sexta-feira, 31 de outubro de 2008


Halloween - S. Gonçalo - Amarante - Portugal
Fotografia de não sei quem


O Melhor da Escola Continuam a Ser os Alunos

Neste dia negro, eis que sou surpreendida por uma visita inesperada. Um grupo de alunos e alunas, melhor dizendo, de ex-alunos e de ex-alunas, que me acompanharam o percurso na ESA durante os três últimos anos, e outros que jamais foram meus, tocaram-me à porta a horas tardias, disfarçados de bruxas, bruxinhas e outras coisas que tais, pedindo, entre gargalhadas, guloseimas que hoje é dia de Halloween.
Confesso que no meio deste turbilhão de dia me tinha esquecido por completo de tal coisa e aproveitamos para falar um pouco da escola, das minhas aulas que já lá vão e das quais eles gostavam, das eleições na ESA para a Associação de Estudantes, e eu lá lhes confessei que foi particularmente significativa para mim a visita deles hoje. Aconcheguei-me completamente nela. E neles. E tiramos fotografias entre risos e gargalhadas. E o meu Eduardito lá se lembrou da pergunta costumeira "Professora, então quando faz as rastas?"
Ele há dias assim, inesperados, que nos deixam perplexos perante a vida que corre, continuamente, e em que nem tudo é desagradável, nem tudo é mau.
Termino mesmo o meu dia com uma visita inesperada, meiga, alegre e saborosa dos "meus" alunos da ESA.

A Cereja em Cima do Bolo

A Cereja em Cima do Bolo

Hoje vivi o segundo dia mais negro em toda a minha actividade profissional enquanto docente. Ameaçada por uma aluna que me é completamente estranha e desconhecida, dentro do recinto escolar da ESA, a aluna levantou-me mesmo a mão em direcção à cara por duas vezes seguidas. Valeu-me o meu auto-domínio, e o meu colega, que funcionou como um autêntico 112, Patrício de seu nome, que assistindo à cena, interveio prontamente.
Foi por uma unha negra. Por uma unha negra não levei um par de estalos no recreio da ESA de uma aluna que me é completamente desconhecida, que me afrontou por diversas vezes, e que colocou sistematicamente em causa a minha autoridade, na sala de estudo da ESA, onde tudo começou.
Teremos mais dias assim. Atacados sistematicamente pela tutela, que nos descredibiliza a cada dia que passa, os professores perdem a autoridade à mesma velocidade a que os alunos a ganham. Muitos deles já mandam em casa e nos pais com uma arrogância e desplante que brada aos céus. Só falta mesmo mandar na escola e nos professores. Eles tentam, eles bem tentam. Mas em mim não mandarão. E confesso a minha perplexidade perante este caso, eu que sou um primor de educação com toda a gente, alunos incluídos, claro está.
É caso para dizer que hoje fiz a minha estreia nestas cenas deprimentes, de que já tinha ouvido muitos relatos, mas que nunca tinha presenciado, muito menos as tinha vivido como protagonista.
E é caso para confessar que, neste caso, preferia continuar virgem.

Fumo Branco

Comunicado da PROmova

1 única manifestação - 8/11/08


Nesta fase da contestação às políticas do ME e atendendo aos constrangimentos criados pela convocação de duas manifestações de professores (8 e 15 de Novembro), O Movimento PROmova partiu para o processo negocial com a Fenprof e os outros Movimentos com o lema “Unidos, ganhamos todos; divididos, perdemos todos”. A partir deste espírito, foi possível concertar posições à volta de um conjunto de princípios prioritários e indeclináveis para os professores, além de estruturantes da “genética” do PROmova, especificamente, a exigência de suspensão imediata deste modelo de avaliação do desempenho e a rejeição da divisão arbitrária e injusta da carreira que, entre outras injustiças, desacredita todo o processo de avaliação do desempenho. Como estes postulados se encontram salvaguardados no comunicado conjunto, não hesitamos em contribuir para a unidade dos professores, associando-nos à ideia de uma manifestação única de sindicatos e movimentos.
Neste sentido, apelamos a todos os educadores e professores portugueses para rumarem a Lisboa, no dia 8 de Novembro, dando um sinal inequívoco da sua força reivindicativa. Uns irão pelos seus sindicatos, outros irão pelos movimentos com que se identificam e outros irão por si próprios. Mas é importante que vamos todos!
Para nós, mantém-se o apelo que lançámos “Uma escola, um autocarro”, pelo que os professores que abriram, nas escolas, inscrições para o dia 15, devem manter essa iniciativa, transferindo-a para o dia 8, e apresentarem-se, em Lisboa, em nome da sua escola.
Encontramo-nos todos, em Lisboa, no dia 8 de Novembro.
Aquele abraço,
PROmova
Fumo Branco - Manif a 8/11/08

COMUNICADO

A Federação Nacional dos Professores, FENPROF, representada por alguns elementos do seu Secretariado Nacional, e 3 Movimentos de Professores (APEDE, MUP e Promova), representados por alguns professores mandatados para o efeito, reuniram na noite do dia 29 de Outubro de 2008, em Lisboa, com o objectivo de trocarem impressões sobre a situação que se vive hoje nas escolas portuguesas, as movimentações de professores que resultam da necessidade de enfrentar a ofensiva sobre a escola pública (e os professores em concreto) que este Governo continua a desenvolver e, concretamente - conforme constava da iniciativa que estes 3 Movimentos tomaram ao solicitar este encontro à FENPROF -, serem explicitados os motivos que levaram à convocatória de uma iniciativa pública de professores marcada para o próximo dia 15 de Novembro.
Em relação à análise da situação hoje vivida nas escolas portuguesas, às causas e objectivos dos grandes factores de constrangimento a uma actividade lectiva encarada e desenvolvida com normalidade, e à ideia de ser imprescindível pôr cobro de imediato aos principais eixos da política educativa levada a cabo por este Governo, verificou-se uma grande convergência de opiniões entre todos os presentes, nomeadamente quanto:
· à mensagem que é necessário transmitir, para todos os sectores da sociedade civil, de que a luta actual dos professores não é movida por meros interesses corporativos, já que reflecte antes uma profunda preocupação com o futuro da escola pública e com as condições indispensáveis a uma dignificação da profissão docente enquanto factor indispensável a um ensino de qualidade
· ao repúdio, veemente e inequívoco, deste modelo de avaliação do desempenho docente, à necessidade de incentivar e apoiar todas as movimentações de escola que conduzam à suspensão imediata da sua aplicação e à urgente perspectiva de se abrirem negociações sobre outras soluções alternativas, que traduzam um novo modelo de avaliação, tanto mais que sucessivos incumprimentos do ME do memorando de entendimento que foi forçado a assinar no ano lectivo anterior com a Plataforma de Sindicatos praticamente o esvaziam de conteúdo e a delirante investida na alteração da legislação sobre concursos mais não faz do que confirmar
. à recusa dos princípios fundamentais em que assenta o Estatuto de Carreira Docente imposto pelo ME aos professores, nomeadamente a criação de duas carreiras, a hierarquização aí estabelecida e os constrangimentos ao acesso e à progressão na carreira, apontando-se também a divisão arbitrária e injusta da carreira como um factor que condiciona e desacredita as soluções ao nível de avaliação do desempenho docente e não só, pelo que urge a abertura de processos negociais tendentes à sua profunda revisão;
· à rejeição de um modelo de gestão e administração escolares que visa, essencialmente, o regresso ao poder centralizado de uma figura que foge ao controlo democrático dos estabelecimentos de ensino e se assume unicamente como representante da administração educativa nas escolas.
Por último, os representantes das estruturas, assim reunidos, reafirmam a sua intenção de tudo fazerem no sentido da convergência das lutas, para incrementar e reforçar a unidade entre todos os professores e em defesa da Escola Pública.
Lisboa, 30 de Outubro de 2008
FENPROF
APEDE
MUP
PROmova
Apocalyptica - Nothing Else Matters

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Exijo: 35 Horas na Escola!

