ADD
A bicha não está morta. Muito pelo contrário, parece que está vivinha da silva, têm-me chegado despachos e despachinhos que vão directos para o meu caixote do lixo, e é de esperar que, em breve, a ADD se espalhe pelas escolas e com ela o seu fedor letal.
Aviso desde já que não vou dar nada de nada para este peditório. Obrigada a ter aulas assistidas no anterior ciclo avaliativo, estou no malfadado 4º escalão, aquele que obriga a ter aulas assistidas para progredir para lado nenhum, sujeitei-me a ter aulas assistidas e avaliadas e sujeitei-me a ver-me atribuída uma classificação que deve corresponder ao trabalho de um qualquer cão vadio porque não corresponde a uma avaliação asseada do meu trabalho.
Já escrevi aqui mesmo neste blogue, eu não posso à partida pegar nos alunos todos de uma turma e, independentemente do seu trabalho, com eles ainda no ponto de partida e sem apresentarem qualquer trabalho, atribuir-lhes nota 4 a todos. Ou 3. Ou 5. Não posso, pois não?
Ora esta atitude, marcadamente desonesta quando pensada para os alunos, não pode ser considerada honesta quando transposta para a avaliação dos professores. Pois não?
E não se devia transformar uma coisa já de si indigna, legislação da ADD, em coisa indigníssima.
Enquanto docente há dois momentos negativos muito marcantes na minha carreira profissional - um a falta injustificada que me foi retirada do meu registo biográfico por ordem do Tribunal Administrativo, quase 6 anos após me ter sido marcada pelo meu director à época e outro esta indignidade do processo avaliativo de professores que nada avalia.
Um dia destes fui contactada por uma colega nas mesmas circunstâncias, 4º escalão, mas que carrega uma cruz ainda mais constrangedora e ridícula. Foi simultaneamente avaliadora e avaliada no processo avaliativo anterior porque não havia mais ninguém para fazer o serviço e ponto final. E não quer repetir a experiência. Embora corra esse risco, em teoria eu também, porque a partir do 4º escalão, e falhando todas as opções anteriores, lá se pode ser chamado para tapar buracos, buracos e buracões da ADD.
Por isso aviso desde já que não estou disposta a sujeitar-me à palhaçada nem por mais um minutinho que seja da minha vida. E que, chegada a hora, se a hora chegar, de me obrigarem a mais um processo pseudo-avaliativo para progredir para coisa nenhuma, procurarei a ajuda do meu sindicato para lhes fazer frente e dizer NÃO, comigo NÃO contam mais para coisa nenhuma a fazer de conta. Porque um processo avaliativo de professores, tal e qual o dos alunos, NÃO PODE SER UMA PALHAÇADA.
E foi. E o sinal dado em muitas escolas e agrupamentos deste país não podia ser mais deprimente e catastrófico. É que o trabalho não compensa e só trabalha quem é muito, mas mesmo muito estúpido! Ou estúpida. É claro que há gente que não desiste de fazer um trabalho asseado e que, não podendo com eles, se afasta deles pela impossibilidade de se juntar a eles.
E viva o chico-espertismo!
Viva o Relvas! Viva o Sócrates!
Tenho dito e não repito.
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