quinta-feira, 18 de abril de 2019

ILC - A Palavra a Alexandre Henriques


ILC - A Palavra a Alexandre Henriques

Chegou hoje ao fim a vida da ILC, mas atrevo-me a dizer que a ILC ficará para sempre gravada na memória de todos os que acreditaram que era possível fazer mais do que desabafar na sala de professores. Confesso que fiquei surpreendido por apenas o PS ter votado contra, pois os restantes partidos apresentaram projetos próprios para a recuperação integral do tempo de serviço congelado.
Uma palavra para o Bloco de Esquerda e PAN, que votaram a favor da ILC, mostrando coerência com o que disseram ao longo destes meses.
Votos: contra do PS, abstenção do PSD, CDS, PCP e Verdes e votos a favor do BE e do PAN

Em modo de balanço permitam-me a seguinte reflexão…
  • Sempre tive a consciência que a ILC a passar seria um verdadeiro milagre democrático. A nossa jovem democracia ainda não amadureceu o suficiente para que a Assembleia da República veja com bons olhos iniciativas de cidadãos. A tendência para catalogar estes movimentos politicamente, mina logo à partida qualquer iniciativa que até tem uma visão equidistante a nível político. Além disso, a necessidade de ter 20 mil assinaturas, prova que a Assembleia da República não quer muitas destas iniciativas. Os problemas da plataforma mostraram também que a casa da democracia precisa de estar mais aberta e preparada para a voz do povo. Lamento a dificuldade que foi conquistar as 20 mil assinaturas. Num universo de 100 mil professores e sendo este um tema transversal à maioria dos docentes, o tempo e a resistência em conseguir as assinaturas foi uma surpresa desagradável. 
  • Esta dificuldade foi maior, em grande parte, pela aversão dos sindicatos (exceto o S.TO.P que sempre apoiou esta causa) em unir-se aos professores, curiosamente aqueles que representam. Muito foi dito e muito foi feito para prejudicar a ILC, algo que deveria envergonhar uma classe de sindicatos que revelou pouca tolerância para ações externas ao seu domínio. Confundiram claramente a intenção de um grupo de professores independentes, por esquemas e jogadas partidárias ou de roubo de protagonismo. Podiam ter dito que respeitavam a iniciativa e seguiam o seu caminho, infelizmente não foi assim… A ILC teve um adversário inesperado com meios que os professores organizadores nunca tiveram. 
  • A aposta de tudo ou nada e de uma só vez para a recuperação dos 9-4-2 não foi por acaso. Quando se parte para uma negociação, partimos com o objetivo máximo, mas cientes que a ILC seria sempre uma porta a outras propostas ou até a uma alteração no prazo da recuperação, embora que inferior ao que está a ser apresentado. Apresentar um número de anos para a recuperação do tempo de serviço seria contraproducente, até porque sabíamos que essa era uma matéria da competência dos sindicatos e nunca foi nosso intuito calcar os pés de ninguém. 
  • A ILC morreu, mas caiu de pé! Apesar das dificuldades, ficará para sempre a memória de que é possível praticar a democracia. 
  • Por fim, uma palavra de agradecimento a todos os meus colegas que tanto lutaram pela ILC, quer dentro da comissão, quer por esse país fora, provando que é possível unir a comunidade educativa. 
Alexandre Henriques  (este artigo é uma opinião pessoal e não vincula qualquer membro da comissão da ILC)

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