Entrei às 8:15. Almocei na cantina com os alunos da minha direcção de turma, que devo ser parva, para que eles se habituem a fazer uma alimentação mais correcta, que uns não comem fruta e outros não comem sopa, e uns não comem carne e o diabo a quatro, e para os incentivar a não irem lá para fora sabe-se lá fazer o quê.
Na sala de professores postei umas coisas rápidas aqui no blogue.
Saí às 19:30, depois de um dia de aulas inteiramente passado com CEF`s, seguido de duas reuniões de enfiada que nem me deixaram tempo para lanchar!
Estou a passar o cartão para que os meus horários fiquem registados.
Mas o facto é que alguém tem de pôr cobro a isto. Alguém tem de pôr cobro a isto!
O meu horário tem dias perfeitamente obscenos.
Via Ramiro Marques

(...) Assim, o Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português apresenta à Assembleia da República o presente Projecto de Resolução:

Nos termos da alínea b) do artigo 156.º da Constituição da República e da alínea b) do n.º 1 do artigo 4.º do Regimento, a Assembleia da República resolve recomendar ao Governo:

1 – Que proceda de imediato à suspensão do regime de avaliação do desempenho previsto no Decreto Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de Janeiro, bem como da sua aplicação, sem prejuízos para os professores e educadores.

2 – Que antecipe o processo de negociação com as estruturas sindicais dos professores e educadores para a alteração do actual regime de avaliação de desempenho, salvaguardando a estabilidade do ambiente escolar, a qualidade do ensino e os direitos dos professores e educadores.

Assembleia da República, 22 de Outubro de 2008
Os Deputados,

Para ler mais clique em http://www.profblog.org/
À Espera de Fumo Branco

"REUNIÃO DOS MOVIMENTOS DE PROFESSORES COM A FENPROF, APEDE, o MUP e o PROmova reuniram-se nesta quarta-feira com membros do secretariado nacional da FENPROF. O diálogo decorreu num clima de franqueza e de abertura. Desse encontro saiu um comunicado conjunto que será, em breve, divulgado. Foi também criado um compromisso no sentido de se abrir a possibilidade de uma única manifestação em Novembro."

In http://apede.blogspot.com/2008/10/comunicado-da-apede_30.html
Cada tiro, Cada melro!

Achei catita esta sugestão. Realmente... para quê avaliar alunos?!!! Sim, para quê??!!!!
Avaliem-se os professores e é já!

Meus queriduxos idiotas, a Finlândia erradicou o analfabetismo no final do século XIX!!!!
Haja Deuses... que um só não chega para tanta encomenda!

Conselho Nacional de Educação propõe fim dos chumbos para alunos até aos 12 anos
29.10.2008 - 15h19 PÚBLICO

Se o ministério aceitar uma recomendação do Conselho Nacional de Educação (CNE), os alunos deixarão de reprovar na escola até que completem os 12 anos. A proposta, revelada hoje no “Diário Económico” baseia-se nas recomendações da OCDE e nos resultados obtidos com uma política idêntica na Finlândia, onde ninguém reprova durante a escolaridade obrigatória. A Finlândia tem o melhor desempenho escolar do mundo.No projecto de parecer “A educação das crianças dos 0 aos 12 anos”, o CNE sugere, em alternativa ao chumbo, “medidas eficazes de apoio”, como “intervenções aos primeiros sinais de dificuldades e estratégias de diferenciação pedagógica”.
O secretário de Estado da Educação Valter Lemos disse já esta tarde à TSF que concorda com a existência de alternativas aos chumbos de alunos até aos 12 anos, mas recusou o fim das repetições de ano. Valter Lemos explicou que têm de existir “mecanismos de alternativa” para os que têm mais dificuldades.
Segundo o CNE o actual sistema que obriga o aluno a repetir o ano em caso de uma avaliação negativa dos seus conhecimentos, penaliza exclusivamente o aluno e as famílias numa altura em que a escola tem de partilhar a responsabilidade pelo insucesso. “Há alunos que acumulam insucessos em anos educativos, ficando desenquadrados nas turmas em que são colocados e, em muitos casos, não encontrando alternativas a não ser o abandono”, diz o documento que frisa que o aluno é penalizado por uma falha do sistema.
Ana Maria Bettencourt, relatora da recomendação do CNE, lembra ainda que, segundo estudos da OCDE, as dificuldades dos alunos portugueses prendem-se na maior parte das vezes com graves problemas a nível sócio-económico e que os alunos não encontram na escola uma saída para os seus problemas.
Segundo o “Diário Económico França estuda actualmente também um alternativa ao chumbo que, segundo o Haut Conseil de Evaluation de l’Ecole não é eficaz a fomentar o progresso dos alunos.
Arabian Dance - The Nutcracker

Gostaria de dançar uma dança assim, na escola pública, onde todos e cada um desempenhassem o seu papel com paixão, elegância e elevação. Impossível com esta tutela. Completamente impossível com esta tutela e com estas políticas que parecem estimular o pior do que são capazes os seres humanos. Ora, tenho para mim que a situação é particularmente grave no ensino/educação porque devendo ser exemplar não o é e, se não o era antes em todos os momentos e em todas as horas, a verdade é que o caminho que trilhamos a cada dia que passa é o da regressão.
Não gosto disto. E culpo e responsabilizo a tutela e as suas políticas por aquilo que vivo no dia a dia, na minha escola.
A quem prestarão contas, pelo desmantelamento da escola pública, estes políticos?
Não chega só aos eleitores. É demasiado pouco.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008



Sem Comentários e com os Meus Agradecimentos à Elsa C.
S. João de Brito

A palavra ao director da melhor Escola do País. Ok, senhora ministra, bem sei que também este não é especialista de nada.
Por isso mesmo tem a palavra neste blogue.

http://sic.aeiou.pt/online/scripts/2007/VideoPopup2008.aspx?videoId={D14552D1-B86A-4781-ABFB-FFEA65D43DF7}
Nuno Crato

A palavra a Nuno Crato. Ok, senhora ministra, já sei que é um dos que não é especialista em coisa nenhuma!
Por isso mesmo tem a palavra aqui no meu blogue.

http://sic.aeiou.pt/online/scripts/2007/VideoPopup2008.aspx?videoId={A689270F-7BF3-4D15-BE1D-E3C6F776A65A}
Blonde Redhead - Top Ranking

Aguardo a disponibilização da reportagem, demolidora para o Ministério da Educação, passada agora mesmo na Sic, de quase 20 minutos, sobre os rankings das escolas.
A escola pública dança às mãos de políticos incompetentes e trapalhões.
Até quando?


Menina do Portefólio - Caen - França
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Orgulho III
Pôr / Tirar

Para quem comigo priva, e me "conhece" pessoalmente, ou me conhece através das minhas escritas neste blogue, e quando digo "conhece" estou mesmo a referir-me a conhecimento, sabe que eu sou apenas uma em qualquer circunstância. Aqui, ali, acolá. Ontem, hoje, espero que amanhã.
Continuo a ter muito apreço por três conquistas, que vêm dos nossos antepassados muito longínquos, e de que falo sempre, dando muito relevo, aos meus alunos de 7.º ano. Ora essas conquistas são a bipedia, a verticalidade e o pensamento. Conquistas feitas com tanto esforço pelos meus antepassados ia lá eu agora deixá-los ficar mal! Daí andar somente com os meus pés no chão, em posição adequada à minha coluna vertebral, que a tenho no sítio, e da qual, ao que sei, não sofro. Já o disse neste blogue. Não sou uma minhoca nojenta e viscosa de traz e leva, uma minhoca nojenta sem coluna vertebral que ziguezagueia sem parar, rastejando, que não assume as suas posições. E muito menos me desloco de cócoras, posição nada apropriada à minha pessoa.
Não prescindo de pensar, embora confesse que às vezes tenho inveja daqueles que parecem passar incólumes pelas coisas mais inacreditáveis e que parecem não reparar no que se passa mesmo à frente do seu nariz. Não me incomodaria tanto, é certo.
Toda a gente que me "conhece" sabe que pode contar comigo, em jogo completamente limpo e escancarado, a jogar em campo aberto. Gosto de receber o mesmo em troca e quando isso acontece fico sempre a pensar que estamos no bom caminho. Quanto às jogadas políticas, ou de outra ordem qualquer, estou completamente indisponível para elas. Não pertenço a clubes desportivos, políticos, religiosos. Exercito os meus neurónios da forma como muito bem entendo, sem dar cavaco a ninguém, absolutamente a ninguém, apenas, como aqui deixou dito o AMM, "respeitando fielmente os valores que acolhi como meus", algures lá atrás no tempo, e que muito prezo e cuido.
Serve tudo isto para reafirmar neste blogue, publicamente portanto, que o que aqui está dito está dito. Não ponho absolutamente nada, porque quem põe são as galinhas, e muito menos tiro seja que post for, sobre que assunto for. Assumo todas as palavras aqui escritas que me saem do pelo. Podia ficar calada. Podia só dizê-las. Mas confesso que gosto de as escrever e que estou intimamente ligada a cada uma delas e que já nem consigo viver sem as palavras escritas. Colaram-se a mim... ou eu a elas... que nem sei explicar muito bem o que me aconteceu.
Assim só posso concluir que quem me aborda perguntando se eu já retirei este ou aquele conteúdo, por ser incómodo, só pode ter um completo, mas completo desconhecimento da minha pessoa.

