Dia de Luta - 24 de Novembro - Contratados
Recebi o e-mail directamente do Paulo Ambrósio a solicitar-me a colaboração no sentido de divulgar o teor do mesmo. Aqui fica pois o dito e-mail, com o meu desagrado expresso por ver os membros do meu sindicato a não patrocinarem uma acção de protesto frente ao ME, dos professores contratados, aqueles que serão os grandes lixados já no próximo ano lectivo porque têm tudo a perder em termos de emprego.
Tempos difíceis aqueles que vivemos, com divisões incompreensíveis entre quem nos deveria apoiar na luta contra este desgoverno que se abate sobre os mais frágeis, qual canibal!, e que continua a engordar de gente parasita, duplicada, triplicada e o mais que calha dentro dos ministérios.
Tempo miserável, este em que vivemos.
Porca miséria!
CAROS COLEGAS: SOLICITO-VOS AMPLA DIVULGAÇÃO DO COMUNICADO ANEXO A ESTE MAIL
Nota explicativa: após o veto político da Comissão Executiva do SPGL à decisão unânime da Comissão de Contratados e da Frente de Desempregados do SPGL de realizar uma concentração de docentes precários frente ao ME no dia da Greve Geral, os colegas precários que integram estes dois orgãos sindicais, decidiram (também por unanimidade) levar por diante a dita concentração, mesmo sem o apoio do sindicato, e de forma independente e auto-organizada. Esta decisão corporizou-se a partir da divulgação interna desta tomada de posição: "MAIS UM VETO POLÍTICO DA COMISSÃO EXECUTIVA DO SPGL
A decisão da Comissão Executiva do SPGL - de não autorizar a nossa concentração frente ao ME no dia da Greve Geral - é fiel ao seu histórico de mais de 10 anos, era previsível, diria mais, politicamente inevitável. E, desgraçadamente, inatacável no plano estatutário, do SPGL.
Os argumentos que os ilustres "comissários" agora invocam ("incapacidade de mobilização dos contratados com as presenças do costume...") são também eles farisaicos e de pés de barro: basta lembrar o êxito da acção "Vuvuzelas contra a Precariedade" do passado dia 13 de Setembro frente ao ME (onde alguns de nós também estiveram). Recordo os mais antigos e informo os mais novos que, já com o nosso acampamento frente ao ME de 9 e 10 de Dezembro de 1999 (que a História registaria como o ariete definitivo para o arranque da legislação, consagrando o subsídio de desemprego docente, ao governo de então, para todos os docentes desempregados desde então até aos nossos dias) se tinha passado algo análogo: ele foi de igual forma alvo de desconfiança, descrédito e até de ridicularização pelas mesmas forças que hoje vetam mais uma decisão democrática e unânime da nossa Frente de Trabalho. Mais grave ainda, o próprio Secretariado Nacional da federação (SN) com Paulo Sucena à cabeça, e a FENPROF, por arrasto desse acampamento se distanciou "prudentemente". E de igual forma o mesmo sucedeu com a ocupação dos Centros de Emprego e o nosso acampamento frente à Cimeira Europeia, na FIL em 22 de Março de 2000, que viria a ser o maior êxito mediático de denúncia dos sindicatos docentes até hoje, com distribuição de comunicados em inglês e entrevistas cedidas por nós à Rádio Nacional da Finlândia, à CNN, BBC, RAI, TVE, TVGaliza e Televisão da Grécia, entre outras. E idem idem aspas aspas com a nossa ida colectiva à Sopa dos Pobres no dia 12 de Outubro de 2000 (outro êxito mediático retumbante), objecto 6 dias depois de uma Moção de solidariedade com a acção e com os camaradas que a desencadearam, aprovada na Assembleia Geral de Sócios, com votos contra de toda a Direcção do sindicato e das suas hostes (!). Foi também assim com a nossa adesão à Greve Nacional aos Exames, de 18 e 21 de Junho de 2001, em que todos a fizemos (ao abrigo do Pré-Aviso da ASPL e do SNPL) e alguns a anunciaram e para ela mobilizaram, mesmo ao arrepio da sua desconvocatória de véspera, pelo SN da FENPROF, a troco da assinatura de um vazio protocolo com o ME de então (agora não se chamam "protocolos", mas sim "memorandos" ou "acordos de 'princípios"...).
E nunca será demais recordar que quem assumiu a cabeça dessas convocatórias, apelos e mobilizações, com conferências de imprensa televisivas, visitas a dezenas de escolas, incluindo a visita solidária à escola onde a adesão a esta greve foi total (a ES da Batalha, na área do SPRC), arcaria com um processo discipinar promovido por essa mesma Comissão Executiva. Pode-se perguntar se os tempos seriam outros. A resposta é: de facto - e saudosamente - eram mesmo outros! Porque então, ao contrário de hoje em dia, os camaradas levantavam bem alto a bandeira da nossa identidade e autonomia de precários, estavam nos órgão de precários, eleitos pelos seus iguais, para os defenderem denodadamente, nos seus cargos e mandatos, antes de tudo o mais e contra tudo e contra todos, sem nada a perder e tudo a ganhar. E desafiavam frontalmente no terreno a Executiva e o SN, mais do que uma vez, levando a cabo as reuniões e acções por si decididas e auto-organizadas - e algumas de rua - ao arrepio da dita Executiva e SN.
Esta é a lição histórica que se pode tirar. Foi assim, lutando na frente interna (contra as forças de bloqueio das direcções sindicais), para mais tarde lutarmos na frente externa (contra o ME e o Governo) que obtivemos a maior conquista de todos os tempos dos docentes contratados. Ela não caíu do céu, em mãos dóceis e "politicamente correctas" . Porque nada dessa forma cai do céu - a não ser precipitação climatérica e meteoritos. E para não resvalar para o vernáculo ou endurecer ainda mais a escrita de cera, que já vai longa para tão "ruins defuntos", finalizo de forma cristã. Com as poderosas palavras do conhecidíssimo sermão da montanha, que talvez se aplicassem de chapa aos ilustres membros da Comissão Executiva - e aos seus vetos e afins: "Mas ai de vós escribas e fariseus hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos céus e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando!"
Paulo Ambrósio (membro da Coordenação da Frente de Professores e Educadores Desempregados do SPGL/ FENPROF)
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
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