Cogumelos Primaveris - Barca - Serra da Aboboreira
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
TransferênciaA transferência de Almerindo Marques da EP para a Opway vem colocar mais uma vez a nu a promiscuidade a que este país chegou, responsável por grande parte da nossa desgraçada situação actual.
De notar que Almerindo Marques não está a fazer nada contrário à lei vigente, ao transferir-se de uma empresa pública, onde desempenhava funções de gestão, para uma empresa privada com a qual manteve relações profissionais estreitas e privilegiadas, enquanto gestor público, já que uma é prestadora de serviços da outra.
A ausência de legislação neste domínio é absolutamente vergonhosa e incompreensível. Mesmo a legislação que nestes casos se aplica aos políticos, prevendo um período de nojo de 3 anos é, quanto a mim, insuficiente pelo prazo extremamente curto que prevê e pela porta que deixa escancarada ao fim de três anos. O que são três anos para alguém que, num caso de corrupção, recebe mais em luvas do que eu durante toda a minha vida profissional e que sabe que ao fim desse período terá a sua recompensa mais do que dourada? E que sabe que nada se passará, nada acontecerá, porque até hoje o único que foi parar à cadeia foi o Vale e Azevedo, vá lá saber-se porquê, andando todos os outros a pavonearem-se por aí?
É assim tão difícil proibir, de todo, este tipo de transferência? É assim tão difícil proibir que antigos gestores de empresas públicas e detentores de cargos políticos, que aprovaram/adjudicaram obras de milhões a essas mesmas empresas, jamais possam colocar aí dentro um pé?
Sim, bem sei, difícil não é... mas não é a mesma coisa.
Posto isto falta-me apenas acrescentar que Almerindo Marques, estando protegido pela ausência de lei, não está livre do juízo que cada um de nós fará perante a sua falta de vergonha na cara. A sua transferência é indecorosa, indecente e revela uma falta de escrúpulos que até dói.
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