Muros - Barca - Serra da Aboboreira - Amarante - Portugal
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
Coincidências II
No Domingo de manhã, continuava eu em plena labuta com as minhas pedras e os meus muros quando passa um indivíduo de mota, na estrada, que me levanta o braço e me lança um berro que se deve ter ouvido por toda a Aboboreira "Ó setooooora!"
O Filipe! O Filipe foi um dos alunos mais difíceis que já tive, da turma mais difícil que já tive, dos Cursos de Educação e Formação, da minha "famosa" turma dos electricistas!
Atrás dele apareceu-me o Ricardo que era o seu contraponto. Um miúdo 5 estrelas que nunca perdeu a compostura no meio de tamanha desgraça. E a desgraça era nada mais nada menos que dezasseis miúdos mal habituados. Um deles lançou-me um claro aviso logo na primeira aula. Deixou-se escorregar pela cadeira abaixo até quase ficar deitado, deitou-me um olhar e um riso desafiador, e disse "Ó professora, nós não gostamos de fazer nada!"
Coitados, estavam com azar! É que esta professora adora a sua profissão e quanto maior é o desafio, maior é o sofrimento, mas também maior é o gozo!
Lá vieram eles dar-me beijinhos e conhecer o meu marido.
Recordamos tempos passados, as faltas disciplinares constantes do Filipe, a sua suspensão de um dia para reflectir, depois de se ter virado para mim, na sala de aula, e de me ter dito "Um dia ainda lhe torço a língua!"
Não torceu, e eu acabei por lhe torcer a dele...língua nervosa e provocadora a dele! E por vezes mal-educada!
Contei-lhe que me lembro muitas vezes dele por causa de um electricista que tenho agora dentro da sala de aula, sentado no lugar que um dia foi seu, e que faz muito o seu estilo.
"Pois, professora, nós quando andamos na escola não pensamos! "E tens saudades?" "Ai não! Quando tenho que me levantar às seis da manhã para ir trabalhar...se fosse para a escola só entrava às oito e meia...e o trabalho era mais leve!"
É, por vezes precisamos de perder as coisas para lhes podermos dar valor!
Fiquei muito contente por me encontrar com eles e ver que eles estão bem e estão tranquilos e que estão com contratos para irem para a Suíça.
Trocámos os telemóveis e alinhavámos a possibilidade de uma entrevista para ver se os meus electricistas actuais crescem um pouco mais rapidamente.
A coincidência é que eu já me tinha lembrado da entrevista e quem eu queria era exactamente o melhor aluno da turma - o Ricardo, e o seu contraponto - o Filipe. E ali estavam eles à minha frente... o Filipe espantado por eu ter turmas de CEF. "Depois da nossa turma professora, pensei que nunca mais queria ver alunos de CEF à sua frente!"
Estes meus alunos não me chegaram a conhecer bem... ou saberiam que, perante muros, esta professora trepa, salta, contorna-os, trata-lhes da saúde!
No Domingo de manhã, continuava eu em plena labuta com as minhas pedras e os meus muros quando passa um indivíduo de mota, na estrada, que me levanta o braço e me lança um berro que se deve ter ouvido por toda a Aboboreira "Ó setooooora!"
O Filipe! O Filipe foi um dos alunos mais difíceis que já tive, da turma mais difícil que já tive, dos Cursos de Educação e Formação, da minha "famosa" turma dos electricistas!
Atrás dele apareceu-me o Ricardo que era o seu contraponto. Um miúdo 5 estrelas que nunca perdeu a compostura no meio de tamanha desgraça. E a desgraça era nada mais nada menos que dezasseis miúdos mal habituados. Um deles lançou-me um claro aviso logo na primeira aula. Deixou-se escorregar pela cadeira abaixo até quase ficar deitado, deitou-me um olhar e um riso desafiador, e disse "Ó professora, nós não gostamos de fazer nada!"
Coitados, estavam com azar! É que esta professora adora a sua profissão e quanto maior é o desafio, maior é o sofrimento, mas também maior é o gozo!
Lá vieram eles dar-me beijinhos e conhecer o meu marido.
Recordamos tempos passados, as faltas disciplinares constantes do Filipe, a sua suspensão de um dia para reflectir, depois de se ter virado para mim, na sala de aula, e de me ter dito "Um dia ainda lhe torço a língua!"
Não torceu, e eu acabei por lhe torcer a dele...língua nervosa e provocadora a dele! E por vezes mal-educada!
Contei-lhe que me lembro muitas vezes dele por causa de um electricista que tenho agora dentro da sala de aula, sentado no lugar que um dia foi seu, e que faz muito o seu estilo.
"Pois, professora, nós quando andamos na escola não pensamos! "E tens saudades?" "Ai não! Quando tenho que me levantar às seis da manhã para ir trabalhar...se fosse para a escola só entrava às oito e meia...e o trabalho era mais leve!"
É, por vezes precisamos de perder as coisas para lhes podermos dar valor!
Fiquei muito contente por me encontrar com eles e ver que eles estão bem e estão tranquilos e que estão com contratos para irem para a Suíça.
Trocámos os telemóveis e alinhavámos a possibilidade de uma entrevista para ver se os meus electricistas actuais crescem um pouco mais rapidamente.
A coincidência é que eu já me tinha lembrado da entrevista e quem eu queria era exactamente o melhor aluno da turma - o Ricardo, e o seu contraponto - o Filipe. E ali estavam eles à minha frente... o Filipe espantado por eu ter turmas de CEF. "Depois da nossa turma professora, pensei que nunca mais queria ver alunos de CEF à sua frente!"
Estes meus alunos não me chegaram a conhecer bem... ou saberiam que, perante muros, esta professora trepa, salta, contorna-os, trata-lhes da saúde!
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