quinta-feira, 31 de julho de 2008

Sangue



Sangue

Recebi a costumeira ordem de marcha para a dádiva de sangue que se realizará no próximo sábado, dia 2 de Agosto, na E B 2/3 de Amarante.
Orgulho-me por ser Dadora de Sangue. Orgulho-me por dar aquilo que o meu corpo produz intimamente, em quantidade e qualidade, para proceder às dádivas a que o Instituto Português de Sangue nos desafia periodicamente.
Não faltarei. Como sempre.
E os meus leitores da zona?
Irão?

Para saber mais visite http://www.ipsangue.org/

Nota - A mão é minha, aos onze/doze anos, impressa a vermelho nas aulas de desenho com a professora Maria José, que viria a ser a Zé, quando voltei ao Ciclo Preparatório, já não como aluna, mas como professora.
Excelentes recordações destas aulas, num edifício a cair de podre, onde eu fui muito feliz enquanto aluna.

Damien Rice - 9 Crimes

Damien Rice - 9 Crimes

A precisar de música, volto a um amor antigo que ainda não consegui ouvir em concerto.
Um dia será.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

"Un Hiver à Cisnadiora"


Barca - Serra da Aboboreira - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

"Un hiver à Cisnadiora"

"Cet étranger

Je ne suis que la résonance
de tout ce qui arrive en moi,
de ce monde inconnu qui se confie
en dehors de moi, prenant forme
par le canal des mots qui traversent
mes cerveaux, m'apprenant,
comme a dit Rimbaud, que "JE est un autre",
cet inconnu qui
parle par le poème
une fois éloigné de moi et qui j' interroge
dans le mirroir sonore de mon être,
me demandant si c'est vraiment moi,
cet étranger qui s'adresse à moi, par mes propres
mots, m' étonnant
que cet autre soit vraiment moi."

Eugène Van Itterbeek, Sibiu, Éditions Les sept dormants.

Obrigada, Elsa C., pela partilha generosa.

Home/Heart


Home - Sahara - Marrocos
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Home/Heart

"Home is where the heart is..."

ClapClapClapClap!!!!!...

terça-feira, 29 de julho de 2008

Profs: Isto é Importante

Profs: Isto é Importante

Caros colegas,
Terminado o ano lectivo de 2007/2008, a FENEI/SINDEP vem alertar os professores e educadores para o Despacho sobre a organização do ano escolar 2008/2009.
Lido e analisado o Despacho, salientamos a componente não lectiva de trabalho de estabelecimento. Parece-nos claro que o Ministério da Educação (ME) tem, como objectivo, colocar, nesta componente, todo o trabalho que, a ser exercido pelos professores, ultrapassa, claramente, o limite máximo de horas designado para esta componente pelo próprio Ministério. Acresce para os professores coordenadores avaliadores, ainda, a função da avaliação de desempenho no seu departamento com as inerências, já sobejamente conhecidas, sobre o cargo que desempenham. Recordamos que as reuniões (várias, quer ordinárias, quer extraordinárias) não estão contempladas nesta componente e que, em todo o Despacho, não há qualquer referência à duração das mesmas. Alertamos ainda para o facto de as horas, designadas na componente não lectiva de trabalho individual, poderem vir a ser excedidas devido a variados factores.
A FENEI/SINDEP tem, em seu poder, uma amostragem que elaborou ao longo deste ano lectivo e que aponta para uma média de 10 horas de trabalho a mais ao horário de 35 horas semanais do professor. Note-se que não estariam ainda contabilizadas as horas dispensadas para o processo de avaliação, que se iniciará no próximo ano lectivo.
A FENEI/SINDEP vem alertar todos os professores e educadores para que acrescentem mais uma tarefa à actividade burocrática imposta pelo Ministério, desta feita para sua defesa e no respeito pelas 35 horas de trabalho semanal.
Colegas, registem semanalmente todas as horas de trabalho acrescido, incluindo a duração de todas as reuniões! Não cedam ao profissionalismo, que sempre nos pautou, de trabalhar horas a mais, em prol dos alunos! Levámos anos a fazer isso, para agora nos virem dizer que “não queremos trabalhar”. Não contrariem os limites ao número de horas da componente não lectiva de trabalho no estabelecimento e, se o fizerem ou sempre que o fizerem, devem requerer o pagamento de horas extraordinárias, comunicando, aos sindicatos, para que se possa proceder em conformidade com a lei.
A FENEI/SINDEP deseja a todos os professores boas férias!
Lisboa, 24 de Julho de 2008
O presidente da FENEI
E secretário-geral do SINDEP
Carlos Alberto Chagas

O Turno da Noite Volta a Atacar

O Turno da Noite Volta a Atacar

O Turno da Noite já atacou este ano. Volta a atacar hoje mesmo e assim sendo o Turno da Noite vai trabalhar.

