dos problemas existentes, na Escola, a este nível. Constataram que os espaços exteriores se encontravam com um aspecto descuidado e abandonado, traçaram-se objectivos para a intervenção na rampa que fica entre o pavilhão 4 e 3. O projecto foi-se tornando mais ambicioso, e voltarei a este assunto numa próxima oportunidade, mas o resultado foi o que está nas fotografias acima postadas. Flores e mais flores que perduraram para além da saída dos alunos e desta professora para a Escola Secundária/3 de Amarante. E que perduraram apesar do abandono a que esta rampa foi votada desde então. Já a leccionar na Secundária de Amarante ainda consegui fazer umas incursões de jardinagem à E.B. 2/3 de Amarante e, juntamente com a Glória e os seus alunos, ainda passei boas manhãs em que foi possível conciliar horários e vontades. Mas é complicado manter a colaboração com o trabalho a aumentar por todas as escolas, além de que "longe da vista, longe do coração" e os laços, por mais fortes que sejam, vão-se quebrando não resistindo ao afastamento.

Mas ainda era capaz de ir trabalhar na rampa e desafogar aquelas flores que teimam em aparecer entre a porcaria acumulada! Comentei isto um dia destes com o A. que olhou para mim com cara de surpreendido. Já o disse neste blogue... os professores também sofrem de eclipses...

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Para a Dianita



Lagarto - Alto Atlas - Marrocos
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Para a Dianita
 
Para a Dianita que me voltou a falar dos lagartos no meu post sobre borboletas!
Dianita, observa bem este lagarto confortavelmente esparramado sobre a minha perna. Começa pelas cores, de longe o mais surpreendente neste lagarto. Já viste bem os laranjas? E os verdes, que morrem em cinza e azul mosqueados de preto? Não é uma beleza? Lagarto gordo, com deditos quase frágeis nas "mãos" e nos "pés". E tu não o afagaste, como eu, para lhe sentires a textura da pele surpreendentemente macia.

Mas quem tem medo de semelhante criatura?



Páginas de Álbum de Fotografias
Memórias
Sempre me fez confusão o facto do Artur só ter memórias tardias da sua infância. Eu, em contrapartida, tenho memórias pelo menos a partir dos dois anos. E a minha primeira memória está associada à minha avó Luzia, mãe do meu pai, somente a minha avó preferida. Lembro-me de estar na camita, de pé, agarrada às grades, no quarto dos meus pais, que tinha as paredes todas revestidas a papel, e chamar a minha querida avó "Bim, anda cantá o piu piu!" Esclarecimento um. Eu chamava à minha avó Bim e ao meu avô Pim. Nem eu entendo porquê. A minha mãe sempre me disse que eu comecei a falar e não mais parei e que eu era uma grande trapalhona, que inventava palavras que não tinham nada a ver com as originais. Vem já daí a minha criatividade?!
Esclarecimento dois. O Piu Piu é uma cantiga de embalar que eu própria fiz questão de cantar à minha filha, perpetuando gestos e procedimentos que passam de geração em geração.
Pois com o Artur não é assim. Ele sempre me disse que as suas memórias de infância são tardias, talvez aí pelos sete ou oito anos. O que sempre me causou estranheza. Assim como me causou estranheza o facto do Artur não ter um álbum de fotografias seu. Em minha casa existia o meu álbum e o do meu irmão. Com o tempo apercebi-me e compreendi que com sete filhos, provavelmente, pura e simplesmente não há tempo para isso, principalmente se pai e mãe trabalham, o que sempre foi o caso.
Mas como eu gosto de corrigir trajectórias, em 1995 resolvi o problema com a cumplicidade da minha filha. Organizei um álbum com todas as fotografias da família do Artur, e dele próprio, que consegui arranjar. Ainda lhe juntei cartões dispersos que ele tinha trazido para nossa casa quando nos casámos. E não menos importante, postei-lhe as fotografias das suas ex-namoradas no seu álbum... sim porque elas também fazem parte das suas memórias.
E fiz-lhe uma dedicatória, bonita, que voltei a ler porque precisei duma fotografia do João para este blogue.
Transcrevo parte:
" Como a vida também é feita de recordações (fala a professora de História), e tu tens poucas de pequenino, aqui vai um álbum cheiinho delas com tudo o que eu consegui juntar!
Bem sei que o melhor está para além deste álbum...
Bem sei que o melhor está depois deste álbum..."
Já não me lembrava de ter escrito isto e foi bom reler e recordar ah! e descobrir que em 1995 eu já era Moça!
Este álbum foi a sua prenda do dia do pai, minha e da nossa filha.
Nota final - A capa do álbum foi uma brincadeira propositada. Quis-lhe deixar as memórias embrulhadas numa coisa felina!

