Não querendo falhar a inauguração desta exposição de Gil Peixoto a verdade é que a falhei, ocupada que estive com outros afazeres/deveres privados.
Agora chegou a altura de me redimir da falha para com este aluno que foi "meu" um dia, em tempos que já lá vão, em tempos de ESA, agora a parecerem-me já tão distantes.
Confesso que ao olhar para os desenhos/pinturas de Gil Peixoto não posso deixar de apreciar o seu traço seguro e firme, a sua opção pelas cores nostálgicas, a poesia de um ambiente que nos remete para um outro tempo em que todos nós tínhamos mais tempo para desfrutar/saborear de um café bebido a sós ou em boa companhia.
O Gil Peixoto, tendo ainda um longo caminho pela frente em termos de formação, revela-se já, aos meus olhos, um verdadeiro artista e um artista a acompanhar, coisa que farei, na medida do possível, acompanharei o trajecto deste ainda adolescente que em breve deixará a sua Amarante natal para encetar novos voos, novos percursos, novas experiências artísticas. Nós permaneceremos por aqui... à espera de poder ver outras/muitas exposições futuras de Gil Peixoto, à espera de poder aquecer a alma nas cores e nos traços expostos numa qualquer parede de café.
Boa sorte, Gil! Votos de excelente trabalho!
É caso para dizer "Filho de peixe, sabe nadar!"
Nota - A exposição está patente no Café-Bar, no Largo de S. Gonçalo e pode ser apreciada de manhã, à tarde e à noite.
Apareçam! Tenho a certeza que vão gostar.
E agora deixo uma entrevista dada por Gil Peixoto ao blogue da ESA lerporquesim
Exposição «Café quotidiano»
Como surgiu a ideia para esta exposição? Em que contexto?
GP –Bem, eu já costumava ir desenhar para o café-bar desde há algum tempo, pois achava o ambiente agradável para ser representado à minha maneira e vi naquele lugar algo de significativo para mim. Um certo dia fui convidado a expor e a partir daí o meu hábito de desenhar no local tornou-se cada vez mais forte. Soube logo no momento em que fui convidado a expor que o tema seria o Café Quotidiano.
A cada quadro da exposição corresponde um conceito?
GP –Não, eu acho que todos os quadros da exposição representam o tema como um todo, sendo cada fragmento determinante, a meu ver, para representar o quotidiano amarantino, nomeadamente este café.
As técnicas subordinaram-se ao tema ou o inverso?
GP –Nem um nem outro. Eu pretendi usar as técnicas mais variadas possíveis, não só para pôr à prova o que tinha aprendido ao longo dos anos, mas também para criar um sentido e uma interpretação diferente e especial em cada obra.
Que importância atribuis aos detalhes, aos pormenores, na obra?
GP –Para mim, o mais pequeno detalhe ou pormenor faz a diferença. Reparo cada vez mais que são coisas muito subtis que fazem o meu nível de satisfação subir em relação aos meus trabalhos.
Qual foi a obra exposta que gostaste mais de pintar? Por quê?
GP –Eu não dei nomes às obras mas se explicar qual é as pessoas percebem logo. Gostei principalmente de um desenho a tinta-da-china em que representei o empregado Bruno em movimento. A caneta de aparo permite uma expressividade que considero confortável, e fiquei satisfeito por ter conseguido, com espontaneidade, o gesto comum do empregado a levar o café ao cliente.
Sobre o Café Bar, tens alguma história (tua) para além das histórias representadas nas telas?
GP- Eu gosto simplesmente de pensar em mim em relação ao Café Bar como alguém que contribuiu de certa forma para mostrar as pessoas o ponto de vista de um artista em relação às coisas mais banais como o beber de um café ou o ler de um jornal.
O facto de nasceres no seio de uma família de artistas condicionou ou potenciou as tuas escolhas, nomeadamente a do curso?
GP –Sem dúvida que sim. Viver numa casa cheia de arte desde pequeno fez- me um bem enorme. Apesar de não aproveitar ao máximo as condições que tinha antes de seguir o curso de Artes Visuais, penso que evoluí bastante a partir do décimo ano e pretendo continuar a aprender muito com a arte e os artistas que me rodeiam.
Que reacção à tua exposição esperas despertar nas pessoas?
GP –Quero que desperte interesse e curiosidade para ver mais exposições, assim como uma espécie de reconhecimento pelo esforço. Mas principalmente quero que desperte a ligação a nível pessoal pois acho que o tema que escolhi é algo com o qual as pessoas se podem relacionar, o quotidiano.
A pintura constitui, para ti, uma necessidade, uma vocação ou uma exigência?
GP -Penso que a resposta é um pouco de tudo, a tal necessidade está a crescer em mim. Sinto-me cada vez mais ligado e relacionado não só com pintura mas com arte em geral. Sinto mais o meu interesse a manifestar-se por artistas, tanto atuais como de outras épocas, do que antes e penso que descobri em mim muita curiosidade por técnicas e matérias, algo que não era assim tão evidente.
E deixo, por último, um pequeno vídeo sobre a inauguração da exposição "Café Quotidiano".
Sem comentários:
Enviar um comentário