"Que os professores sejam formados dentro das regras devidamente estudadas e escrutinadas pelo Ministério da Educação e agora, sem mais nem menos, tenham de ser sujeitos a um exame?
E que ainda por cima o exame seja a pagar? A 20 Euros por época?
Isto num país onde para se ser ministro não tem de se ter curriculum algum específico e muito menos se atestem as condições técnicas e políticas mínimas para o respetivo exercício?
Não é esquisito que a Associação dos Professores de Português não tenha sido consultada para se pronunciar sobre as alterações que se anunciam?
E que, segundo a mesma Associação, a inflexibilidade na orientação vá ao ponto de indicar o número máximo, por exemplo, de cantigas de amigo a estudar e ainda por cima dizer exatamente quais as que devem ser dadas?
Isto num Governo que agora mesmo acaba de publicar um guião para a reforma do Estado onde se apela a uma cada vez maior autonomia das escolas?
Ou, já agora, nas universidades onde, por qualquer instinto totalitário, se pretende proibir a livre gestão do orçamento determinado; quer dizer, proibir liminarmente a contratação de novos professores, mesmo que não se exceda o orçamento disponível? Sobretudo quando desta flexibilidade de gestão pode, segundo os reitores, resultar um acréscimo de receitas próprias?
Não é esquisito que salte aos olhos a proliferação desmesurada de casas de compra e venda de ouro, não havendo nem legislação, nem fiscalização que as vigie?
Sobretudo quando foi criado um grupo de trabalho para o efeito já em 2012?
Claro que nestas circunstâncias não é nada esquisito que o Estado tenha sido lesado em 30 milhões de euros em impostos só numa das redes que acabou por ser desmantelada. É apenas negligência parlamentar e mais alguns sacrifícios a serem partilhados por todos.
Não é esquisito que um centro escolar tenha custado seis milhões de euros e tenha funcionado apenas dois anos estando já a precisar de arranjo?
E que, como é costume, a culpa não seja assumida por ninguém?
Não é esquisito que ao ruído, também gerado pelo Executivo, sobre a alegada manipulação do documento acerca do envolvimento do futuro ex-secretário de Estado com a apresentação de uma proposta de aquisição de swaps ao Governo de José Sócrates, não corresponda o mesmo vigor na assunção do engano agora provado pelo DIAP?
Não é esquisito que uma cimeira bilateral entre estados, e já agora a primeira, tenha aparentemente sido unilateralmente cancelada, sem que se perceba qual o papel/conhecimento de Portugal na decisão, ou que repercussão efetiva tem toda esta história nas relações diplomáticas, económicas e culturais entre os dois povos?
Não é esquisito que o livro do homem menos neutro deste país (talvez mesmo mais odiado do que amado) seja um "best seller" apenas vencido pelo vintage gaulês?
São perguntas feitas "a vol d'oiseau" ao folhear o "Jornal de Notícias" de dia 6 de Novembro.
Tirando algumas de foro mais psicanalítico, como o caso do processo de emersão lenta de José Sócrates, a maioria das perplexidades que nos assaltam ao folhear um jornal são apenas motivadas por falta de clareza, mau planeamento, reduzida assunção de riscos e fobia à estabilidade.
Têm grandes custos associados, muitas das vezes penalizadores de políticas ou projetos.
Como o caso da centralização excessiva da modelação dos centros escolares, que os tornou megalómanos e de manutenção ruinosa, ainda que configurem uma fantástica oportunidade em oferta de condições para uma aprendizagem coletiva de muito maior qualidade.
Ou, nos grandes temas da atualidade, a incapacidade de manter em cima da mesa por exemplo o guião para a reforma do Estado até todos conseguirmos expurgar o que está mal ou é inexequível e fazer o que está bem.
Ou não conseguir ver o Governo tomar de vez a iniciativa de apresentar propostas para consensualizar no Parlamento, já que o PS insiste num acantonamento pouco útil ao país.
A maioria das vezes recordamos os romanos na sua infrutífera luta contra os gauleses encolhendo os ombros e dizendo "quid novis"?"
Este post foi surripiado aqui.
Nota - É, respondo eu! É deveras esquisito que um país se encontre refém de interesses instalados que têm a ver com clientelismo político.
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