La Petite Porte Blue - Chefchaouen - Montanhas do Rif - Marrocos
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Hoje volto aos moinas, tema recorrente neste blogue, apenas porque ao longo destes anos, que já são muitos de vida, os tenho observado aqui e ali e tenho ficado deveras impressionada com eles. Mal impressionada, está bom de ver.
Moina é a varredora da rua que faz que varre o espaço público, que também é dela, e deixa metade do lixo para trás. Moina é a funcionária a quem compete limpar determinado equipamento e queima o seu tempo olhando para ontem, encostada às paredes ou às grades. Moina é também o médico que se arrasta na urgência, passeando daqui para ali e dali para aqui, com muitas conversas de fait divers pelo meio, enquanto se vai encostando pelas paredes sabendo que há longas filas de pessoas, mais ou menos doentes, por atender. Moina é o deputado que dorme a bom dormir rompendo as cadeiras da Assembleia da República enquanto aguarda, serenamente e sem preocupação, que os dividendos lhe caiam do céu, pagos pelo Zé Pagode dos Mouros, dos Negros, ou até dos Galegos. Moina é, assim, a pessoa que vive pendurada no/do trabalho de tantos, fazendo o mínimo possível, e não merecendo, minimamente, o salário que ao fim do mês arrecada e que sai do bolso de todos nós.
Posto isto, considero a ADD doente que chegue, considero até que não precisaria de mais peçonha para além da peçonha destilada pelo ME.
Mas eis que chegamos a este ponto em que agora estamos, com a ADD a entrar na sua recta final e os sorrisos amarelos a surgirem aqui e ali, estampados no rosto, procurando disfarçar o incómodo. Sim, é verdade, todos teremos de preencher o malfadado documento de autoavaliação, sim, não há volta a dar, de facto as aulas assistidas são o menor dos males para quem tem o trabalho minimamente organizado e agora temos mesmo que reflectir sobre todo o trabalho desenvolvido durante dois longos e difíceis anos.
Tal como ontem, anteontem e antes de anteontem, porque toda a santa vida foi assim, há professores, em todas as escolas deste país, que vestem as camisolas com brio e dão o litro e tornam a dá-lo se necessário for... que seria das Escolas sem eles? E são muitos, os que mantêm a Escola Pública viva e com alguma saúde, procurando manter alguma normalidade para além da anormalidade muitas vezes imposta pelo poder central e pelos seus tentáculos. Toda a gente os conhece e sabe quem são, os Mouros, os Negros, os Galegos, e eu poderia enumerar tantos da minha escola... mas não o faço porque não quero correr o risco de me esquecer de algum, o que seria, no mínimo, imperdoável.
Depois há uma minoria, felizmente muito minoritária, que não quer saber de nada. Aliás, que não quer saber de nada de nada. A estes chamo-lhes os moinas, lá está!... e tal como os que constituem o grupo anterior também toda a gente sabe quem eles são e toda a gente os conhece.... e não, também não os vou enumerar aqui porque, apesar de poucos e em extinção, eu poderia esquecer-me de algum e isso podia ser do catano! Podia até dar motivo, quiçá, para zangas... e eu não estou para isso...
Que cada um fique, pois, com a sua consciência. Isto partindo do pressuposto de que todos a têm...
Posto isto, vamos à palhaçada?
2 comentários:
Tu sabes que eu acredito que "Deus não dorme" (apesar de parecer que sim) e, esses "moinas" também acabam por pagar uma factura pesada: as anestesias que necessitam para "afogar" a consciência: álcool, drogas (...) e tudo o mais que possamos imaginar!!! Prefiro a vida de TRABALHADOR do que de moina!!! Que desgraça!!!
Beijo e bom fim de semana!
Somos demasiado tolerantes com esta estirpe de gente sem escrúpulos, Lai. Ano após ano lá permanecem, arrastando-se, aqui e ali, alguns afogando mesmo as mágoas nas coisas de que falas e noutras também... moinando o Zé Pagode, alimentando-se dele, vampirizando-o, literalmente.
Estamos num tempo de viragem, não te parece? Espero que o tempo deles esteja a acabar.
Beijinhos e votos de excelente fim-de-semana!
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