Chegadas as notas de exame dos nossos meninos e depois do tratamento informático que o Helder lhes dá, alguém tem de passar as notitas de exame para os Livros de Termos, numa tarefa própria do século passado. Somos várias e variadas. Tudo mulherio. Eu sou uma delas. Estamos praticamente todas oficialmente de férias, mas temos trabalho. É claro que se eu ficar para aqui a lembrar-me da minha ministra perco já a vontade de entrar na ESA. Disse até ao Eugénio que já estava de férias e entre gargalhadas disse-lhe que estava a chegar ao Senegal. Infelizmente não é verdade. Talvez para o ano, que estou a precisar de uma grande viagem para arejar a minha moleirinha. Mas por agora espera-me trabalho. Mais uma vez no Turno da Noite. Como eu gosto. Fazemos o trabalho com grande concentração, entrecortado por sonoras gargalhadas. E risinhos. Ajuda.

Nota - Lá terei de interromper as férias e prolongá-las lá para Setembro. Antigamente o trabalho sempre se fez mesmo que em período de férias. Agora... Alto e pára o baile!

Because There Is No Place Like Home!

Because There Is No Place Like Home!

Desconheço a autoria desta mensagem que me chegou via e-mail provinda da minha mui querida Angie Abreu.
Achei-a, acima de tudo, muito ternurenta. Por isso a partilho.
E transponho para aqui a questão que deixei nos comentários:
Se nós para eles somos "Home", o que é que eles serão para nós?

Woman has Man in it;
Mrs. has MR. in it;
Female has Male in it;
She has He in it;
Madam has Adam in it;

No wonder men always want to be inside women! Men were born between the legs of a woman, yet men spend all their life and time trying to go back between the legs of a woman...

Why?

BECAUSE THERE IS NO PLACE LIKE HOME!!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Trabalho




 
Trabalho

"Trabalho" é o que eu respondo à pergunta "Que fazes?
Continuo a trabalhar isolada e arduamente encarnando um misto de formiguinha e cigarra porque nem uma coisa me chega, nem outra me satisfaz. Trabalho porque as coisas nunca me caíram do céu aos trambolhões e, curiosamente, continuam a não cair.
Aproveito, como sempre, esta fase mais morta, em termos de trabalho, na escola para aprimorar e adiantar o meu trabalho pessoal, aquele que não pode ser feito por mais ninguém. Durante o tempo de aulas o tempo não me chega, nunca me chegou, para fazer tudo aquilo a que me vou propondo ao longo dos anos. Este método e organização ficou-me dos anos em que acumulei 33 horas lectivas em Amarante, Toutosa e Marco de Canaveses, leccionando matérias muito diferentes entre si, tendo centenas de alunos por ano, tendo 30 minutos desde o toque na Secundária do Marco até à entrada da sala de aula em Amarante. Vivia permanentemente em trânsito, num trabalho agitado e constante que não me dava tréguas nem grandes momentos mortos. Tive de me organizar. De outra forma não teria sido possível.
Esse era o tempo dos acetatos que aproveitava para elaborar em período de férias, pesquisando aqui e ali, tirando cópias a cores que depois pintava, quantas vezes!, à mão, num trabalho amalucado que me dava muito gozo e que só dava por concluído quando me satisfazia. É a este trabalho que definitivamente estou a dizer adeus. Estou finalmente a retirar os acetatos dos dossiers onde se encontravam impecavelmente guardados e protegidos, divididos por períodos ou temas, apoiando aula a aula segundo uma organização que é a minha. Estou agora a empilhá-los, libertando espaço para as minhas apresentações em PowerPoint, impressas em modo de folhetos que são agora a coluna vertebral das minhas aulas. Os diapositivos já estão guardados num arquivo muito morto onde em breve estarão acompanhados por este material que me custou horas e mais horas do meu trabalho. Consegui aproveitar alguns acetatos que, depois de digitalizados, integrei aqui e ali nas apresentações que agora uso. Mas a maioria deles não tem agora qualquer préstimo.
Não faço isto sem pena. Estou a encostar muito e válido trabalho, estou a encostar acetatos de que gosto, pois foram feitos por mim, segundo os fins a que se destinavam. Já o disse neste blogue. Digo-o uma e outra vez. Decerto tenho a mania de ser original pois nunca me consegui ajustar muito bem a material construído por outros, nunca me consegui ajustar a acetatos enviados pelas editoras. É defeito meu. Continuo a fazer uma preparação de aulas que é a minha e que não é de mais ninguém, ajustada aos materiais que eu construo e exploro a cada aula que passa.
O meu trabalho é com e para os meus alunos. Para realidades e pessoas bem concretas, portanto. O resto é fait-divers.
E não me venham dizer que quero ser titular porque não quero. Não quero. Felizmente que para isso é necessário concorrer. Não concorrerei. A minha forma de estar na vida não passa por esse objectivo e só o termo Titular me causa repugnância. Sou Professora. Foi o que escolhi ser. E ponto final. Mas também não me venham dizer que estou a trabalhar para o Excelente. Não estou.
O meu trabalho vem de trás. De muito antes de se falar desta Avaliação de Desempenho.
Atiro-o à cara de quem me chatear.

