Memórias - Carvalho de Rei
Este post do Paulo Guinote deu origem a um comentário meu que agora transcrevo de lá para cá.
Pois eu trabalhei aqui, algures pelos anos 80, na Educação de Adultos. Leccionava três disciplinas do 2º Ciclo, fazia cerca de 15 km todas as noites, serra acima, por uma estrada estreita e de terra batida que fazia furor aqui pelas redondezas durante o Rali de Portugal e que, quando chovia, ficava um perigo de tão enlameada. Pelo caminho via raposas, coelhos e o mais que calhava. No meu tempo a escola já tinha aquecimento, uma salamandra ao fundo da sala que uma aluna de Carvalho de Rei estava encarregue de acender um pouquito antes do início das aulas. Éramos poucos e muitas vezes trabalhávamos à volta da salamandra, salvadora nossa de um frio de rachar, acompanhado de ventos diabólicos. Tinha alunos que vinham a pé das aldeias vizinhas, um tormento no Inverno duro da serra. Um esforço titânico. Eu não sei se não desistiria naquelas condições…Engraçado, sempre me recordei de uns dois ou três miúdos da aldeia de Carvalho de Rei, que andavam à época na EB 2/3 de Amarante, escola onde estou actualmente colocada, e que, à noite, me batiam à porta para aproveitar o calor da lenha que crepitava perante os nossos olhos e que de caminho aproveitavam também a luz acessa da sala. Por vezes ainda dava para os ajudar nos trabalhos de casa.
Curioso é que uma destas miúdas é agora minha empregada. Quando a contratei, e soube que ela era daquela freguesia, falei-lhe no tempo em que lá leccionei, nos miúdos que por ali se juntavam procurando aconchego, e diz-me ela, de olhos a brilhar -Uma delas era eu, professora!
Que bom foi passar por aqui e recordar, inesperadamente, estes factos longínquos.
Vou levar a fotografia, Paulo, e vou passar este comentário para o meu blogue.
Obrigada!
E obrigada ao Pedro, que disponibilizou esta fotografia… e me fez abrir o baú das memórias…
Nota - Pensando bem foi algures pelos anos noventa...
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