Sol - Procissão do Corpo de Deus - S. Gonçalo - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Um "Exercício Curioso" Realizado a Partir dos Portefólios de História
Em 16 de Julho de 2011, escrevi:
A Importância da Língua Portuguesa - Trabalho
A Língua Portuguesa é para nós, falantes dela, apenas basilar e estruturante de todo o pensamento e de todo o conhecimento. Pensamos em português, falamos em português, esta é a língua que utilizamos para comunicar desde que nascemos, ainda antes, para ser mais precisa, e é através dela que chegamos ao conhecimento seja do que for pois ela está sempre presente no nosso dia-a-dia, nas aprendizagens que fazemos no recato do nosso lar, nos espaços de convívio com os nossos pares e com os nossos ímpares também, na escola, obviamente, onde ela está omnipresente. É através dela que estruturamos o nosso pensamento e o nosso conhecimento, descodificamos e formulamos mensagens. Ou não.
Deparo-me, enquanto portuguesa, com um péssimo uso da Nossa Língua Materna e não me estou só a referir aos estratos sociais, económicos e culturais mais baixos da nossa sociedade. A cada passo, detecto erros ortográficos na legendagem de filmes, na "legendagem" dos noticiários, que mania de pôr aquela tira horrorosa que nos tapa o fundo do écran e nos dispersa a atenção para outras notícias que não a que está a ser dada!, até nos manuais escolares já para não falar nos pontapés de gramática dados por muitos dos nossos "governantes" que escrevem qualquer coisa que não português e cujo exemplar máximo é/foi, sem dúvida, a Directora Regional da Educação do Norte, Margarida Moreira de seu nome, que por certo todo o país fixou, dado o escândalo da coisa.
A Língua Portuguesa comanda-nos as aprendizagens em todas as áreas do Saber. Se eu não conseguir descodificar uma qualquer questão de Matemática ficarei por certo a olhá-la como um boi para um palácio. Se eu ler uma questão num teste de História e compreender o contrário do que me está a ser pedido está bom de ver qual vai ser o seu resultado final.
Por ter a consciência da importância da Língua Portuguesa e das debilidades sentidas pelos alunos neste domínio, quando estes me chegam à sala de aula no 7º ano de escolaridade, qual o papel que escolhi para mim, enquanto professora de História e de Língua Portuguesa?
Ficar somente a barafustar com os meus alunos porque os erros ortográficos assim e as construções frásicas assado e ai meus deuses, ai meus deuses que isto é inacreditável!?
Pois, também barafusto, mas, para além disso, exijo-lhes um português escorreito, frases completas nos exercícios e nos testes, portefólios, que já foram cadernos em tempos que já lá vão, ordenados e que são vistoriados por mim, de quando em vez, exaustivamente, fazendo a sinalização dos erros ortográficos que os alunos têm de corrigir dez vezes, das faltas de acentos, que os alunos têm de corrigir cinco vezes e a mesma coisa para os sumários inventados e que não correspondem minimamente ao que eu ditei e que, por vezes, me deixam verdadeiramente estupefacta perante a criatividade das criaturas.
Este meu trabalho enquanto docente, de portefólios à tiracolo que arrasto para a sala de professores ou mesmo para minha casa, num trabalho imenso que eu não sou obrigada a fazer mas faço por entender ser benéfico para os alunos, já foi alvo de gozos infindáveis por parte de outros meus colegas de profissão porque sim, eu ganho exactamente o mesmo que outros nas minhas circunstâncias e sim não tenho nada de mais interessante para fazer na vida e sim, contento-me muito e fico muito feliz quando mando os alunos, no início do 3º período, fazerem um exercício muito simples - contarem os erros dos seus portefólios no 1º e no 2º período que anotam no quadro em colunas separadas. No fim é só fazer o que o outro disse, é só fazer as contas e pedir aos alunos para encontrarem uma explicação para a tendência de os erros diminuírem, de um período para o outro, mais de dois terços. E sim, a cabeça deles também foi feita para pensar e lá me ensaiam explicações - Pois, professora, ficamos mais cuidadosos porque sabemos que a seguir temos de corrigir os erros! Pois, professora, mais vale estar mais atento e fazer logo bem à primeira! Pois, professora, não queremos o trabalho de corrigir os erros dez vezes.
É claro que eu podia simplesmente barafustar. É evidente que teria muiiiito menos trabalho com isso. É claro que também poderia fazer de conta que cumpro os critérios de avaliação dos alunos apenas a olhar de relance para os portefólios, tirando-lhes as medidas a olhómetro, ora deixa cá ver, sim senhora, está muito giro! A chatice é que acredito que esse é um péssimo caminho e que, por ser de tal qualidade, eu escolhi não ir por aí. Além de que o exemplo dado aos meus alunos seria o da desonestidade e eu também não admito ir por aí.
Ah! E as evidências deste meu trabalho, agora tão em moda, estão aqui.
E sim, tenho um saco deles, um Saco de Portefólios. Obrigada, Lai.
A Língua Portuguesa é para nós, falantes dela, apenas basilar e estruturante de todo o pensamento e de todo o conhecimento. Pensamos em português, falamos em português, esta é a língua que utilizamos para comunicar desde que nascemos, ainda antes, para ser mais precisa, e é através dela que chegamos ao conhecimento seja do que for pois ela está sempre presente no nosso dia-a-dia, nas aprendizagens que fazemos no recato do nosso lar, nos espaços de convívio com os nossos pares e com os nossos ímpares também, na escola, obviamente, onde ela está omnipresente. É através dela que estruturamos o nosso pensamento e o nosso conhecimento, descodificamos e formulamos mensagens. Ou não.