Que hei-de eu fazer? Eu gosto deste rapaz!

Que hei-de eu fazer? Eu gosto deste rapaz!


Agora Sem/Com Comentários



Agora Sem/Com Comentários

Esta fotografia de Maria de Lurdes Rodrigues acompanhou uma entrevista dada pela mesma, há já algum tempo, ao Expresso. O teor da entrevista foi mais do mesmo. Foi aquilo a que já todos nos habituámos. A novidade esteve/está nas várias fotografias que a ilustraram e em que se "mostra", ou melhor, queria mostrar, uma ministra jovial, de riso fácil, aberto e franco, de pose descontraída, uma pessoa de bem com a vida, enfim, uma amiga que se gostaria de ter no nosso círculo de amigos. Se o registo sisudo lhe fica mal, nos transmite zanga permanente com a vida, insatisfação, frustração, rispidez, autoritarismo, este assenta-lhe pessimamente porque completamente falso e balofo. Mas é que a bota não diz com a perdigota.
Aconselho calma. Assim não lavam a imagem da senhora.
Aliás, poderá algum dia ser lavada?

domingo, 27 de julho de 2008

Ai éme grin!!! Grin-grinnn too... Claaaaaappppppp!

Ai éme grin!!! Grin-grinnn too....
Claaaaaappppppp!

Engraçado... não fazia ideia. Confesso que até pensei que seria azul, muito embora não saiba se isso é bom ou mau, decente ou indecente.
Vai daí... será por isso que o verde me acompanha desde sempre neste blogue?

GREEN

You are a very calm and contemplative person. Others are drawn to your peaceful, nurturing nature.

Find out your color at QuizMeme.com!

XXI - Festival de Folclore
















Ranchos - Vilarinho - Vila Caiz - Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

XXI - Festival Nacional de Folclore

Confesso que as edições anteriores deste festival me passaram completamente ao largo e que só ontem tomei contacto, pela primeira vez, com este evento que mobiliza tantos ranchos folclóricos para o lugar de Vilarinho, Vila Caiz.
Foi em Vilarinho que decorreu o meu jantar de ontem, o meu e o de mais umas boas 400 pessoas que, num enorme pavilhão, comeram um excelente churrasco feito pelos homens do lugar.
Oportunidade para me misturar com a gente dos ranchos e tirar umas fotografias a esta gente garbosa trajada a rigor. Oportunidade para deixar livremente a minha lente derreter-se pelo Minho. Gosto deste trajar que nos distingue de região para região. Amo particularmente o trajar minhoto.
E acima de tudo gostei de ver tanta gente nova, feliz e orgulhosa por receber o testemunho de gerações mais velhas num perpetuar da memória, importante, para a nossa identidade colectiva.
E foi assim que passei do Surrealismo para a Cultura Popular. Um dia em cheio, portanto.

sábado, 26 de julho de 2008

Cruzeiro Seixas








Cruzeiro Seixas - Museu Amadeo de Souza-Cardoso
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Cruzeiro Seixas