quinta-feira, 14 de junho de 2007


O 25 de Abril visto por um aluno do CL1
(Desenho publicado com autorização)

Cef`s

Para quem não sabe, estes são os Cursos de Educação e Formação para alunos em risco de abandono escolar e que manifestam interesse por um tipo de ensino e de percurso com componentes mais práticas. Estes cursos, de nível 2, têm a duração de dois anos e os alunos ficam com o 9º ano e um diploma que os habilita a exercerem uma profissão. No meu caso lecciono, este ano lectivo, três turmas dos ditos CEF`s de primeiro ano. Como eu costumo dizer, tenho os meus carpinteiros, os meus electricistas e os meus serralheiros. Só rapazes. Daí uma data de problemas! Os rapazes são, geralmente, mais indisciplinados que as raparigas, mais desatentos, mais perturbadores, mais provocadores, mais infantis, menos aplicados, menos determinados, menos esforçados, resistem menos aos apelos da droga e do álcool... e podia continuar! Estou a falar da faixa etária que frequenta o básico e que, nestes cursos engloba, facilmente, os dezoito anos e até a ultrapassa!

Leccionar a estes miúdos, já o disse neste blogue, é um desafio constante e quando se consegue estabelecer uma ligação de confiança entre nós é de facto maravilhoso!

Na terça-feira apercebi-me que esta ligação deve estar criada entre mim e os meus carpinteiros. Entrei na escola logo pela manhã e vejo um grupo deles sentado na beirada de cimento que circunda o jardim. Sorrio-lhes, como sempre, e digo-lhes "Bom-dia, meninos!". Recebo em troca um "Bom-dia, Alegria!"

É, acho que estamos no bom caminho.

Ah! E deixaram-me a sorrir o dia todo.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

João

Aproveitei e fui ver o meu novo sobrinho. Um sossego! Uma beleza! Acho que desta vez o João e a Mónica fizeram um Justino Alves traçado de Matias Magalhães. Parecido com o pai, o tipo. Grande e gordito. Fartou-se de sorrir para mim enquanto dormia. Mas também eu só lhe disse asneiras ao ouvido...para ele se ir habituando a esta Tia!
Ah! Confirma-se! O João tem mesmo madeixas loiras num cabelo farto.
Os pais estão bem, estão felizes e descontraídos. Nada como ter o segundo filho e já ter prática no assunto para descomplicar.
Se bem que eu acho que nós éramos bem mais descontraídos... mesmo no primeiro.
Contingências de ser pai e mãe acima dos trinta anos?

Revisão - Dakla - Sahara Oriental
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Revisão dos 45 mil Km

Início de tarde super chata, passada no Porto, a fazer exames daqui e dali. O mulherio tem que ir às revisões periódicas, como os automóveis, e a partir de certa idade as revisões têm que ser rotineiras e frequentes. Para ver se escapamos a umas desagradáveis surpresas.
Médico simpático que me disse a sorrir "Os exames estão normalíssimos". Uf! Respirei de alívio.
Passei na revisão dos 45 mil km!

