domingo, 20 de março de 2011

Hipocrisia

Hipocrisia

Dá dó ler isto. Dá dó ler a lista de signatários que defendem a não "agressão" militar à Líbia. Montes de esquerdas, cá estão elas, aquelas que também são herdeiras de quem lutou pela queda do Estado Novo em Portugal.
Como têm a lata de defender a inactividade face ao que se passa na Líbia? Face a um líder louco que não aceita ser afastado do poder? Face a um líder louco que declara o cessar-fogo e continua a bombardear populações praticamente indefesas? Face a um líder louco que afirma fazer a paz continuando a guerra?
Há valores que eu não negoceio - Poder viver em Democracia, mesmo se fedorenta, poder viver em Liberdade, mesmo se com tiques de autoritarismo, são para mim valores não negociáveis. E o que é válido para mim... pode também ser válido para outros.
Para me posicionar face a um problema faço, frequentemente, um exercício simples que consiste em vestir a pele do outro.
Imaginemos... imaginemos que eu vivia em ditadura há 42 anos e que estava mais do que cheia dela e do amado líder que a impunha. Imaginemos que muitos outros comungavam destes sentimentos de afrontamento. Imaginemos que vínhamos para a rua, com cartazes e palavras de ordem, afirmando não suportar mais o amado líder. Imaginemos que exigíamos Democracia, Liberdade.
Imaginemos que o amado líder, qual lapa agarrada ao poder, confundindo um país e um povo com propriedade sua, que tanto ano de poder absoluto já lhe deu volta ao miolo, resolvia retaliar e tentar controlar à força a situação. E para isso mandava atacar, por terra e ar, a população que exige apenas aquilo a que tem direito. Imaginemos que eu via as bombas cair, bombas deitadas pelo meu amado líder, ao meu lado e que via os seus efeitos e que olhava para os lados e via a desproporção de meios, os manifestantes sem aviões bombardeiros, sem mísseis...
Queria eu, nestas circunstâncias, ajuda internacional dos países democráticos e livres?
Queria eu, nestas circunstâncias, que as forças internacionais obrigassem o amado líder a estancar o genocídio de um povo que apenas exige respeito?
Pois queria. E assim sendo está tudo dito.
Feito este exercício, afirmo apenas que esta esquerda, que assim se pronuncia, enoja-me.
Ver aqui os verdes, o pcp, a cgtp...e outros como os não sei o quê dos resistentes antifascistas portugueses é apenas um asco.

4 comentários:

Hélio Matias disse...

Estou admirado consigo colega, então não reparou que são só...democratas?!

Anabela Magalhães disse...

Eheheh! Não me admira, Hélio. Ainda não há muitos anos o meu cara metade disse-me o mesmo e ele conhece-me como ninguém.
É certo que as nossas democracias estão a passar um mau bocado. De qualquer modo não se comparam a estes regimes onde eu poderia desaparecer sem deixar rasto apenas por pensar como penso. Por aqui penso, digo, escrevo e sei que não serei torturada por isso, sei que não desaparecerei por causa disso.
Também não sou inocente ao ponto de não saber que o petróleo, neste caso, pesou e que noutros casos, de outras atrocidades, não pesa. :(
Abraços

Hélio Matias disse...

Bem se vê que o seu meia-cara é um...MATIAS!

Anabela Magalhães disse...

Ai é, é!
Beijinhos

 
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