A exposição, tal como eu previa, está soberba. O surrealismo continua vivo e bem vivo neste personagem pintor de excelência. Há duas salas com pintura de Cruzeiro. A da entrada, mais pequena, sem areia no chão. A segunda, coberta de areia húmida, o que nos deixa perplexos pela estranheza e pelo efeito cénico surpreendente.
Só vendo.
As paredes das duas salas lá estão, pretas ou negras como tições aonde se agarram algumas pinturas, e mesmo uma tapeçaria, de grande tamanho. Dos tectos pendem pequenos quadros que se movem constantemente obrigando-nos a fazer percursos sempre novos e inesperados.
Excelente exposição que revisitarei brevemente, em silêncio, com a calma necessária para a poder absorver.
Partilho um cheirinho dela com os meus leitores. Delicioso. Aconselhando vivamente uma deslocação ao meu burgo.
Quanto ao Cruzeiro, um amor, uma simpatia de senhor que tive o prazer de conhecer pessoalmente hoje. Em Amarante está entre amigos e sente-se entre amigos. Teve até a delicadeza de, em terra de falos, apropriar-se de três deles para a sua exposição. E falou sobre este culto tão típico e tão enraizado da minha terra tal como eu já falei dele neste blogue. Em Roma sê romano. E, já agora, surrealista.
Mas por hoje chega.

Dias Felizes

Dias Felizes

Os dias em que nos escapulimos da toca, do buraco, são dias particularmente felizes. Hoje foi um deles. Recebido o telefonema, felicidade!, eis que me escapuli do buraco, com a ajuda da S.
Dedico-lhe este "Big Hole" líbio que me acompanha há uns tempos. É assim que nós atacamos e vencemos os "Big Holes" da vida. Pondo o motor a ronronar. E ponto final.

"Trogloditas Civilizados"





"Trogloditas Civilizados" - Espanha
(mas podia ser num outro sítio qualquer)
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

"Trogloditas Civilizados"

Em Espanha instalou-se uma campanha sem tréguas contra o problema gravíssimo que é o da violência doméstica e que se exerce, geralmente, no sentido homem - mulher.
O problema é muito grave no país vizinho e é muito grave um pouco por todo o mundo dito civilizado ou dito incivilizado, muito embora eu não goste desta terminologia, desta dicotomia. Porque "trogloditas" somos todos nós que permitimos que dentro da nossa casa se continuem a matar as nossas mulheres. E às mãos de quem? Não, não é preciso ir longe à procura dos assassinos "trogloditas". Não é preciso ir aos árabes, aos negros, aos ciganos, aos mouros, aos pobres e alienados. Muito embora os "trogloditas" também se escondam por aí pois os trogloditas não conhecem cores, etnias, religiões, partidos políticos, classes sociais.
As mulheres morrem dentro de portas assassinadas por quem devia caminhar com elas, assassinadas por quem as devia afagar, assassinadas por quem as devia proteger. As mulheres morrem assassinadas pelos seus maridos. Um nojo. Um asco. Um horror de violência. Mortas à pancada, ao murro, ao pontapé, à facada, violadas e violentadas uma e outra vez. Um horror de violência. Aqui e ali. Ontem. Hoje. Sempre.
A Espanha resolveu enfrentar o touro de pé, e de frente, que é como ele tem de ser enfrentado. E ao olhar para estas fitas e estas flores presas nas varandas das câmaras municipais lá dos sítios, expostas, obscenas, não posso deixar de pensar e de exclamar "Tantas! São tantas!" Sendo que uma seria sempre demais.
E sinto vergonha. Vergonha pelo meu mundo dito de civilizado.
De facto não é preciso ir lá fora buscar exemplos deste "trogloditismo" masculino. Deste primarismo violento que nada respeita. A barbarie está entre nós. Em Portugal também. Basta olhar para o nosso umbigo com olhos de ver.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

San Pedro de la Nave















San Pedro de la Nave - Leão e Castela - Espanha
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