Nota final - Para que não haja mal-entendidos, declaro aqui publicamente que nunca senti qualquer pressão da parte da direcção da minha escola, sobre os conteúdos do meu blogue. Mais afirmo que sempre que falei com o meu director sempre lhe disse o que pensava e nunca tive qualquer problema em afirmar a minha discordância parcial, ou mesmo total, sobre assuntos entre nós conversados.
E continuo a mesma. Euzinha. E sem esqueletos nos meus armários.
Orgulho II

Ontem entrei na escola por volta das 8:15, saí para almoçar, voltei um pouco antes das três, no fim das aulas tive a reunião semanal dos Cef`s, que acabou às 18:30, e fui a correr para o Sindicato onde havia uma reunião. Queria novas da mobilização para dia 8, queria novas do número de camionetas já fretadas. Saí de lá às 21:00, mas o esforço valeu a pena. Aqui no Norte, a semana e meia da Grande Marcha da Muita Indignação, estamos quase a atingir o número alcançado no passado dia 8 de Março.
Orgulho. Sinto orgulho em pertencer a esta classe que assim sai à rua ordeiramente e sem histerismos reivindicando tempo. Reivindicando tempo de trabalho e tempo de lazer. Apesar das divisões. Apesar das tricas. Apesar dos galões e das garras de fora de alguns. Apesar da baixeza e da falta de nível de uns quantos, felizmente poucos. Apesar do desnorte que reina em muitas escolas.
Sairemos à rua no próximo dia 8 de Novembro e será mais um dia inesquecível na vida profissional de cada um de nós. Pela terceira vez volto à rua. Fui a Lisboa. Fui ao Porto. Voltarei a Lisboa e onde for necessário para dizer bem alto "Assim não se pode ser professor."

"A FENPROF apela à mobilização de todos os docentes e para que participem em todos os plenários e reuniões que continuam a ser promovidos em todo o país nos quais podem ser debatidos, efectivamente, frente a frente, confrontando posições, de forma clara, os factos e a actual situação na Educação. O dia 8 de Novembro, numa manifestação que todos os dados já recolhidos garantem vir a ser um dia memorável, reforçará a unidade de todos os professores e educadores. / O Secretariado Nacional da FENPROF, 28/10/2008"

Eu também apelo à mobilização de todos. Todos somos necessários.
E preparem-se para um ano complicado. A luta não acabará a 8 de Novembro.



Seremos Muuuuuuiiiitos!

Seremos muuuuuuuuuiiiitos. De fonte segura. Dia 8. Lisboa.

Se ainda não te inscreveste, não percas esta oportunidade para participar em algo de grandioso.
Inscreve-te numa qualquer lista perto de ti.

terça-feira, 28 de outubro de 2008



Orgulho I

Orgulho no Paiva. E na esposa do Paiva. Ele reformado há 500 mil anos. Ela também. Fizeram-nos chegar o pedido de se juntarem a nós na manifestação de dia 8 e a pergunta se podiam ir.

Só quero deixar aqui expresso o meu enoooooooorme orgulho por ter colegas assim: Professores. Simplesmente Professores.
Unidade, Coragem e Luta

A pedido do próprio, divulgo. Mesmo que não subscreva cada palavra escrita pelo João. Subscrevo o essencial. Quero uma única manifestação para dia 8.
Entendam-se. Amanhem-se. O que está em jogo é demasiado grave para contarmos espingardas.

Os Três Pilares da Vitória sobre o “Monstro”: Unidade, Coragem e Luta!
João Vasconcelos (*)

O novo modelo de avaliação de desempenho transformou-se num verdadeiro “monstro”, configurando uma lógica punitiva, economicista, burocrática, anti-pedagógica e normalizadora, desviando os reais objectivos que devem presidir ao processo ensino-aprendizagem e que, a médio prazo, conduzirá à destruição da Escola Pública. A destruição da Escola Pública será consumada através do garrote monstruoso que se vai apertando cada vez mais à volta dos pescoços dos professores e educadores deste país, até ao estrangulamento total. Os docentes compreenderam isto, daí terem vindo para a rua 100 mil na “Marcha da Indignação”. Mais uma vez, estão dispostos a vir para a rua de novo, não obstante o Memorando de Entendimento que, na minha opinião, não devia ter sido assinado pela Plataforma Sindical. Mas isto é o passado e o que interessa agora é o presente e o futuro.
Tal como a torrente revolta que confluiu na grandiosa manifestação do 8 de Março, também agora as ondas da revolta docente agitam-se freneticamente e encontram-se prestes a explodir, capazes de despedaçar o “monstro da avaliação”. Temos pouco mais de um mês de aulas e o mal-estar manifesta-se por todo o lado – nas conversas, nas reuniões sucessivas e intermináveis até altas horas, nas mensagens de telemóvel ou através dos mails. Intensifica-se a resistência de inúmeras escolas que protesta contra este modelo de avaliação iníquo. Em Portimão uma centena de professores fez ouvir o seu grito de revolta. Os professores não aceitam a divisão da carreira em duas categorias, não aceitam o massacre de fichas que se intensifica cada vez mais, cujo conteúdo revela, como alguém disse, “a desumanidade e a esquizofrenia dos ideólogos do monstro”, não aceitam as inúmeras páginas de relatórios e objectivos que configuram autênticas armadilhas. Como se isto não bastasse, a esmagadora maioria dos professores e educadores também enfrentam, de forma corajosa, os adesivos e aqueles que são mais “papistas que o Papa”. Mas a vida também tem demonstrado que estes não farão parte da História.
A grande marcha dos 100 mil foi o culminar do esforço de todos – Movimentos e Sindicatos de Professores. E a Fenprof, integrante da Plataforma Sindical e a maior estrutura sindical representativa da classe docente, foi sem dúvida a alavanca impulsionadora dessa grande marcha. Cometeu um erro (como toda a Plataforma) ao ter assinado o Memorando com o ME. Mais grave do que isto seria o de persistir na continuação dos erros. Um erro tremendamente grave seria o de não se empenhar a fundo para a preservação da unidade no seio dos professores. Acredito que a Fenprof irá dar tudo por tudo para manter essa unidade, pois os seus dirigentes são homens e mulheres experientes e calejados pelas lutas da vida.
Alguns Movimentos de professores, sentindo o grande descontentamento e a revolta que tem vindo a alastrar entre a classe docente marcaram uma manifestação nacional para o próximo dia 15 de Novembro. Também cometeram um erro – foi o de não terem contactado, procurando uma ampla convergência unitária, a Plataforma Sindical. Esta cometeu novo erro marcando nova manifestação nacional para uma semana antes, dia 8 de Novembro, alegando que a escolha desta data tinha a ver com as negociações com o ME sobre as novas regras dos concursos de professores. Importante, sem dúvida, mas o que está a provocar uma grande revolta no seio dos docentes é o monstruoso modelo da avaliação de desempenho. Como diz o ditado popular: “agora é que a porca torce o rabo”. Está instalada a divisão no seio dos professores – uns dizem que vão à manifestação do dia 8, outros dizem que vão à manifestação de 15, outros referem que vão às duas, outros ainda afirmam que não vão a nenhuma. Os professores não merecem esta divisão que, obviamente, só vai favorecer o ME e o governo. Desta forma, aumentam de forma exponencial, as probabilidades do “monstro” devorar a classe docente.
Esta situação só não acontecerá desde que se afirme aquilo a que chamo os três pilares da vitória sobre o “monstro”: a Unidade, Coragem e Luta. A unidade a preservar é fundamental, unidade entre todos – Plataforma Sindical e Movimentos de Professores. Só a unidade dá consistência e força à torrente que se movimenta, a divisão enfraquece e leva o movimento a dissipar-se. Os professores unidos são uma força poderosa e já provaram do que são capazes, fazendo tremer os alicerces da tutela. O meu apelo vai no sentido da Plataforma Sindical, onde se destaca a Fenprof, e os Movimentos de Professores, em particular a APEDE, o MUP e o PROmova, procurarem preservar a unidade, apostando numa poderosa Manifestação Nacional no dia 8 de Novembro. Os Sindicatos continuam a ser imprescindíveis e os Movimentos hoje são já uma realidade, não devendo ser ignorados ou menosprezados. Os Movimentos de Professores deverão ter direito à palavra no dia 8 de Novembro.
Mas também é precisa coragem – coragem para a Fenprof e toda a Plataforma romper com o acordo assinado com o ME, dando conteúdo à declaração recentemente proferida: “Suspender esta avaliação dos professores é um serviço que se presta ao ensino público neste país”. Os professores não querem este modelo de avaliação de desempenho e já não aguentam mais. Mesmo que o ME diga que a Plataforma rompe um acordo que assinou, isso pouco importa, pois este modelo é monstruoso, transformou-se num autêntico massacre da classe docente e a sua suspensão, a caminho da revogação total, irá recentrar a atenção dos professores naquela que é a sua primeira e fundamental missão – ensinar, e permitir que se preocupem prioritariamente com quem devem – os seus alunos.
Por fim, temos a luta. E a luta é o caminho para se rebentar com o “monstro”. A luta vai ser dura, mas tem fortes probabilidades de triunfar. 8 de Novembro será a primeira etapa, outras se seguirão. Os docentes estão dispostos a lutar, pois está em causa a sua dignidade, a sua condição de professores e educadores e a defesa da Escola Pública. Como uma força, o movimento de resistência vai intensificar-se por todo o país. O Ministério da Educação (e este governo) é forte mas é simultaneamente muito fraco e tem pés de barro. A História já provou que poderosas ditaduras se esboroaram e ruíram que nem baralhos de cartas perante o avanço inexorável dos povos em movimento. Povos que se movimentam pelo progresso, dignidade e justiça social. É o que anseiam os professores e educadores deste país.
O dia 29 de Outubro é o Dia D – dia em que se vão reunir os responsáveis dos Movimentos de Professores – APEDE, MUP e PROmova - e a Direcção da Fenprof. Objectivo: possibilidade de participação numa manifestação conjunta. Essa manifestação deverá ser no dia 8 de Novembro. Não interessa a contagem de espingardas pois todos perderão, principalmente os professores. E alguém ganha, claro. Por vezes, são necessárias cedências para preservar o essencial. Como tal, todos deverão ter em conta os três pilares fundamentais para a obtenção da vitória sobre o “monstro”: a Unidade, a Coragem e a Luta.
Caso se mantenham as duas manifestações, só me resta uma solução – participar nas duas.

