domingo, 8 de novembro de 2020

Amarante em Tempos de Confinamento Ligth

 

Amarante em Tempos de Confinamento Ligth
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Amarante em Tempos de Confinamento Ligth

A minha cidade aquietou-se em tempos de confinamento light parecendo-me um bom barómetro para o que se vai passando um pouco pelo país.

Bela, atractiva, continuou a atrair gente de fora que foi esquecendo, propositadamente ou não, a pandemia que vivemos e as circunstâncias que a rodeiam e a nós com ela. Por outro lado, nativos houve que fizeram caminho semelhante, fartos de confinamentos, fartos de restrições ao livre respirar, ao livre movimentar, ao livre abraçar, beijar, gargalhar ou talvez pensando que a coisa estava dominada, era o que mais faltava que não estivesse, afinal nós somos Homo sapiens sapiens do século XXI, certo?

Certíssima, a última afirmação, mas com um senão gigante - numa pandemia, quem manda em nós, se o deixarmos, é o estuporado revestido de bactérias, de vírus ou de coronavírus.

Bastava passar os olhos pelo que se passou em 1918 para perceber que corríamos sérios riscos da coisa se repetir... com as devidas diferenças, bem entendido, porque hoje estamos incomparavelmente mais sabedores, mais informados, mais preparados... e, no entanto... é o que vemos. 

Tudo isto para vos dizer que eu teria preferido que não existisse esta bipolaridade mais extremada com a qual eu, confesso, não lido muito bem. Preferia que não tivessem existido excessos, lá atrás no tempo, preferia que todos cumprissem com as normas básicas de segurança, preferia ver o meu país aberto por inteiro mas com segurança sanitária, tanto quanto ela pode ser assegurada, porque dela depende também a segurança económica e uma não existe sem a outra, apesar do que muitos argumentam.

Infelizmente uma parte da população preferiu o risco, a molhada do imediato, do vou ser feliz agora e amanhã logo se vê e os nossos governantes, distraídos, adormecidos, quiçá embrutecidos, tardaram em reagir e foi/está a ser o que se vê e que eu temo não vá ser suficiente.

Com números na ordem dos seis mil infectados dia, que deverá ainda subir na próxima semana, toca de nos mantermos bipolares, toca de entrarmos, de novo, num confinamento, desta vez mais light mas que, não tenho qualquer dúvida, será aprofundado se tal se verificar necessário para travar estes números avassaladores de contágios que, para agravar ainda mais o problema, não estão a ser devidamente monitorizados nem acompanhados.

A "Saúde Pública" não está a conseguir dar conta do recado há muito, perdeu-se há muito o rasto da coisa, o controlo da coisa e é ver agora os nossos políticos a correr atrás do prejuízo e nós com eles.

Enfim, é o que temos também por termos aberto o flanco ao estuporado não preparando, por exemplo, devidamente o regresso às aulas para mais de um milhão de pessoas, não cuidando distanciamentos nos transportes públicos e outras pérolas governativas que, provavelmente, nas contas finais do deve e do haver pagaremos com língua de palmo.

Sem comentários:

 
Creative Commons License This Creative Commons Works 2.5 Portugal License.