Professores de História em Acção - Mosteiro da Virgem de Guadalupe
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Este é um post de homenagem a todos os filhos de professores que alguma vez na vida foram arrastados pelos seus progenitores para as escolas a horas pouco convencionais, foram "preteridos" porque a mamã ou o papá, ou mesmo ambos, tinham TPC para o dia seguinte, ficaram em casa de familiares, amigos ou vizinhos porque havia reuniões lá na escolinha a prolongarem-se por horas inadequadas e indecentes... como se os professores não tivessem vida própria.
Este é também um post de homenagem a todos os filhos de professores que um dia se viraram para as suas mães, ou pais, e constataram em tom de lamento "Não sei porque não levas um colchão para a Escola!" ou que, apoiados nos exemplos de vidas de professores, esses malandros!, nos asseguraram, desde pequeninos, que jamais escolheriam a profissão de professores e cumpriram a sua promessa.
Este é um post de homenagem à minha filha, aos filhos de A e de B, de fulana e de sicrano, este é também um post de homenagem aos gémeos da Paula Fernandes, escrito hoje, agora que ela já não habita a "nossa" escola, muito embora a povoe... povoe... e esteja sempre a ser falada... falada...
Ouvi falar pela primeira vez nos gémeos, ainda sem saber que eram gémeos, num período de reunite febril que atacou a minha escolinha no início do ano lectivo de 2009/2010.
Foram convocados conselhos de turma, para todas as turmas, mesmo antes das reuniões intercalares o que fez com que nos encontrássemos por diversas vezes em reuniões, tantas quantas as turmas que tínhamos, todos sentados à volta de várias mesas unidas umas às outras para nos poderem albergar, arrastando-se as ditas pelas 20 e mesmo pelas 21 horas, noite adentro, como se todos nós não tivéssemos nada melhor e mais interessante para fazer em casa aquela hora tardia.
Ora se havia docentes daqui, moradores a 5 minutos de casa, eu por exemplo que sou neste aspecto uma verdadeira sortuda!, a verdade é que havia professores(as) do Porto e de Guimarães e de Vila Real, com outra vida e responsabilidades para além de ser professor(a) e com o constrangimento de morarem longe desta minha city.
A Paula Fernandes era uma delas e amiúde entrava em verdadeiro desespero, colocando as mãos à volta da cabeça, como que a segurá-la e soltava um longo e arrastado desabafo "Por favor pessoal, entrei na escola às 8:20, são quase nove da noite e eu ainda nem vi os meus filhos hoje! E amanhã entro outra vez ao primeiro tempo da manhã e ainda tenho de ir para Vila Real!" E a cena triste prolongou-se por uma primeira catrefada de reuniões que engataram nas reuniões intercalares... que por sua vez engataram nas reuniões de avaliação, no final do 1º período.
Por estes dias tenho-me lembrado muitas vezes dela, dos seus filhos pequenos e belos, os famosos gémeos que eu conheci no Verão do ano passado e que por certo também pagam a sua factura por serem filhos de uma professora.
Por estes dias tenho-me lembrado muito dela... porque voltamos a isto e eu nem entendo a opção de reunirmos já todos os conselhos de turma, parecendo-me que seria mais adequado mantermos a opção do ano passado, realizando estas reuniões só para os sétimos anos, enfim, só para as turmas desconhecidas dos respectivos conselhos.
Enfim, em Outubro engataremos nas intercalares.
Quanto aos gémeos e à mãe dos gémeos, desejo-lhes tudo de bom e que estes episódios não deixem sulcos muito profundos nas suas vidas...
3 comentários:
Anabela, se alguém quiser "medir", a sério, os faustosos privilégios da invejada profissão docente, então que faça um inquérito para apurar quantos filhos de professores seguem a carreira dos pais. Depois, como a resposta vai ser elucidativa, que tente perceber quando o fenómeno começou.
Esta temática daria, sem dificuldades, uma tese de doutoramento. Aqui há pano para mangas.
Sabes de quem eram as frases que eu meti entre aspas? Da minha filhota, que cumpriu o que sempre disse desde pequenina... estou a ouvi-la... "Professora nunca!"
Bjs
Há dois ou três anos atrás, numa das aulas de apresentação, uma aluna disse-me que os seus pais eram ambos professores.
― E tu, também queres ser professora? ― perguntei, em jeito de provocação.
― O meu pai disse-me que, se eu escolher um curso desses, não me paga os estudos! ― respondeu-me a cachopa.
― O teu pai só quer o melhor para ti. ― rematei.
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