terça-feira, 12 de junho de 2007


João - Cortegaça - Setembro de 1977
Fotografia de Jorge Castelo Branco

João

Este João acima postado foi ontem pai pela segunda vez. O que faz de mim , mais uma vez, Tia!!!
Eu bem digo, esta matiagem não pára de se reproduzir! A Joana disse logo "Já somos quinze!" Que felicidade! Quinze primos. Quinze netos para a minha sogra!
Quando eu conheci o João ele teria talvez dois ou três anos. O Artur por vezes levava-o para o Campismo, lugar que todo o grupo frequentava na altura, e este tipo, giro, giro, era a atracção principal. Namorei seis anos com o Artur. Casei com ele e tocou-me muitas vezes levar o João à urgência do Hospital de Amarante e correr atrás dele pelos corredores fora quando ele se escapulia para não levar pontos nos joelhos, na cabeça e onde mais calhava; tocou-me muitas vezes levá-lo ao dentista e ficar ao lado dele, com a minha mão na mão dele, para ele não se sentir só e desamparado. Espero ter-lhe dado algum conforto. Fiz isso com todo o gosto e faria uma e outra vez se necessário. O João é só o irmão caçula do Artur e é só, de longe, o meu cunhado mais simpático. Gosto tanto dele que o escolhi para padrinho da Joana, tinha ele doze anos. O tipo teve que fazer a comunhão para ser padrinho dela e levou aquilo a sério. Estou a vê-lo no sofá da sala, todo esparramado a decorar as orações "Meu Deus porque sois tão bom, perdoai-me por vos ter ofendido, ajudai-me a não tornar a pecar!" Uma criança tão nova...tinha lá pecados!!!
Pois foi este tipo e a sua mulher, Mónica de seu nome, que fizeram de mim tia mais uma vez. Tenho um sobrinho novo, que nasceu ontem ainda não tinha soado a meia-noite, chamado João, e que mede 51 cm e pesa quase 4 kg!! Grande mulher que tinha uma grande barriga!
Parabéns a toda a família. Amanhã lá irei conhecer o meu querido sobrinho novo que parece que já nasceu loiro. Vou confirmar!

segunda-feira, 11 de junho de 2007




Dunas - Sahara - Mauritânia
Fotografias de Artur Matias de Magalhães

O meu consultor de viagens super radicais
Algures em meados dos anos noventa, o meu cunhado Agostinho Silveira, um dos directores da Agência Abreu, entregou-me um papel, escrito à mão, com um nome e uns números de telefone.
"Este é outro maluquinho do deserto. Como tu. Se precisares de alguma coisa liga-lhe."
Guardei religiosamente o contacto e não tardou muito liguei ao Nuno Albuquerque, sem o conhecer de lado nenhum. Fiquei tempos infindos a falar com esta personagem desconhecida. Apresentei-me, expliquei-lhe o que me fez telefonar-lhe e falamos do Sahara. Quem esteve no deserto, quem ama o deserto, como eu ou o Nuno Albuquerque, entende do que eu estou a falar, e como é possível manter longas conversas destas com um perfeito desconhecido. A partir daquele dia, passei a ligar-lhe sempre que me surgia alguma dúvida sobre uma pista a percorrer, sobre se uma determinada estrada estava ou não alcatroada... e as conversas eram sempre intermináveis.
Antes de ir para a Líbia liguei-lhe. Foi ele que me falou da Líbia pela primeira vez como um destino de deserto excepcional. Combinámos um encontro em Braga, no Tribuna. Demos coordenadas um ao outro como nos filmes... eu vou de tal forma vestido, eu desta e daquela cor, uso óculos...ah! e Nuno, eu tenho o cabelo cortado, pequenino, como os moços!
Lá nos encontrámos fisicamente, pela primeira vez em tantos anos de conversa, e ele lá me deu todas as dicas sobre a Líbia.
E continuamos as nossas conversas telefónicas dedicadas ao Grande Sahara.
No ano passado recebi uma mensagem do Nuno. Ia partir em finais de Julho para uma grande expedição que ligaria Braga-Luanda. Fiz contas de cabeça...Liguei-lhe "Nuno, tu não me levas na cauda da tua expedição até à Mauritânia ou ao Mali?" Um querido, este Nuno! "É claro que sim. Anabela."
Foi assim que eu integrei, por um dia, esta expedição fantástica que lamento não ter feito na sua totalidade. Aqui deixo a descrição feita pelo Nuno, de parte do dia em que integrei a caravana, tirada do blogue http://bragaluanda2006.blogspot.com/, onde também se pode visualizar a reportagem sobre esta expedição, que passou no noticiário da SIC, em horário nobre. Vivi a aventura das fronteiras marroquina e mauritana com estes rapazes. Assisti ao negócio dos jeeps, jantei num restaurante de coreanos em Nouadibhou, arranquei autocolantes já tarde da noite e colei-os no jeep "novo", dormi na minha tenda, na cobertura plana da casa que servia de apoio a meia dúzia de viajantes que por ali se encontravam acampados. Acordei e a primeira coisa que vi foi um rapaz novo e desconhecido em concentrada meditação... não mexia um pelo!
Ainda havia de encontrar estes rapazes portugueses, ao fim da tarde, em Nouakchott, capital da Mauritânia, depois de fazer uma interminável, escaldante e belíssima estrada, alcatroada, pelo meio do deserto. Acampamos juntos. No dia seguinte foi dizer bye, bye.
O nosso jeep estava agora em muito mau estado! Eu e o Artur haveríamos de chegar a casa de táxi, depois de duas viagens de avião vindos de Agadir.
A expedição haveria de chegar a Luanda em finais de Agosto.
Diário de bordo - 01/08/2006 – Terça-feira