San Pedro de la Nave

San Pedro de la Nave é uma das igrejas mais importantes de toda a península Ibérica e, como tal, foi declarada monumento nacional no já longínquo ano de 1912.
A igreja, que pode ser visitada, e que vale bem o desvio para quem se desloca de Zamora para Salamanca, é uma pequena jóia construída pelos Visigodos por finais do século VII, o que a faz, certamente, uma das últimas igrejas construídas antes da quase total submersão muçulmana da península a partir de 711.
A igreja de San Pedro de la Nave não se encontra no local da sua primitiva e original construção já que, entre 1930 e 1932, foi trasladada, e consequentemente salva, das águas do Elsa, devido à construção da barragem de Ricobayo. Evitou-se assim a perda de um importante testemunho da vida cristã do século VII.
A igreja é pequena, deixando-se captar inteirinha pela lente da minha máquina, deixando-me com a sensação que, a esta distância, cabe inteirinha na palma da minha mão.
Trata-se de uma elegante construção, de escala perfeitamente humana, de planta cruciforme, de paredes exteriores de um tom espantosamente quente e dourado, rosado e avermelhado, remetendo-nos para realidades distantes, que nos acolhem amorosamente, de braços abertos num caloroso abraço, despido de qualquer acessório, feito de paredes completamente nuas onde a decoração não está presente.
A entrada faz-se com emoção e com respeito. Com respeito pelos nossos antepassados que a construíram com esforço, com respeito pelos nossos antepassados que a povoaram de silêncios, de vozes, de sorrisos, de exclamações, tal como nós o fazemos agora. O interior é de uma simplicidade comovente, pontuado aqui e ali, com frisos, capitéis e impostas que ostentam uma decoração espantosamente delicada, quase rendilhada. Os arcos, em ferradura, que vão ser usados até à exaustão pela arquitectura muçulmana, já aqui estão, belos e elegantes arrancando de delicados capitéis e delicadas impostas.
Percorro-a observando e absorvendo a luz, quase divina, que a banha, banhando-nos a nós também. Fotografo-a exaustivamente descobrindo cores, formas, mensagens inesperadas.
Não sou católica e não tenho pena. Nem sempre acredito em Deus e, nestes momentos de recolhimento interior, aqui e no deserto, tenho pena.
Valeu bem o desvio. Foi a visita mais comovente de todas as que me foi permitido fazer, nestes três dias de viagem, por terras de Leão e Castela.
E só chegarei a Salamanca amanhã. Por hoje basta. Fico-me por San Pedro de la Nave mais uma vez. Recolhida.
Meravigliosa Creatura

"Meu fado, meu rosário"



"Ela vestiu-se das dores dos outros,
Calçou as luvas plásticas com que curava as suas feridas de alma
E aconchegou a filha única, amor supremo que a surpresa da vida lhe ofertou, em dádiva divina de um bem maior que o amor que a gerou.
O homem que amou não a mereceu, não a compreendeu,
Por isso, ele partiu sem deixar marca alguma nos sulcos dos seus caracóis, sem abrir página no livro da sua história...

Rumou ao Penedo, local de peregrinação quase diária,
E serenou os medos, os ais e os ares daquela Mulher que jaz deitada num leito de rosas,
ansiando pelo seu sorriso, o mais dolente do mundo,
à espera do sopro derradeiro que a faça, enfim, descansar...

Seu rosário, sufragar as moléstias que os outros não escolheram
Seu fado, vestir-se de rainha dona do baile embalado pelos seus próprios dedos, pelas suas próprias cores.

À noite, no silêncio do burburinho das injecções, dos mercúrios e das gazes, despe-se da sombra do seu próprio eco
E dorme o sono dos justos, ensolarada pela brisa nascente que sabe ser sua, que sabe ser lua...

Até a um novo amanhã..."

César Paulo Salema

Com autorização do seu dono, fui buscar este "post" ao blogue "A vida é uma magnólia". Confesso que o texto me tocou profundamente, e com este pano de fundo musical fiquei mesmo arrepiada. Lembrei-me de duas amigas. Dedico-lhes este "post". Sem nomes e sem iniciais. Cada uma delas, uma leitora assídua deste blogue, outra nem tanto, saberá, quando ler a mensagem e escutar esta "Meravigliosa Creatura", que esta mensagem de esperança só poderá ser para si.

"Meravigliosa Creatura"

quinta-feira, 24 de julho de 2008


Moura - Barca - Amarante
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Mouros

Amo os Mouros. Tanto que já me misturei com eles pelas ruas de Nouakchott e de Nouadhibou. Tanto que às vezes me disfarço de Moura até aos meus interiores. E encarno o Sul. Encarno o Sul. Encarno o Sul. Vestindo de Azul... vestindo Azul... Azul...


Cruzeiro Seixas

O meu surrealista português preferido estará em Amarante no próximo dia 26 de Julho, pelas 16 horas, a fim de inaugurar a exposição "Isto não é uma exposição de Arte..." que se manterá aberta ao público até 14 de Setembro, nas Salas de Exposições Temporárias do Museu Amadeo de Souza-Cardoso.
Já por lá passei, e as salas estão liiiiindas de morrer, todas elas pintadas de preto integral. Quanto à pintura, que já cheirei, só digo que é Cruzeiro Seixas no seu melhor e confesso, aqui e agora, que sou fã, mas mesmo fã, deste pintor português meu contemporâneo.
Absolutamente imperdível. Absolutamente imperdível.
No próximo sábado. Em Amarante.
 
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