Mãos - Essaouira - Marrocos
Fotografias de Artur Matias de Magalhães
As Minhas Mãos
As minhas mãos são a parte do meu corpo de que eu mais gosto. São esguias, firmes, longas, decididas, fortes e ao mesmo tempo delicadas. Apesar de maltratadas.
As minhas mãos tiveram um belíssimo tratamento até à idade adulta. Depois deu-me para amar carregar pedras, preparar o seu leito de enxada na mão e calcetá-las. De adorar cortar mato de serra em punho e de machado. De podar carvalhos e castanheiros e observar as suas formas no máximo do seu esplendor. Fiz esta descoberta durante a minha gravidez e até hoje, com intervalos, não mais parei.
As minhas mãos ressentem-se disso. E da idade. Têm 45 anos e a sua pele já não tem a mesma elasticidade de outrora. As veias já aparecem mais salientes e já apareceram muitas manchas escuras próprias da idade. A Joana, um destes dias, reparou nas ditas cujas e chamou-me a atenção para elas. E eu disse-lhe que achava as minhas manchas da idade sexys. O que a deixou desconcertada.
Mas adianta-me alguma coisa não aceitar o envelhecimento? Absolutamente nada.
Na verdade só tenho a agradecer ter nascido em 1961, ter manchas da idade nas mãos e na cara, mas ter uma cabeça que se mantém jovem e activa. E de aos 45 anos não ter o aspecto de uma matrona como as mulheres da geração da minha avó. E ainda bem que não sou da geração da Lucy, aquela "Australopiteca" simpática que aos 20 anos sofria de artrite e era velha!
As minhas mãos são especiais para mim por uma outra razão. Porque transportam grande parte das coisas que eu mais amo. Na mão esquerda a aliança de brilhantes que o meu pai deu à minha mãe aquando das suas bodas de prata. A aliança com que a minha avó Luzia anilhou o meu avô Rodrigo. Uma aliança de prata que serve para treinar as minhas bodas de prata que estão já aí. A aliança de casamento da minha mãe que ela me deu ainda em vida. E a aliança que o Artur me deu no dia do nosso casamento.
E na minha mão direita a aliança que a minha avó Luzia me deu quando eu fiz dezoito anos e uma outra porque eu adoro alianças.
As fotografias que ilustram este "post" foram tiradas em Essaouira, com as mãos bem apoiadas sobre as muralhas e sobre o casario, depois de fazer uma "tatoo" temporária com hena. Felizmente a alergia que desenvolvi no dia seguinte, e para a qual estou a ser medicada até com cortisona, não estava ainda declarada. E agora também não vou fotografar as minhas mãos. Estão um nojo!
Se valeu a pena? Claro que sim. As pinturas deixaram as minhas mãos muito mais elegantes e misteriosas! E não apagaram as minhas manchas da idade.
4 comentários:
Muito bem!
É bom saber envelhecer, porque afinal somos muito mais do que o nosso aspecto físico...
É bom gostar de alianças, seria melhor que o mundo pensasse mais em alianças do que em desavenças...
Não estás nada velhota, mas se insistes nisso, és uma velhota muito sexy, com todo o respeito a ti e ao teu marido!
Ao ver uma professora de geografia tão ávida de aprender aos 45 anos, faz-me lembrar que conheço alguns velhos de vinte e poucos anos...
Adorei o blogue que fizeste com os teus alunos, parabéns!
vou tentar dinamizar o meu... a velhota ensinou-me a ter "ganas" de fazer mais e melhor!
Que Alá te ilumine sempre assim!
Ai,ai,ai...eu não sou professora de Geografia! Sou professora de História. Do resto gostei. Obrigada. É sempre um espectáculo deprimente quando os homens de 50 ou 60 anos nos trocam por adolescentes de 20.
E fiquei muito contente por saber que vais finalmente dinamizar o teu blog.E que vais fazer mais e melhor. Sabes o que eu digo aos meus alunos quando eles me dizem que vão tentar? "Não se tenta, faz-se." É assim mesmo.
E se não fosses tu eu nunca teria feito o meu blog. Pelo menos não agora! E não teria descoberto que fazer um blog é como saltar muros!
E como ele se colou à minha pele!
Professora , quantas plasticas ja fez ? Nao esta na hora de se reformar ? Era um favor que nos fazia ... Sexy , sexy ...
O relevo era girissimo!
lol :)
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