O dia amanhece nublado. Às 9:00h estamos prontos para sair. Aguardamos pela chegada da Anabela e amigos. O dia está nublado. Mas é só em termos meteorológicos, porque o espírito do grupo é óptimo. O jantar da véspera foi, nesse aspecto, excelente. E no gastronómico também.Quando chegam os portugueses tomamos conhecimento que estão com problemas no carro. Estão sem turbo. Põem-nos à vontade para seguimos sem eles. Mas a verdade é que também não podemos andar muito depressa. Eles partem à nossa frente. O carro deles vai deixando uma nuvem de fumo preto. Parece uma locomotiva a vapor. Nambuangongo. Kuritela, Caminho de Ferro de Benguela - é a observação que logo é feita. A estrada que, até há bem pouco tempo tinha que se fazer em coluna militar e estava cheia de buracos, apresenta agora um óptimo tapete em alcatrão. À nossa direita a baía de Dakhla. À esquerda o inalterável deserto. A N23°36.227' W15°52.208' uma pequena povoação. Casas vermelhas. No início, um militar efectua mais um controlo. Sem grandes perguntas, deixa-nos seguir.Voltamos à paisagem do dia anterior. Rectas intermináveis. Deserto e mais deserto. A areia aqui é mais esbranquiçada, num tom ocre claro. Não tem o tom alaranjado e dourado do sul de Marrocos. Lembro-me que tenho de levar um pouco de areia para a Mariana. Não me posso esquecer.Cruzamo-nos com jeep militar que seguia a toda a velocidade. Um Hummer. Este é que era bem trocado por um dos nossos. E chegávamos lá ! - diz o Victor..O Golfo de Sintra e depois Bir Guendous. Abastecemos na última bomba antes da fronteira. Estamos em Cap Barbas. Pagamos 347 DH por 53,4 litros. O preço por litro é de 6,5 DH. Para surpresa minha voltamos a ter rede de telemóvel. Consigo enviar a mensagem que ontem tinha ficado retida no meu PDA a dizer que está tudo bem. Chegamos, às 13:00h à fronteira de Guerguerard. (...)
Mas, no entretanto, ainda havia as formalidades mauritanas para ultrapassar. Primeiro a Gendarmerie. Depois a polícia. E, por fim, a Alfândega. Onde é que eu já ouvi isto ? Não por esta ordem ? «Pás de probléme». O Pedro acompanha-me. Fascinado com os procedimentos. E as instalações das autoridades mauritanas. Uns barracos, no meio do nada, com um ou dois homens dentro de cada um. E a inevitável esteira ao lado. Para a sesta. Toma lá a ficha. Dá cá o carimbo. Porque não pedem o visto aqui ? – pergunta-me o guarda. É mais barato que em Lisboa. - Pois, não sabia… à la prochaine. Inch Alla. (...)