(*) Membro do Conselho Nacional da Fenprof e do Movimento Escola Pública

Observação: agradeço divulgação pelos vossos contactos.

Côngrua



Côngrua

Hoje vou falar de um assunto mais do que desagradável, de âmbito religioso, que me opõe à igreja católica, confessando que este assunto desagradável é apenas um entre muitos, que eu não gosto de igrejas, apesar de gostar de religiões.

O padre da minha freguesia foi substituído durante o mês de Setembro. Vai daí o novo pároco escolheu a via do peditório intimador para entrar em contacto comigo pela primeira vez na sua vida. E nem disfarçou, disse logo ao que vinha. E pelos vistos quer dinheiro. Parte do meu dinheiro. Presumo que parte do dinheiro do resto dos paroquianos desta freguesia de S. Gonçalo e de S. Veríssimo também.

"Por regra, a família deveria contribuir com um dia de trabalho do agregado familiar. (...) Os paroquianos devem livremente dar a sua contribuição, tanto quanto possível, entre Setembro e Dezembro. E se tal lhes for impossível por razões sociais e familiares graves, tenham a delicadeza e a humildade de o justificar junto do pároco."

Se for impossível a um paroquiano contribuir, por razões graves, este deve justificar-se humildemente e com delicadeza ao pároco? Justificar-se? Humildemente? Já agora pedindo desculpa pelo facto? Assumindo uma postura de inferioridade? Mas o que é isto?! Confesso que fui apanhada de surpresa perante semelhante missiva e que fiquei simplesmente estupefacta.

E fiquei a pensar... E o pároco de S. Gonçalo escolher outra forma para entrar em contacto, pela primeira vez, por escrito, com os seus paroquianos? Que tal entrar em contacto de forma mais delicada? E que tal de forma mais humilde?
Foi por estas e por outras que acabei por me afastar completamente da igreja católica.

Até entenderia o peditório para o sustento do pároco se cada um dos paroquianos não tivesse de pagar por todos os serviços que lhe são prestados. Mas, pagamos os baptismos. Pagamos as missas por alma. Pagamos os casamentos. Pagamos os funerais. Assim sendo não entendo estes peditórios para o sustento do pároco, muito menos nestes termos autoritários.

De qualquer forma parece-me lata a mais para a primeira abordagem por escrito. E confesso que me desagradou.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008


Ricardo Araújo
Fotografia de autor desconhecido

Opinião

A banca nacionalizou o Governo

"A troco de apenas algum dinheiro, os bancos emprestam-nos o nosso próprio dinheiro para que possamos fazer com ele o que quisermos. A nobreza desta atitude dos bancos deve ser sublinhada

Quando, no passado domingo, o Ministério das Finanças anunciou que o Governo vai prestar uma garantia de 20 mil milhões de euros aos bancos até ao fim do ano, respirei de alívio. Em tempos de gravíssima crise mundial, devemos ajudar quem mais precisa. E se há alguém que precisa de ajuda são os banqueiros. De acordo com notícias de Agosto deste ano, Portugal foi o país da Zona Euro em que as margens de lucro dos bancos mais aumentaram desde o início da crise. Segundo notícias de Agosto de 2007, os lucros dos quatro maiores bancos privados atingiram 1,137 mil milhões de euros, só no primeiro semestre desse ano, o que representava um aumento de 23% relativamente aos lucros dos mesmos bancos em igual período do ano anterior. Como é que esta gente estava a conseguir fazer face à crise sem a ajuda do Estado é, para mim, um mistério. A partir de agora, porém, o Governo disponibiliza aos bancos dinheiro dos nossos impostos. Significa isto que eu, como contribuinte, sou fiador do banco que é meu credor. Financio o banco que me financia a mim. Não sei se o leitor está a conseguir captar toda a profundidade deste raciocínio. Eu consegui, mas tive de pensar muito e fiquei com dor de cabeça. Ou muito me engano ou o que se passa é o seguinte: os contribuintes emprestam o seu dinheiro aos bancos sem cobrar nada, e depois os bancos emprestam o mesmo dinheiro aos contribuintes, mas cobrando simpáticas taxas de juro. A troco de apenas algum dinheiro, os bancos emprestam-nos o nosso próprio dinheiro para que possamos fazer com ele o que quisermos. A nobreza desta atitude dos bancos deve ser sublinhada. Tendo em conta que, depois de anos de lucros colossais, a banca precisa de ajuda, há quem receie que os bancos voltem a não saber gerir este dinheiro garantido pelo Estado. Mas eu sei que as instituições bancárias aprenderam a sua lição e vão aplicar ajuizadamente a ajuda do Governo. Tenho a certeza de que os bancos vão usar pelo menos parte desse dinheiro para devolver aos clientes aqueles arredondamentos que foram fazendo indevidamente no crédito à habitação, por exemplo, e que ascendem a vários milhares de euros no final de cada empréstimo. Essa será, sem dúvida nenhuma, uma prioridade. Vivemos tempos difíceis, e julgo que todos, sem excepção, temos de dar as mãos. Por mim, dou as mãos aos bancos. Assim que eles tirarem as mãos do meu bolso, dou mesmo."