Deparo-me, enquanto portuguesa, com um péssimo uso da Nossa Língua Materna e não me estou só a referir aos estratos sociais, económicos e culturais mais baixos da nossa sociedade. A cada passo, detecto erros ortográficos na legendagem de filmes, na "legendagem" dos noticiários, que mania de pôr aquela tira horrorosa que nos tapa o fundo do écran e nos dispersa a atenção para outras notícias que não a que está a ser dada!, até nos manuais escolares já para não falar nos pontapés de gramática dados por muitos dos nossos "governantes" que escrevem qualquer coisa que não português e cujo exemplar máximo é/foi, sem dúvida, a Directora Regional da Educação do Norte, Margarida Moreira de seu nome, que por certo todo o país fixou, dado o escândalo da coisa.
A Língua Portuguesa comanda-nos as aprendizagens em todas as áreas do Saber. Se eu não conseguir descodificar uma qualquer questão de Matemática ficarei por certo a olhá-la como um boi para um palácio. Se eu ler uma questão num teste de História e compreender o contrário do que me está a ser pedido está bom de ver qual vai ser o seu resultado final.
Por ter a consciência da importância da Língua Portuguesa e das debilidades sentidas pelos alunos neste domínio, quando estes me chegam à sala de aula no 7º ano de escolaridade, qual o papel que escolhi para mim, enquanto professora de História e de Língua Portuguesa?
Ficar somente a barafustar com os meus alunos porque os erros ortográficos assim e as construções frásicas assado e ai meus deuses, ai meus deuses que isto é inacreditável!?
Pois, também barafusto, mas, para além disso, exijo-lhes um português escorreito, frases completas nos exercícios e nos testes, portefólios, que já foram cadernos em tempos que já lá vão, ordenados e que são vistoriados por mim, de quando em vez, exaustivamente, fazendo a sinalização dos erros ortográficos que os alunos têm de corrigir dez vezes, das faltas de acentos, que os alunos têm de corrigir cinco vezes e a mesma coisa para os sumários inventados e que não correspondem minimamente ao que eu ditei e que, por vezes, me deixam verdadeiramente estupefacta perante a criatividade das criaturas.
Este meu trabalho enquanto docente, de portefólios à tiracolo que arrasto para a sala de professores ou mesmo para minha casa, num trabalho imenso que eu não sou obrigada a fazer mas faço por entender ser benéfico para os alunos, já foi alvo de gozos infindáveis por parte de outros meus colegas de profissão porque sim, eu ganho exactamente o mesmo que outros nas minhas circunstâncias e sim não tenho nada de mais interessante para fazer na vida e sim, contento-me muito e fico muito feliz quando mando os alunos, no início do 3º período, fazerem um exercício muito simples - contarem os erros dos seus portefólios no 1º e no 2º período que anotam no quadro em colunas separadas. No fim é só fazer o que o outro disse, é só fazer as contas e pedir aos alunos para encontrarem uma explicação para a tendência de os erros diminuírem, de um período para o outro, mais de dois terços. E sim, a cabeça deles também foi feita para pensar e lá me ensaiam explicações - Pois, professora, ficamos mais cuidadosos porque sabemos que a seguir temos de corrigir os erros! Pois, professora, mais vale estar mais atento e fazer logo bem à primeira! Pois, professora, não queremos o trabalho de corrigir os erros dez vezes.
É claro que eu podia simplesmente barafustar. É evidente que teria muiiiito menos trabalho com isso. É claro que também poderia fazer de conta que cumpro os critérios de avaliação dos alunos apenas a olhar de relance para os portefólios, tirando-lhes as medidas a olhómetro, ora deixa cá ver, sim senhora, está muito giro! A chatice é que acredito que esse é um péssimo caminho e que, por ser de tal qualidade, eu escolhi não ir por aí. Além de que o exemplo dado aos meus alunos seria o da desonestidade e eu também não admito ir por aí.
Ah! E as evidências deste meu trabalho, agora tão em moda, estão aqui.
E sim, tenho um saco deles, um Saco de Portefólios. Obrigada, Lai.
Hoje voltou a ser dia de fazer este exercício curioso de que já falei no post originalmente publicado em 2011. Mandei os alunos contarem os erros assinalados e por mim corrigidos a vermelho, para se ver bem!, nos seus portefólios, separados por períodos. Os resultados foram do agrado de todos e foi ver como portefólios de alunos com trinta erros no 1º período passaram para oito no 2º, dezoito para quatro e assim sucessivamente, nem um a fazer o movimento inverso, tudo a progredir no sentido da melhoria, do cuidado, do esmero, do respeito que devemos a esta língua que é a nossa.
Sem que eu seja uma expert de Língua Portuguesa, a verdade é que a vou dominando com relativa facilidade e grande respeito e vou fazendo o que está ao meu alcance para transmitir aos meus alunos um facto que nem sempre é muito claro para eles - O português que falamos e escrevemos é um dos cartões de visita mais importantes que podemos usar durante toda a nossa vida.
Capice?
Nota - Se eu gostei do exercício... eheheh... tenho a dizer-vos que os alunos não me ficaram atrás e foi vê-los a irromper em salvas de palmas sucessivas e sorrisos rasgados sempre que um deles apresentava os seus dados.
Valeu, Alunos Meus! As aprendizagens também têm de ser feitas com Alegria!
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