quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Procura-se - Casa da Juventude - Amarante, Juventude, Oportunidades


Procura-se - Casa da Juventude - Amarante, Juventude, Oportunidades

O texto que abaixo transcrevo foi escrito a pedido da Maria Moita e da Bárbara Wamboi para o Procura-se, o Jornal da Casa da Juventude que vai já na sua publicação 5 e que os meus leitores podem ler na sua versão on-line clicando aqui.
Acreditem que vale a pena espreitar e calcorrear estas páginas cheias, bonitas, enérgicas, joviais, esperançadas, enfim, amarantinas.
Parabéns a toda a equipa que pôs na rua este Procura-se. Quanto a mim, foi um enormesco prazer poder colaborar com esta equipa dinâmica e arrojada. Estou-lhes grata por ampliarem a minha voz.

O pontapé de saída foi-me dado com as palavras Amarante, juventude, oportunidades. E o texto saiu assim:

Hoje escrevo ao sabor da pena esta brevíssima reflexão sobre Amarante, juventude, oportunidades. E, sob este pretexto, recuo ao passado, ao início dos anos setenta, a uma Amarante muito provinciana e que não arriscava a mudança. 

Entretanto, decorrente do 25 de Abril de 1974, instala-se a necessidade imperiosa de liberdade e igualdade, sentida por muitos mas especialmente sentida pelas raparigas amarantinas apanhadas na voragem das ondas de mudança chegadas da capital que demoravam a fazer escola aqui no burgo. 
A discriminação de género começava dentro das nossas famílias e acabava na sociedade em geral, a falta de oportunidades, quase crónica, abatia-se sobre os rapazes… mas escolhia predominantemente as raparigas, alvos mais fáceis porque mais desprotegidas. Por aqui, as oportunidades de emprego eram sobretudo dirigidas a jovens trabalhadores sem formação específica, do sexo masculino, provindas do sector primário, secundário e terciário mas que foram sempre inferiores às reais necessidades, atirando muitos jovens para fora da cidade, até para fora do país. Este panorama agravava-se para os jovens licenciados(as) chegados(as), cada vez em maior número, das universidades e que raramente se conseguiam fixar na terra que os viu nascer e crescer.

Ao longo de várias décadas muitas indústrias, empresas de construção civil, adegas, comércio e serviços vários fecharam portas, outros abriram – exemplo paradigmático foi o decorrente da abertura das grandes superfícies que secaram muitas das lojas do comércio tradicional – e as ondas de choque na cidade foram mais do que muitas. Amarante foi resistindo como pôde e períodos houve em que pôde muito mal.
Na actualidade, os jovens - e as suas famílias - investem mais do que nunca na sua formação e aí reside, do meu ponto de vista, a nossa riqueza actual, na pluralidade de formações que permite o arrojo de tantos que se dedicam à agricultura inovadora, à pintura, ao design, à música, à arquitectura, à restauração, à engenharia, à hotelaria, ao ensino, à informática...

Obviamente, nem tudo está feito, longe disso, mas Amarante está, nitidamente, a ajustar-se e a mudar para melhor depois de já ter batido no fundo e essa mudança passa muito pela mudança de mentalidades operada nos últimos anos pois enquanto na minha geração ainda foi/é muito nítida alguma inveja mesquinha, o cortar de pernas a quem queria/quer fazer, a quem queria/quer inovar e fazer diferente, hoje em dia o espírito reinante é mais de colaboração e de entreajuda verdadeiramente solidária, o que só poderá potenciar o aconchego das gentes amarantinas e o desenvolvimento da cidade. 

O poder local tem de desempenhar um importante papel na criação de oportunidades para a juventude amarantina, no possibilitar/ajudar a criar soluções e caminhos que potenciem a fixação dos jovens à terra que os viu nascer. Mas esta responsabilidade é também de cada um de nós, da sociedade civil que se deve organizar para que Amarante seja, a cada dia que passa, uma cidade mais agradável, atractiva, segura, limpa, asseada, dinâmica, aberta, arrojada, cosmopolita, artística, variada, enfim, que se apresente como atractiva à fixação de uma juventude que aqui deseja permanecer.
Saibamos estar todos à altura da exigência do momento que se quer de viragem e de fim de uma certa letargia que já caracterizou a cidade.

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