quarta-feira, 21 de junho de 2023

Apoios de Longe

 

Apoios de Longe

Grata a todos quantos me têm manifestado a sua solidariedade em público e em privado.

Para o bem e para o mal, tal como já tive oportunidade de dizer à minha directora de viva voz e em tempos que já lá vão, eu não sou uma professora qualquer.

Digamos que tenho um nome na praça, construído com muitas horas de trabalho que foram sempre muito para além do meu horário, feito de apoio aos alunos sempre que mo solicitaram, aos meus e mesmo a desconhecidos que não tinham os seus professores de História à distância de um clique, de trabalho que a minha directora nem sonha em tempos de pandemia e de ensino à distância, de projectos saídos dos meus irrequietos neurónios e sempre significativos que dignificaram o agrupamento e que projectaram o seu nome pelas melhores razões, de partilhas do meu trabalho com o mundo, nem sempre compreendidas entre os meus pares locais sem qualquer obra realizada saída das suas mãos e dos seus cérebros, enfim, "mania de protagonismo" como cheguei a escutar, de lutas incessantes pela melhoria de uma Escola Pública que eu via definhar à frente dos meus olhos pelas políticas emanadas de uma tutela a cada dia mais opressiva e que a foram amordaçando, espezinhando, proletarizando, acobardando, amedrontando cada vez mais, cada vez mais.

Não me reconheço nesta escola. Não me reconheço nos meus pares que viram as costas, que não erguem as vozes, que admitem não ser livres para dizer não se ele tiver de ser dito dentro do local de trabalho.

Basta. 

E eis que em ano de regresso à escola onde tanto de mim sempre dei, deixei lá a minha pele e tudo o resto também - a Escola permanece com marcas minhas, das minhas intervenções que, com a ajuda de outros, a melhoraram - na saída de uma prolongada baixa complicada porque motivada pela morte inesperada do meu pai, aquele com quem eu vivi sozinha na Serra da Aboboreira quase três meses para o resguardar dos contágios e de uma doença que mais ou menos desconhecíamos, aquele que todos os dias me acompanhava desde o falecimento da minha mãe, eis que a senhora directora do meu agrupamento decide brindar-me com um processo disciplinar em jeito de agradecimento por todo, TANTO!!!!!, trabalho realizado no agrupamento por si dirigido. 

Grande directora! De um sentido de oportunidade fabuloso, de uma demonstração de quero, posso e mando que não se coíbe de "atropelar" seja quem for, seja em que circunstâncias for. 

Para o bem e para o mal, eu não sou uma professora qualquer. Daqui de Amarante só duas professoras foram convidadas a escrever o seu perfil no "Jornal de Letras", a saber, eu e a professora do ano, da ESA, Elsa Cerqueira. 

Entretanto, vou voltar às consultas de psiquiatria que já tinham sido terminadas quando me senti completamente apta para regressar à escola. Tive azar com o ano. Num ano de luta acesa e dura com a tutela nunca lhe voltaria as costas. Sei que lutei, luto e lutarei por uma Escola mais respirável onde as pessoas trabalhem com os seus neurónios perfeitamente oxigenados. O que não é o caso, pois os tiranetes que estão por todo o lado mais parecendo pragas de vespas asiáticas ou de vampiros que tentam sugar, e frequentemente sugam, o sangue dos outros até os deixarem em estado catatónico. 

Ora, isto, para mim, é de impossível digestão.

E por falar em processos disciplinares

Je Suis Anabela Magalhães – Concentração de Apoio

1 comentário:

Sandra disse...

Anabela Magalhães, uma professora de História que ficará na História da Educação pelos Melhores motivos! Bem hajas!
Muita força e muita saúde para lidares com o ar tóxico que te rodeia. Infelizmente, a "poluição" na Educação é grande, mas "Onde existe uma Vontade, existe um Caminho." E há muita gente excecional no "Caminho". Isso é que me dá força para continuar.
Xi coração apertadinho.

 
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