27 de Setembro
Acho que nunca me referi a esta data como sendo especial para mim e para muitos dos amigos que conservo desde a infância.
A data de 27 de Setembro marcou, durante toda a minha adolescência, o adeus aos tempos descontraídos das férias e era comemorada à altura, com um último banho nos poços, colectivo, em que todo o grupo, qual bando de passarada à solta e livre, esvoaçava pelo pontilhão dos poços em direcção à água, todos vestidinhos dos pés à cabeça.
Eram os anos setenta... ai meus deuses, ai meus deuses! que pecado de irreverência!
Por vezes organizávamos bailes de garagem e foi aí que muitos dos nossos namoros começaram, acabaram, recomeçaram... que a vida de adolescente era mesmo assim à época, feita de crescimento acelerado e experimentações conjuntas.
Ah! E aquele célebre 27 de Setembro, com baile na garagem do prédio da P que acabou com choradeiras colectivas... vou ver se me lembro da ordem... o P a chorar no meu ombro por causa da P, eu a chorar no ombro do P por causa do A, o A com problemas por causa de outra P, a P com problemas por causa do Z, o Z com problemas por causa da A e pelo meio uma galega doida, a Marion, que ia provocando estragos aqui e ali e a luz do prédio inteiro que se finou por causa do J!
Hoje já não há banhos todos vestidinhos em correrias malucas para a água do Tâmega e também já não há bailes de garagem. Hoje não temos mais direito aos dias que escorriam devagar, descontraídos, com um mundo cheio de coisas boas pela frente que íamos conquistar...
Hoje os 27 de Setembro apenas sobrevivem na minha/nossa memória individual e colectiva.
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2 comentários:
Não tenho por referência o seu 27 de Stembro, mas também tenho o meu...27 de Setembro.
Tudo era diferente nesses tempos de adolescência vivida e disputada entre um magote de amigos, e nem podemos falar de "época de inocência"...simplesmente porque eramos autênticos e sem maldades armadilhadas!
A ansiedade com que se esperavam as festas da aldeia...os bailaricos do Carnaval...um passeio agendado, eram um horizonte que nos guiava e "puxava".
As conversas pela noite dentro...sentados na berma da praça, sem o risco dos atropelos...sem o risco das agressões externas...sem a violência que nos poderia esperar ao virar da esquina...são momentos IRREPETIVEIS!
Quando falo disso às minhas filhas (hoje mulheres de 40 anos), deliciam-se com as descrições.
Não Anabela, esses 27 de Setembro...não voltarão.
Fique bem, sem Ip...por respeito a este post extraordinário!
As conversas nas meias-laranjas da Ponte Velha, comendo pão quente barrado com manteiga, que derretia num ápice, para tudo se derreter de seguida dentro das nas nossas bocas... aina sinto o cheiro do pão, ainda o oiço estalar entre os dedos...
E é certo, estes 27 de Setembro não voltarão mais, mas teremos outros... esperemos recuperar pelo menos a esperança no futuro...
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