domingo, 10 de junho de 2007


Selos Chineses

Mr. Armand

As idas ao deserto proporcionam experiências inesquecíveis e estranhas. Na última noite de deserto passada na Líbia, estava previsto jantarmos e dormirmos num acampamento da África Tours com infraestruturas mínimas de apoio ao bicho turista que se aventura por aquelas bandas. Eis que estamos a chegar, todos esbodegados, depois de quatro dias passados em pleno deserto e, "Meu Deus! Sanitas! Chuveiros!" Acho que alguns pensaram que estavam a sonhar e outros perderam mesmo a cabeça...Foi o caso do Zé que não quis saber de mais nada. Toca a saltar para debaixo de um chuveiro. Passado um bocado ouve-se o dito aos berros "Maria Salomé! Esqueci-me de tirar as cuecas!" E pronto todo o grupo ficou a saber que o Zé , na sua aflição de tomar um bom duche, foi para debaixo dele de cuecas e tudo.
Não foi evidentemente o meu caso. Não sou assim tão precipitada. Além de que amei os banhos tomados em plena Natureza, em pleno deserto!

No centro do acampamento havia uma espécie de bar, rudimentar, com algumas cadeiras e, numa delas, sentado, estava um senhor de cabelos já brancos, alto e bem constituído, dos seus sessenta e muitos anos. Quando passei por ele cumprimentei-o em francês, ele retribuiu e... desatou a falar comigo. Sentei-me ao pé dele e satisfiz a sua curiosidade. Quis saber qual era a minha nacionalidade, qual era a minha profissão, em que circunstâncias tínhamos chegado ali... e falou dele, do seu amor pelo deserto que descobriu somente aos sessenta anos aquando da sua reforma. Tinha chegado ali ao volante do seu jeep, vindo de França, e estava previsto que a sua viagem durasse três semanas. Disse-me que tinha três casas em França, uma na praia, outra na montanha e uma outra de cidade e que estavam todas à minha disposição. Entregou-me o seu cartão de visita, mostrou-me a sua agenda pessoal com datas de acontecimentos importantes para a sua família, a que não podia faltar, como aniversários de filhos e netos, e as datas das suas viagens... várias... e longas. Em Maio estaria em Portugal para um encontro/raly de carros antigos. Deixei-lhe os meus contactos. Combinamos que me telefonaria e que passaria por Amarante. Foi uma boa hora passada a conversar enquanto os outros faziam figuras tristes nos chuveiros!

As férias acabaram. Retornei a casa e não pensei mais no assunto. Até receber o seu telefonema. Estava em Amarante. Levei-o a almoçar ao Zé da Calçada e conversamos calmamente... do deserto. O sr. Armand mandou-me para o Egipto, para a Mauritânia, para o Mali, para a Argélia. Nunca esquecerei as suas palavras. "Podes tirar uma licença sem vencimento? Tira! Vai para o deserto!Olha para mim... o tempo passa muito depressa!"
O sr. Armand deve ter agora mais de setenta anos e é para mim um exemplo.
Recordo-o porque recebi um postal da China. O sr. Armand está a fazer uma viagem de sete meses pela Ásia, três deles na China. Está no deserto de Gobi e está adorar. Pelo que eu conheço dele nem poderia ser de outro modo!

Moral da história: Haja saúde e a nossa idade é aquilo que nós quisermos!
Porque é um estado de espírito!

sábado, 9 de junho de 2007

Mariza

Outra voz surreal e poderosíssima que me orgulho de já ter escutado ao vivo, aqui mesmo, em Amarante. Uma mulher belíssima num cenário não menos belo. Aqui deixo a hiperligação para o seu sítio na internet:

http://mariza.com/

Damien Rice

Aqui deixo outro concerto ao vivo onde eu gostaria de ter estado, de outro rapaz que adoro e não me canso de ouvir. Neste caso trata-se de um excepcional irlandês, muito bafejado pelos deuses.
E deixo o link para a sua belíssima página na internet

