sexta-feira, 16 de julho de 2010

Vergonha

Vergonha

Estado corta apoios a refeições nos ATL
02h18m
Gina Pereira
Alguns centros distritais da Segurança Social estão a avisar as Instituições Particulares de Solidariedade Social que, a partir de 1 de Setembro, deixarão de comparticipar o almoço dos Ateliês de Tempos Livres, o que pode pôr em causa a alimentação de muitas crianças.
O alerta foi deixado ontem pelo padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidarieadde (CNIS) - que representa cerca de 2700 instituições do país - numa carta enviada a todos os presidentes de IPSS com ATL, incentivando-os a "não dar satisfação às intimações dos centros distritais do Instituto de Segurança Social" (ISS) e admitindo até que poderão vir a recorrer aos tribunais, caso os acordos de cooperação sejam "ilegitimamente cessados".
O ambiente entre as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e o ISS está "de cortar à faca", com Lino Maia a admitir, ao JN, que, "com as dificuldades que nos estão a colocar, provavelmente vamos ser confrontados com a necessidade de encerrar muitos ATL".
De acordo com Lino Maia, as "intimidações" que têm estado a chegar nos últimos dias às IPSS "não são todas literalmente coincidentes", mas "a orientação geral é a da diminuição significativa dos apoios dos ATL e, à sucapa, o seu encerramento". Facto que não compreende quando, nos últimos meses, tem estado a haver um aumento de procura de pais, insatisfeitos com a resposta das Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC), garante.
Lino Maia diz que, particularmente no Norte, o argumento invocado para esta decisão é de "contenção orçamental", facto que considera ser de "demasiada insensibilidade e injustiça como se não fossem as IPSS que fazem mais no nosso país pelos carenciados e fossem elas as responsáveis pelo défice".
O Inquérito às Condições de Vida e Rendimento ontem divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revela que quase metade da população portuguesa (41,5%) estaria em risco de pobreza se não fossem os apoios sociais e que as crianças até aos 17 anos são o grupo mais vulnerável: 22,9% dos menores de 17 anos correm risco de pobreza.
Lino Maia insiste que, para muitas das cerca de 90 mil crianças que frequentam os ATL das IPSS, a merenda de meio da manhã e da tarde é, muitas vezes, o seu pequeno-almoço e ceia e que o almoço que lhes é servido é a única refeição quente do dia. Pelo que considera "preocupante e grave" a decisão da Segurança Social de acabar com estes apoios.
O presidente da CNIS garante que "não houve iniciativa absolutamente nenhuma para rever o protocolo de colaboração" que vigora entre as IPSS e o ISS e que o que está a ser proposto é "inaceitável e ilegal". Nalguns casos trata-se de rever os anexos do acordo, noutros de cessar o acordo em vigor para celebrar um novo. Mas Lino Maia diz que, face às "exigências ilegítimas" da Segurança Social, há o "risco" de não poderem celebrar novo acordo por falta de dotação ou de licenças".
Contactado pelo JN, o gabinete da ministra do Trabalho e Solidariedade, Helena André, não quis comentar este assunto, explicando que já está agendada para a semana uma reunião com o presidente da CNIS para abordar estes e outros assuntos.
Daqui.

5 comentários:

Anónimo disse...

Há muita mãe que podia ter os filhos em casa, porque não trabalha e mal entram de férias espetam com eles nos ATL´s de segunda a sexta, das 8 às 7 da noite.
Coitadas, não querem trabalho...
Não há dinheiro, tem de se começar a cortar de algum lado...

Anabela Magalhães disse...

Haverá por certo, António, mães e pais que assim se comportam, só que o problema que está aqui em causa não é esse. O que está aqui em causa e, me preocupa particularmente, são crianças em crecimento crescendo com carências alimentares graves e até muito graves.
Por acaso sabe que muitas cantinas de escolas são as responsáveis por muitas das únicas refeições decentes que muitas crianças comem neste país?
Isso não o deixa preocupado? Pois, provavelmente não serão os seus.
E deixe-me que lhe diga que transparece no seu comentário a mentalidade tacanha que observo em muitos portugueses - não há dinheiro, corta-se na alimentação, não é assim?
Pois não é! Primeiro corta-se nos carros todos xpto, nas viagens de avião dos deputados que só podem pousar os seus reais rabos em assentos de executiva, corta-se em prémios, corta-se em telemóveis e cartões de crédito, corta-se no número de parasitas que abundam na assembleia da república, corta-se em obras de salas de chutos de nocotina para deputados que não podem vir à varanda por causa dos resfriados, corta-se em reformas duplas, triplas e o mais que os políticos decidem para si próprios... e... e... e... e no fim, se já nada houver mais para cortar, corta-se na alimentação.
Porque um povo mal alimentado só pode aumentar a nossa desgraça colectiva.
Passe bem.

Hélio Matias disse...

Passe bem não...Passe mal!
Sem comer não pode passar bem.
Ip!

Anabela Magalhães disse...

Crescimento, evidentemente!

Anabela Magalhães disse...

Kakakakaka... para fim de noite, e já início de madrugada, digo-lhe que essa foi na mouche, Hélio!
Obrigada, Senhor Professor!
Bj

 
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