domingo, 11 de dezembro de 2016

O Trabalho (Oculto) dos Professores

 
Página de Portefólio com Trabalho Impecável de Um Período
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

O Trabalho (Oculto) dos Professores

O trabalho dos professores é feito do somatório de várias componentes uma das quais é por mim apelidada de oculta. Por estes dias, os professores deste país vivem dias de quase clausura, à conta do muito trabalho que há para realizar, nomeadamente em termos de correcções de testes, de correcção de portefólios, de correcção de trabalhos diversos entregues pelos alunos. Este trabalho, de gestão pessoal, não raras vezes, eu diria até a maioria das vezes, mesmo se o/a professor/a é extremamente organizado/a, entra-nos casa adentro sem dó nem piedade, não respeitando feriados, nem fins-de-semana, prolongando-se, quantas vezes!, pela noite dentro... até estar feito o que tem que ser feito, mesmo se a horas obscenas. Os alunos sabem que nós o desempenhamos, os pais e encarregados de educação também, nós e as nossas famílias nem se fala, porque este é o trabalho destruidor, quantas vezes!, de fins-de-semana e de feriados de passeio, borga e descontracção total.
Por estes dias, assim estamos. Afogados em trabalhos muitos que se prolongarão logo de seguida no trabalho burocrático de preenchimentos de relatórios e grelhados vários, preparatórios das reuniões que ocorrerão em período já de pausa para os alunos mas que ainda será de muito trabalho para os professores deste país.
Mas venceremos. Nós e eles, eles e nós.

Nota 1 - Apelidei a fotografia que ilustra este post de "Página de Portefólio com Trabalho Impecável de Um Período".  É claro que este trabalho realizado pelos meus alunos é muito pessoal. É que se há alunos que não dão um único erro, outros chegam ao 7.º ano de escolaridade a escrever um português absolutamente miserável que urge corrigir. E como é que se corrige? Corrigindo eu, para depois corrigirem eles num trabalho de memorização puro e duro que implica relembrarem regras de concordância em número e em género entre sujeito e predicado... é assim que se diz hoje em dia?!, que implica relembrarem regras de translineação, regras de uso das letras maiúsculas, de pontuação, que implica relembrarem que antes de p ou de b escreve-se sempre um m... e por aí adiante que eles também me chegam à sala a "comerem" os fins das palavras e outras habilidades que tais.
Se isto é trabalho de professora de História? Pois então não! Por acaso não seremos nós todos um pouco professores de português?
E sim... este continua a ser o trabalho oculto de alguns professores. Pelo menos desta professora que não se fica só pelas lamúrias dos protestos inconsequentes sobre o português dos seus alunos. E que ainda não baixou os braços perante a possibilidade, por ínfima que seja, de alterar um bocadinho, para melhor!, a nossa amada língua praticada pelos agora alunos, que serão os portugueses do futuro.

Ah! Já agora, se conhecerem outro método mais "pedagógico", mais "interessante" e mais "lúdico" deste que os meus professores me obrigaram a fazer e que eu exijo aos meus alunos enquanto professora, e que é a correcção dos erros e das faltas de acentos... agradeço que me informem porque pode ser que me tirem uma carrada de trabalho do lombo!

Nota 2 - Estas minhas preocupações nem sempre são compreendidas nem mesmo dentro da escola. O que para mim é encarado sempre com espanto.

2 comentários:

Anónimo disse...

Nem mais. Todos deveriam perceber o trabalho do (bom) professor, aquele que é apologista não só do sucesso dos seus alunos, mas como da sabedoria deles, pois essa fica para a vida. Frequento o 11.° ano e pretendo seguir ensino, com uma pequena esperança de que, daqui a uns tempos, o acesso às escolas deixe de ter na ementa uns concursos muitas vezes mal feitos e se foque nos alunos e no que eles precisam. Um beijinho. Gostei muito de ler.
Inês

Anabela Magalhães disse...

O trabalho de um Professor é muito complexo e envolve vertentes às vezes até improváveis se a abordagem à coisa não for suficientemente profunda.
Obrigada pelo comentário! E boa sorte para o futuro.
Beijinhos

 
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