Na Visão da semana passada.

Resistência - Barca - Carvalho de Rei
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Pum

Acontece-me com frequência identificar-me com a escrita de outras pessoas, principalmente se as palavras brotam em formato de poesia.
É assim que amiúde me revejo nas palavras poéticas da Maria que, frequentemente, me transportam para a minha singularidade. O poema é dela, desta minha aluna que já não tenho perante mim na sala de aula porque, com o tempo, se transformou em ex.

Aqui te deixo os parabéns, Maria, pela energia, decisão, coragem, irreverência, que transborda desta tua poesia.
Não escrevo poesia, já sabes, mas se escrevesse gostaria de fazer minhas as tuas palavras.
Beijinhos

Pum

E o pavio atingiu o fim e a bomba rebentou.
O Mundo desabou e eu caí no poço.
Mas nem assim me apanhas. Nunca me apanharás viva.
Massacrem, eu não me importo.
No final de contas, sou mais teimosa que vocês.
Estraguem tudo.
A conta, não serei eu a pagar.
Vou agora para debaixo dos cobertores, lá é que estou bem.
Amanhã saio da toca e aí haverá novo rastilho.
Esse, eu faço questão de incendiar.

PS: O sorriso está comigo, a ignorância faz-me rir.

Galinhas Chocas - Chefchaouen - Marrocos
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Aliviar o blogue
Avaliação do Desempenho Docente

Um sábio Árabe disse:

للأعيان وعدد أعبحت الشعببانية يتم ماعية و تعيينهمللأعياننوابحسب الدستور المعدل عام أصبحت إسبانيا دولة قانون إجتماعية و ديمقراطية تحت نظام ملكي برلماني. الملك منصبه فخري و رن و واحدئيس الوزراء هو الحاكم الفعلي للبلاد. البرلمان الإسباني مقسم الى مجلسين واحد للأعيا وعدد أعضاء يبل عين و واحد للنواب و عدد نتائج الانتخابات نائب. نتائج الانتخابات الأخير مباشرة من أصبحت الشعبسنوات، بينما كل 4 سنوات، بينما يعين1 عنتخاباتضو من مجلس الأعيان و ينتخب الباقون الشعب أيضاً. رئيس الوزراء و الوزراء يتم تعيينهم من قبل البرلمان اعتماداً على نتائج الانتخابات النيابية. أهم الأحزابالإس أصمقسم الى مجلسين واحد للأعيان ( وعدد الشعببانية يتم ماعية و تعيينهمللأعيان

Profundo, não é…?
Não fiques envergonhada(o) eu também chorei….!!! principalmente na parte em que diz:

أصبحت إسبانيا دولة قانون إجتماعية و ديمقراطية تحت نظامبرلماني. الملك منصبه فخري و رن و واحدئيس الوزراء هو الحاكم..

PS - Pois é. É exactamente assim a avaliação do desempenho docente!…

Nota - Infelizmente esta ideia não foi minha, mas lá que me deixou a gargalhar deixou.
Pode-a ver no contexto original em

http://raivaescondida.wordpress.com/2008/10/26/ja-os-arabes-falam-da-avaliacao-de-desempenho-dos-docentes-portugueses/

domingo, 26 de outubro de 2008

ESA - Novidades - Desacordo

Há novidades na página da ESA sobre a avaliação do desempenho docente. Assim, estive já a actualizar o meu portefólio digital e actualizei a tralha, e quando digo tralha quero mesmo dizer tralha, que por lá estava linkada na página Avaliação do Desempenho, substituindo-a pelas fichas, mais ajuizadas, do Ministério da Educação, que parece terem prevalecido, enfim, após tanto trabalho feito para ir directamente para o caixote do lixo. Já vi fichas elaboradas em algumas escolas, por professores, que me fizeram escrever indignada "Quem precisa de uma ministra Maria de Lurdes Rodrigues se a loucura está instalada entre nós?"

O meu desacordo advém do que passo a transcrever, retirado de um documento aí publicado, que contém alguns esclarecimentos, mais do que necessários, e que a dada altura diz assim:

"Que as exigências de avaliação em curso vêm sendo objecto de excessos interpretativos, levando alguns professores a darem mais atenção à sua avaliação que às funções que lhe competem"

E pergunto eu em jeito de crítica.
De quem partiram esses excessos interpretativos?
A minha Coordenadora de Departamento resolveu exigir planificações aula a aula e portefólio, sugerindo até um esqueleto do dito em documento afixado na sala do meu departamento, por alma de quem?
Pela minha não foi com toda a certeza.

Seria bom que quando nos aventuramos em novas exigências soubéssemos o que andamos a fazer e a exigir, para que depois não tenhamos que assistir ao panorama, deprimente, do voltar atrás depois do caos e dos danos causados, sacudindo, desta forma, a água do nosso capote. E continuando, o dito documento termina assim:

"O portefólio não é um elemento obrigatório nem necessariamente valorizador do desempenho docente. O que é esperado é que cada docente "guarde" de forma bem organizada as evidências do seu desempenho, como sempre fez, nomeadamente arquivando as suas planificações, os seus instrumentos de avaliação ou quaisquer outros que considere relevantes."
Escola Secundária de Amarante 22 de Outubro de 2008
O Director
Fernando F. Sampaio
Ora por aqui comprovo que o meu director ou desconhece por completo o que é um portefólio, ou baralhou-se no seu conceito. Porque um portefólio, ultrapassando o simples amontoado de fotocópias arquivadas segundo esta ou aquela lógica, exigindo reflexões constantes sobre a actividade desenvolvida, exigindo um olhar crítico sobre si próprio, sobre os percursos escolhidos e percorridos, sendo tão pessoal que leva o seu dono dentro, está sempre, mas sempre mais à frente do que um simples dossier e é sempre, mas sempre uma mais valia profissional. Assim sendo um portefólio é "necessariamente valorizador do desempenho docente" e esta característica é intrínseca ao próprio conceito de portefólio. Se o "portefólio" não cumpre esta premissa pura e simplesmente não é um portefólio.
E o meu desacordo termina agora mesmo, como começou. Considero ter sido pouco ponderado, e até precipitado, exigi-lo para agora o retirar como elemento de avaliação.
Quanto ao facto de ter deixado de ser obrigatório na ESA confesso que esse facto me deixou aliviada. Talvez assim o meu portefólio possa ser encarado de forma mais construtiva.
Aqui deixo o link para o dito documento para quem tiver curiosidade em ler mais.

Dreams - Bragança
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

O Futuro

The future belongs to those who believe in the beauty of their dreams.

Eleanor Roosevelt
Importa-se de Repetir?

Este post estava para ficar sem comentários, mas a verdade é que não resisto a fazer pelo menos uma pergunta.

Estes políticos não funcionam bem, pois não?

sábado, 25 de outubro de 2008


Camelo - Sahara Ocidental
Fotografia de Eugénio Queiroz

Importa-se de Repetir?

"Não há nenhuma razão para suspender o processo de avaliação de desempenho e não é verdade que o processo esteja a sufocar as escolas. Neste momento, aquilo que há a fazer é apenas a fixação dos objectivos individuais e não é isso que impede algum professor de trabalhar com os seus alunos”, afirmou Jorge Pedreira, em declarações à Agência Lusa."


Publicidade

Sempre gostei de publicidade e não é à toa que este blogue está recheado de excelente publicidade, aqui e ali. Partilho mais uma. Gostei da "subtileza" deste apelo a Obama, o meu candidato favorito, e do trocadilho entre o voto em branco e o voto em McCain.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Nós Avisamos!

Quem nos ouve?