http://www.damienrice.com

sexta-feira, 8 de junho de 2007


Sesta - Barca - Carvalho de Rei - Amarante - Portugal
Fotografia de Artur Matias de Magalhães
Sesta II
O meu post de ontem ficou inacabado, resultado de uma longa conversa com o Sahel através do messenger, e por isso volto a este tema a propósito da minha deliciosa sesta de ontem.
Devo informar desde já que não sou uma pessoa muito dada à preguiça e muito dada a dormir a sesta, mas confesso que, quando a gozo, gozo-a plenamente. Foi o caso de ontem e, provavelmente, deveria ser uma experiência a repetir mais amiúde.
Há muitos estudos nacionais, e muitos mais por esse mundo fora, que atestam dos benefícios da prática de dormir a sesta diariamente e que revelam que este hábito, enraizado nalguns povos, como é o caso dos espanhóis, ou mesmo dos chineses, propiciam vantagens muito positivas como por exemplo um aumento da produtividade, um menor risco de acidentes de trabalho e que contribui e ajuda a combater o stress nestes nossos países tão sujeitos e achacados a esta maleita da nossa civilização.
Há mesmo quem defenda que dormir a sesta é um sinal de inteligência e assim sendo está explicado o sucesso, a todos os níveis, de nuestros hermanos, aqui na nossa vizinha Espanha. E está também explicado o sucesso dos chineses que agora se agigantam. Ah! E não posso esquecer a inteligência e sucesso da minha querida Mel, que ainda agora defendeu a sua tese de mestrado, e que teve nota máxima por unanimidade do júri, o que se fica a dever, sem dúvida, ao seu hábito enraizado de dormir a sesta. Ah, rapariga inteligente!
Cá em Portugal existe uma Associação Portuguesa dos Amigos da Sesta, criada em 2003, e que conta com alguns membros famosos. E o mais famoso é sem dúvida o Dr. Mário Soares. Quem não se lembra das suas famosas sestas tiradas nos sítios mais inacreditáveis, e por isso mesmo filmadas, e passadas em horário nobre pelos vários canais de televisão, com honras de entrada nos alinhamentos dos noticiários nacionais?
Mas a verdade é que nem com estas sestas nos safamos e continuamos numa letargia difícil de explicar. Era mesmo preferível dormirmos todos umas boas sestas! Quem sabe o país não melhorava mais rapidamente desta tão estranha maleita que atacou Portugal.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Sesta


Sesta - Barca - Amarante - Portugal
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Sesta

O meu acordar na Barca foi hoje completamente anormal. Acordei às sete e meia da manhã, já o sol ia alto e entrava a rodos no quarto. Acordei, simplesmente, e não houve preguiça para ninguém. A essa hora já o Quim trabalhava nos campos, cortando a aveia junto aos muros e à volta dos castanheiros, preparando o terreno para a máquina que cortará tudo no sábado e às oito da matina já eu estava às voltas com os meus caminhos. E que voltas!
Tinha um percurso já feito, mas esteticamente falando não estava do meu agrado... andava a evitar lá passar... estava-me a custar ter que desfazer tudo... enfim, foi hoje.
Desfiz tudo enquanto o diabo esfregou um olho. O pior mesmo foi refazer tudo outra vez. Andei a manhã toda às voltas com as minhas pedras e consegui fazer exactamente o que queria. No final da manhã, quando me ergui, e olhei finalmente o caminho de novo feito, gostei do que vi e fiquei satisfeita comigo mesma por ter tido a "coragem" de não aproveitar nada do que tinha feito anteriormente. Ou melhor, do que tinha "mal feito" anteriormente.
É evidente que o resultado só podia ser este. Depois de almoço caí redonda na minha cama/sofá e dormi uma sesta boa... boa. Foi uma tarde passada a pastar que o A registou com a sua máquina fotográfica.

Nota - Este "post" foi feito enquanto mantinha uma longa conversa com o Sahel, que me apanhou no messenger. O tipo está outra vez de saída para Paris e não se digna vir a Amarante. Vai apanhar ar fresco,diz ele e digo eu. Em Sebha tem estado acima de 45 graus!