Com os meus agradecimentos ao Antero. Excelente Antero, sempre em cima do acontecimento e com um sentido de humor imperdível. Para ver mais clique em http://antero.wordpress.com/




Declaração da Plataforma Sindical

Hoje, pelas 17:00: "Suspender agora esta avaliação dos Professores é um serviço que se presta ao ensino público neste País"

"Suspender o processo de avaliação desde já, e numa altira em que cresce o número de escolas que, opor motu proprio, suspendem todo o processo, permitirá", entre outros aspectos, "recentrar a atenção dos professores naquela que é a sua primeira e funmdamental missão - ensinar", sublinha a declaração lida por Mário Nogueira, na tarde de 24 de Outubro (sexta-feira), na conferência de imprensa convocada pela Plataforma Sindical.

Para ler o conteúdo completo clique em http://www.fenprof.pt/


Horários Ilegais

Sempre cumpri horários ilegais sem que alguém me ouvisse um ai, uma queixa. Pelo contrário, sempre os cumpri cantando e rindo e o testemunho dessa alegria no trabalho está espalhado por este blogue, a torto e a direito, em posts como "Hiperactividade" e outros de que não lembro o título.
O trabalho "visível" aos olhos de todos, publicado na minha página de recursos e no meu portefólio digital é apenas a ponta do iceberg do meu trabalho. Por trás do visível está muito tempo de pesquisa, selecção de materiais, digitalizações diversas, animações, minimizações, publicações, que, para o leigo que olha para as ditas páginas, pode até passar despercebido.
A esse trabalho sempre tive de juntar reuniões diversas, actas e planificações, planos de recuperação e de acompanhamento, elaboração de testes, correcção de testes, correcção de cadernos diários com apreciações escritas dos mesmos, justificações de negativas por aluno, horas cumpridas na Sala de Estudo e em Departamento, substituições, informações escritas para os directores de turma sobre cada um dos meus alunos, conversas na net com os meus alunos, esclarecimento de dúvidas sobre as matérias no msn, dossier preparado para os CEF`s, já que a sua criação é da responsabilidade de cada um dos professores uma vez que não existem manuais, sendo que se espera que eu produza material fresquinho para duas aulas de 90 minutos por semana que tem que englobar, obrigatoriamente, tempo de pesquisa em revistas da actualidade, manuais diversos e posterior selecção de material, tempo tratar das fotocópias ao longo de um ano lectivo, acções de formação diversas frequentadas em horário pós-laboral... e sei lá eu se me estou a esquecer de alguma coisa!
Sempre consegui conciliar tudo isto com a minha vida pessoal, que eu também tenho direito a ter. Sempre me chegou o tempo para ir ao café, sempre que a minha gestão de tempo mo permitiu, para ler, para ir a concertos, para organizar viagens complicadas à Mauritânia ou à Líbia, para ir de férias sempre que pude, para calcetar, cortar mato ou fazer muros na Barca, para conversar com amigos conversas intermináveis, para fazer passeios pedestres, descer o Paiva em rafs e o mais que inventei.
Hoje estou exausta. Iniciei as aulas há pouco mais de um mês e estou exausta. E o mais dramático é que sem tempo para fazer o que sempre fiz, num desespero porque nada está como eu gostaria que estivesse, porque a qualidade das minhas aulas diminuiu em resultado de tamanha exaustão.
Ser Professor tem especificidades que não são comparáveis e não têm paralelo com outras profissões. Lidamos com pessoas em formação que não podemos chutar com um "Não tenho tempo". Tem de haver tempo para um sorriso, duas gargalhadas, meia-dúzia de palavras, uma meiguice. Tem de haver tempo para escutar, para acompanhar percursos.
Vai daí hoje enchi.
O meu horário tem uma componente de trabalho na escola e uma componente de trabalho em casa.
Hoje enchi. Hoje comecei a passar o cartão na minha escola.
Hoje para experimentar o sistema. Segunda-feira para que o registo electrónico do tempo passado em trabalho na minha escola não se perca.
Quero registo do meu horário ilegal. Depois pensarei o que vou fazer com ele.



Portefólio - Voltou a Ter Graça

Voltou a ter graça. Na minha escola deixou de ser exigido, soube hoje em primeira mão.
Vai daí o meu portefólio voltou a ter graça. E, assim sendo, voltamos à situação anterior, àquela em que me sinto mais confortável. Faço portefólio simplesmente porque quero, porque considero importante para o meu crescimento pessoal e profissional.
E agora pergunto eu... e havia necessidade de provocar o alarido que provocaram lá na ESA, com exigências atrás de exigências agora em águas de bacalhau? Serei eu que não funciono bem?
Já não sei. Só sei que estou contente. O portefólio deixou de ser obrigatório! O meu portefólio voltou a ter graça!

Com uma estrutura que é minha, resultado das minhas limitações, sempre em actualização, está publicado em
http://anabelapmatias1.googlepages.com/home
Acrescento que foi feito não porque mo exigiram, mas simplesmente porque me apeteceu.
A Menina do Portefólio continua a sorrir.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Novas da Plataforma Sindical

"Plataforma Sindical dos Professores apresenta publicamente exigência de suspensão do processo de avaliação em curso

A Plataforma Sindical dos Professores promove na nesta sexta-feira, dia 24 de Outubro, pelas 17.00 horas, no Hotel Marquês de Sá, uma Conferência de Imprensa em que tornará públicas as razões por que, face à actual situação de desorganização, disfuncionamento e conflitualidade que a aplicação do modelo de avaliação do desempenho está a provocar nas escolas, exige a sua imediata suspensão.
A Plataforma Sindical dos Professores convida os/as Senhores/as Jornalistas a acompanharem esta Conferência de Imprensa."

Para ler mais clique na hiperligação http://www.fenprof.pt/


Dia Abaixo de Cão

Hoje é um daqueles dias abaixo de cão, para esquecer. Aulas a partir das 8:30 e a terminarem às 12:45. Pelo caminho fiquei sem intervalo pois tive de ir ao NAE tratar de assuntos da minha direcção de turma. A saída da escola também não se fez à hora prevista pois, mais uma vez, cumprindo um fado já rotineiro, tive de tratar de assuntos da minha direcção de turma, agora na direcção. Chegada a casa à 13:10. Sorte. Estou a 5 minutos de casa. Agora almoçarei para voltar para a escola. Entro às 15:10. Quando sair das aulas, num dia todo preenchidinho com turmas de Cef`s, ainda me esperam duas reuniões de conselhos de turma dos Cef`s, seguidinhas, com início às 17:00 e, para não me esquecer que as escolas portuguesas foram atacadas de uma doença grave chamada reunite aguda, que corre o risco de se tornar crónica sem deixar de ser aguda, às 18:30 mais uma reunião, desta feita de grupo, para marcar as famigeradas aulas assistidas que ainda vão dar muito que falar neste país.
Será que consigo retornar a casa pelas 20:00? Seria uma mulher de sorte!!!!
Nota - A última reunião terminou pelas 20:30. Estou exausta.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008



A História Repete-se

Desculpem lá, mas hoje volto ao assunto mais do que desagradável dos últimos dias. Deu-me para ver se a história se repetia... e não é que parece que sim?!
Antes da big manif de 8 de Março de 2008, a indignação dos professores, que não têm medo de emitir e assumir opiniões neste país, foi crescendo na blogosfera, num espaço de liberdade por excelência, que escapa ao poder político.
Como eu já li algures "Felizmente há blogues!"
O Bloco de Esquerda, tal como já o fez aquando da anterior explosão de protestos, linkou o meu blogue como um dos 30 blogues onde pulsa a indignação dos professores. De facto, aqui pulsa a minha indignação. A minha indignação pela minha exaustão que prejudica a qualidade das minhas aulas. Sinto isto. E sentindo não o posso calar. E nada de me confundirem com uma professora baldas que não quer ser avaliada. Sou o seu oposto e quero ser avaliada. Mas não por esta Avaliação do Desempenho trapalhona e injusta.
A história repete-se... e assim sendo... será que a manif do próximo dia 8 de Novembro será big, big? É que, já agora, só falta isso...
Aqui deixo o link para consulta do dossier.
http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=8815&Itemid=121
Aliviar o Blogue - Parte II

A importância das cores

"Napoleão Bonaparte, durante as suas batalhas usava sempre uma camisa de cor vermelha.
Para ele era importante porque, se fosse ferido, na sua camisa vermelha não se notaria o sangue e os seus soldados não se preocupariam e também não deixariam de lutar.

Toda uma prova de honra e valor.

Duzentos anos mais tarde, Sócrates usa sempre calças castanhas..."

Aqui deixo os meus agradecimentos ao meu amigo Eugénio, que me enviou esta anedota que me fez ir às lágrimas de tanto gargalhar. Thanks.
Aliviar o Blogue - Fred and Ginger

O Ministro Rui Pereira em Bruxelas

Sem comentários. Demasiado deprimente para comentários.
Ar lustroso? A pôr pomadas? Sarkozy? Uma rapariga toda giraça? Carla Bruni? Parece que é actriz? O ministro só responde a questões sobre o Conselho?
Sem comentários.

terça-feira, 21 de outubro de 2008


Jornal de Notícias - Hoje

A Ministra e o "112"
A Ministra e os "Bombeiros"

Para ler no Correio da Manhã é favor clicar na hiperligação.

http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=2638547B-B6EE-4754-B862-30A3C97D4940&channelid=ED40E6C1-FF04-4FB3-A203-5B4BE438007E
Magalhães... e nada de confusões com a dona deste blogue!!!


Avaliação do Desempenho
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Aventuras na Cozinha e Avaliação do Desempenho Docente
Parte I

Pois hoje resolvi explicar aos meus leitores não professores como funciona, em termos práticos, a Avaliação do Desempenho Docente, e para isso vou-me socorrer do exemplo de uma jantarada.
Imaginemos que decidi dar um jantar, no sábado, com o objectivo de colocar a escrita em dia com um grupo de quinze amigos. A verdade é que podia dar um almoço. Ou ainda um lanche, quiçá uma ceia ou mesmo um pequeno almoço. Assim sendo, justificarei a escolha do jantar, em detrimento de todas as outras opções, com os argumentos, verdadeiros, de que todos os convidados, sem excepção, não trabalhando ao domingo, têm inteira disponibilidade de tempo para cumprir plenamente o objectivo do jantar, sem preocupações de horários, e em plena descontracção própria de um fim-de-semana, e deixarei tudo justificadinho em relatório condizente. Não esquecer de acrescentar ao dito do relatório, como razão maior da opção jantar, o facto do R ter um voo no sábado de manhã, de ida e volta para uma qualquer cidade europeia, e que sem o R não há jantarada de amigos para ninguém.
E agora coloca-se novo problema. Jantar volante ou sentado? De novo a minha justificação, escrita em relatório, sobre a minha opção pelo jantar volante, que engloba razões como a maior liberdade de movimentos e interacção possível entre nós, a maior descontracção e à vontade conseguida num jantar deste tipo e, por último, mas não menos importante, o facto de não ter uma mesa com tamanho suficiente para albergar quinze pessoas. :)
Ok. Mas por que carga de água resolvi convidar amigos? Por que não familiares? Ou por que não fazer uma jantarada mista? Pois as razões são muito simples e variadas. É que estou com saudades destes, pois que já não os vejo há muito tempo, pois que estes são uma simpatia de rapazes e raparigas e são ainda muito divertidos e eu estou mesmo precisada de divertimento nestes dias que correm. Além do mais fiz uma jantarada com familiares a semana passada e antes dessa tinha havido uma mista... vai daí... pois será com estes quinze e justificarei tudinho por escrito em relatório catita.
Aqui chegados eis que se me coloca um dilema. Sirvo no interior ou no exterior? Diacho,vou ter de consultar o tempo na Net, de que deixarei papel impresso do comprovativo do acto, as chamadas "evidências" daquilo que afirmo ter feito... e bolas! Vai chover! Terá pois que ser no interior.
E eis que mais um problema me ocorre sobre o qual tenho de tomar rápida decisão! Pois não é que tenho que decidir em que loicita vou servir a coisa? Tenho dois serviços a uso... ufa! Ainda bem que não tenho dez! Um é inteiramente branco e liga lindamente com a mesa, branca, outro branco e azul, japonês, que liga lindamente com a mesa e as cadeiras, estas últimas azuis. Aqui chegada mais um relatório. Por um lado o branco é neutro, desaparece na mesa onde colocarei a loiça, e o branco tem ainda a seu favor o facto de ser o somatório de todas as cores. Tenho que confessar que isto me agrada. Mas, sendo que o outro é branco e azul, a verdade é que liga com a mesa e as cadeiras, estas últimas azuis. E, ao mesmo tempo, poderei justificar a escolha deste, em detrimento do outro, pelo facto de servir a refeição num servicito japonês, fazendo desta feita a ponte e o cruzamento entre civilizações distantes, entre Ocidente e Oriente que eu adoro pontes e cruzamentos. Sim, a opção será esta, e o relatório com a justificação da escolha será redigido de forma condizente.
Aqui chegados falta-me uma das coisas mais importantes... e bolas! A verdade é que com estas e com outras ainda não tive tempo para me debruçar sobre a ementa a servir. E já são horas de voltar para a escola! :)
A Avaliação do Desempenho segue dentro de momentos.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008


Lojinha - Chefchaouen - Marrocos
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Dizer a Verdade

Aqui está o esclarecimento que faltava, feito pelo próprio Matias Alves no seu blogue Terrear, acerca da sua posição no CCAP. Os rumores eram já mais do que muitos pela blogosfera. Aproveito para sublinhar o ponto 7 em que Matias Alves escreve:

"Expresso, no entanto, a convicção que o pensamento e acção do CCAP, expressas nas suas recomendações, não tiveram o impacto e a influência que a meu ver deveriam ter. E que corre o risco de ser um órgão inútil."

Assim me parece também. E este é apenas mais um dos motivos de todo este mal-estar da escola pública, longe de ser o mais importante... apenas mais um para juntar à interminável lista.

"Dizer a Verdade"

"1. Veio a público que depois da presidente do CCAP ter cessado funções devido a pedido de aposentação, tinha agora sido demitido o autor deste blogue.
2. Alegou-se que esta demissão era um sinal que o ME queria calar uma voz crítica.
3. Tentei, o mais possível, nada escrever sobre o CCAP nem sobre as saídas, ainda que tenha sido pressionado de diversos lados, porque entendi que isso era inoportuno e irrelevante.
4. Dada a mentira da alegação, é minha obrigação esclarecer:
a) dirigi à presidente cessante do CCAP no início de Setembro um pedido de cessação de funções;
b) esse pedido dizia nomeadamente o seguinte: José Joaquim Ferreira Matias Alves, membro do Conselho Científico para a Avaliação de Professores, na qualidade de professor titular do ensino secundário em exercício efectivo de funções, nomeado pelo Despacho nº 6753/2008 de 7 de Março, vem requerer a cessação de funções a partir de Setembro de 2008 uma vez que a partir dessa data deixou de exercer a função de professor titular que legitimou a sua nomeação.
Gondomar, 1 de Setembro de 2008.
Pede deferimento
5. Esclareço ainda que enquanto membro do órgão citado nunca me senti obrigado nem violentado nas posições que assumi.
6. Também é verdade que, enquanto órgão, o CCAP nunca teve qualquer interferência do poder político.
7. Expresso, no entanto, a convicção que o pensamento e acção do CCAP, expressas nas suas recomendações, não tiveram o impacto e a influência que a meu ver deveriam ter. E que corre o risco de ser um órgão inútil."

Lojinha - Chefchaouen - Marrocos
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Escola Pública

A esta hora tardia, estava eu aqui à procura duma fotografia para ilustrar um diapositivo sobre comunicação para os meus Cef`s, quando dou de caras com esta delícia de pintura naif que publicita uma lojeca de galinhas e produtos derivados em Chefchaouen. Por certo é da hora tardia... mas não é que olho para ela e volto a olhar... e o que vejo?
Duas partes, a que chamei de galinhas choquedos, quase afrontando-se, prontas para entrar em acção, condenadas que estão a não se entenderem. E pensei. Este é o estado em que Maria de Lurdes Rodrigues vai deixar a Escola Pública portuguesa, já em 2009. Tutela contra professores, professores contra tutela, professores contra professores, sindicatos de professores contra professores, professores contra sindicatos de professores, tudo de candeias às avessas.
Se o Plano de Aula tinha esse objectivo, tenho de lhes tirar o chapéu, e atribuir à equipa ministerial um Excelente. Objectivo amplamente conseguido. Excelente!
Como recompensa a equipa pode dirigir-se à lojeca e reclamar o seu prémio.
Ovos chocos, pois então!

domingo, 19 de outubro de 2008

Surpresas Atrás de Surpresas



Com os meus agradecimentos ao Antero.
In http://antero.wordpress.com/

Surpresas Atrás de Surpresas

"Tenho surpreendido muito, não é?" pergunta Maria de Lurdes Rodrigues a Paulo Chitas, autor da entrevista publicada esta semana na Visão.
De facto assim é, e quase sempre por péssimas razões.
De facto, com esta equipa ministerial, as surpresas sucedem-se a uma velocidade que já deve rondar a velocidade luz. Ip! Ip! Ip! Hurra!

Daí, provavelmente, o estarmos a ficar todos encandeados.

sábado, 18 de outubro de 2008

Light Blue



Light Blue

Eu e a maioria dos meus ex-alunos continuamos a encontrar-nos amiúde na escola. São tempos de sorrisos e risos cúmplices, que isto de convivermos semanalmente durante três anos tem que se lhe diga. "Professora, professora! Diga lá... tem saudades do 9.º F? Professora, professora"... e a pergunta repete-se com os meus ex-alunos do 9.º G e do 9.º H. Eu lá lhes respondo, entre risos e sorrisos, que sim, que tenho saudades, o que corresponde inteiramente à verdade. E eles sabem isso, muito embora esteja já noutra, à procura de estabelecer uma relação, igualmente confortável, com as minhas pulguinhas pequeninas de 7.º ano, com os meus, nalguns casos pulgões, alunos dos CEF.
A V, minha ex-aluna do 9.º F tem-me deixado a sorrir com um sorriso do tamanho da minha Barca. Pela segunda vez, ao aproximar-se de mim, diz-me com um sorriso aberto e feliz, espelhado na sua cara linda "Professora, que cheirinho a aulas de História!"
A última vez foi ontem mesmo e, propositadamente, conto este episódio da minha vida profissional depois do de ontem. Primeiro o muito mau e só depois o muito bom... para saborear, saborear e tornar a saborear, durante o meu fim-de-semana reduzido a Domingo.
Pelos vistos as minhas aulas de História cheiram a perfume. Pelos vistos as minhas aulas de História cheiram a Light Blue, o perfume fresco e colorido, enérgico e floral, claro e quase cristalino a que continuo fiel...
Já o disse inúmeras vezes neste blogue: o melhor da Escola são os alunos. Mas também é certo que estaria a cometer uma grande injustiça se me esquecesse da gente bem formada que me acompanha a vida na ESA. O A, o H, a S, a L, a E, o P, a C, a G... com quem fui estabelecendo uma relação de verdadeira amizade que, nalguns casos, extravasou a escola.
Segunda lá estaremos para as gargalhadas e protestos do costume, no bar.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A Dimensão da Minha Fúria (Com Dedicatória)

A Dimensão da Minha Fúria
(Com Dedicatória)

Este post é inteiramente dedicado aos meus queridíssimos colegas professores do Departamento de Ciências Exactas e da Natureza que, não tendo nada de melhor para fazer durante a manhã de hoje, em que estiveram em departamento, resolveram cortar na casaca da minha pessoa a propósito do meu Portefólio Digital. Parece que estão muito incomodados com o dito, e que ele, o portefólio, lhes está a provocar urticária, parece que eu não tinha nada que o pôr na página da escola, e outras coisas que tais.
Caríssimos, eu não ponho nada! Então não aprenderam ainda que quem põe são as galinhas?!
Caríssimos, vocês não têm nada de mais interessante para fazer do que falar da vida alheia nas costas da pessoa visada?
Depois não têm portefólios, não é? :)
Depois falam dos portefólios dos outros, não é? :)
Pois é, é que o tempo não chega para tudo!
A mim também me acontece o mesmo e vai daí trabalho. :)
Para vossa informação também tive departamento hoje.
Aproveitei para resolver assuntos da minha direcção de turma e ia corrigir portefólios, desta feita dos meus alunos... mas eis que o C., igualmente a departamentar, estava com umas dúvidas de trabalho no word. Guardei os portefólios, será meu trabalho para o fim-de-semana, e socorri o C.
Ah! E vim para casa feliz. :)
Comparai as atitudes e envergonhai-vos.
Ah! E como diz o meu amigo P., agora que o portefólio passou a ser obrigatório deixou de ter a graça que tinha.

Assinado: "A Menina do Portefólio".

Euzinha. Aquela que continua sem esqueletos no armário.

Esclarecimento - Este post é uma excepção no meu blogue. Resolvi passar ao ataque com as armas de alguns, felizmente poucos. Devo informar os meus leitores que não gostei absolutamente nada da coisa e que não fiquei cliente da atitude.
E acrescento que não confundo o todo com a pequeníssima parte dos infelizes protagonistas de conversa "tão elevada".

A Dimensão e a Beleza da Minha Fúria :) :) :)


Sem-Abrigo - Caen - França
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Dia Mundial Contra a Pobreza

Aqui fica assinalado. Sem pompa. Com circunstância.


As Inscrições Estão Abertas

Ora vamos lá a ver quem mexe o rabo. Eu mexo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Direcção de Turma - É Gozo


ESA - S. Gonçalo - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Direcção de Turma - É Gozo

Devo dizer desde já que não era directora de turma há quatro anos e que daí para cá muita coisa mudou na vida de um/a DT. O trabalho que se exige a um DT hoje em dia não tem nada, mas mesmo nada a ver com aquilo que se exigia quando fui DT a última vez. Há muitos dias em que não usufruo sequer de intervalos, há muitos dias em que vou bem antes do horário de entrada para a escola e muitos dias em que saio bem depois do meu horário para tratar de problemas da minha direcção de turma, já passei horas no Sr. Manuel, coitado, a tentar entrar em contacto com este ou aquele encarregado de educação, nalguns casos com êxito, noutros nem tanto, já estreei o serviço de aviso por sms para aviso instantâneo do encarregado de educação do aluno/s prevaricadores, já passei horas e horas embrenhada em processos que relatam as vidas dos alunos, nalguns casos desde o nascimento, o Projecto Curricular de Turma segue em velocidade cruzeiro com estudos estatísticos e informações diversas para trás e para a frente, já me inteirei dos casos problemáticos em termos de assiduidade, em termos de comportamento, sou cliente assídua do Núcleo de Apoios Educativos, da psicóloga da escola, da secretaria, do SASE, da portaria e até já tive de ir para a cantina resolver problemas diversos.
Devo informar que o mais impressionante, para mim, nesta nova experiência, é a degradação das relações familiares, a falta de respeito de pais para filhos e de filhos para pais, a forma como uns falam com os outros, a grosseria ali à minha frente. A minha experiência anterior em nada se assemelhava com esta realidade e parece-me que a escola é hoje um local bem mais problemático do que aquilo que já foi.
E confesso, honestamente, que já corri mais atrás dos filhos que não são meus, neste mês de aulas, do que corri atrás da minha filha a minha vida toda.
E fico eu a pensar. O Ministério da Educação concede-me 45 minutos semanais para trabalho na direcção de turma?!
E fico eu a pensar. O Ministério da Educação concede-me 45 minutos semanais para atendimento aos pais?!
É gozo!
A Generalização da Loucura

A estratégia foi excelentemente pensada e ainda melhor executada. O ME livra-se de qualquer maneira dos seus funcionários mais dispendiosos, em final e no topo da carreira, que usufruem das maiores reduções de horas lectivas e substitui-os por professores contratados, sem reduções horárias e infinitamente mais baratos.
Gabo-lhes o desplante e a desfaçatez de se marimbarem numa classe profissional no seu todo.
Jamais esquecerei. Jamais esqueceremos.