domingo, 24 de março de 2019

Amarante, Pelo Direito à Memória

Debate - Amarante, pelo direito à memória - Café-Bar - Amarante
Fotografias de Isabel de Oliveira

Amarante, Pelo Direito à Memória

O debate, realizado ontem em pleno coração da cidade, no Café-Bar, correu muito bem. Os oradores foram excepcionais, a moderação foi excelente e a presença de tanta e tanta gente interessada na temática alvo de debate, que esbordava literalmente para o exterior, para a esplanada, tornou aquele espaço, fundado pelo meu avô Rodrigo e pelos seus irmãos Ismael e Belchior, um espaço demasiado pequeno.
As pessoas acompanharam, interessaram-se, debateram, questionaram, trocaram ideias livremente sobre a cidade, elevaram-se, emocionaram-se.
A Cidade corre-nos nas veias. Cidade que é nossa, convém nunca esquecer este princípio! pois sem nós, que a habitamos, a cidade seria o quê?
Os poderes, maiores ou menores, são e serão sempre efémeros. E devem exercer-se com humildade, sentindo um pulsar de cidade que também é este, nunca alheando-se deste pulsar.
Ontem cumpriu-se Cidadania. Sem pálios e sem encostos. E eu, confesso, gosto particularmente disto. Ontem amadurecemos a Democracia.

Foi um enriquecedor momento de partilha. O debate foi profundo, sereno, emotivo, poético até. Hoje e sempre descerei ao rio e caminharei ao longo da sua margem amparada e aconchegada por este muro que é identidade para tantos de nós. Amarante nunca foi uma terra exposta. Amarante só se dá verdadeiramente a conhecer a quem estiver disposto a percorrer os seus espaços interiores, de artérias a veias e a capilares. Esta é a nossa particularidade, a nossa matriz identitária.
Queremos continuar a descer ao rio pelos capilares apertados, misteriosos, enigmáticos e, de repente, desembocar no nosso Tâmega, com o seu arvoredo frondoso que nos sombreia e nos torna mais leve leve a canícula do Verão que já se aproxima. Exigimos respeito pelo nosso património herdado e queremos legá-lo aos nossos vindouros. Temos tanto onde torrar, bem, os dinheiros que são nossa pertença porque são erário público!
Não desfigurem a cidade sob pena de a plastificarem até ela ser uma triste imagem da Princesa do Tâmega... que ainda é.

Enquanto organizadora do evento, devo uma explicação a todos quantos acompanharam o debate em silêncio quase religioso, bebendo cada palavra ponderada, serena, amadurecida pela muita experiência e qualidade que cada um dos intervenientes transporta e que também questionaram e deram o seu contributo para o tempo pleno de vida que ontem aconteceu.
O arquitecto Souto Moura, convidado para o evento que queríamos plural e até contraditório, declinou o convite alegando falta de agenda.
O presidente da Câmara Municipal de Amarante, convidado para o evento que queríamos plural e até contraditório, considerou a iniciativa "desnecessária" já que a apresentação do ante-projecto já aconteceu e uma nova sessão com o arquitecto Souto Moura será agendada lá para o Verão... não sei se seguindo o mesmo deprimente figurino da primeira.
Os partido políticos locais - PSD, CDS, PS, PCP e BE foram contactados e convidados. Muito embora o debate não seguisse qualquer guião partidário, redutor, a verdade é que as forças políticas são determinantes para a cidade e não podem ser excluídas destas problemáticas determinantes e impactantes nas nossas vidas.
Os órgãos de comunicação social local foram, igualmente, contactados e convidados a estarem presentes. Penso que não me escapou nenhum.
Veremos agora os ecos... estaremos atentos... desta importante iniciativa que saiu de uma sociedade civil não amestrada e não diminuída na sua capacidade de pensar.

Resta-me agradecer, e muito, a todos quantos foram determinantes para que a iniciativa fosse coroada de êxito. Não preciso de os enunciar. Eles sabem bem quem são!

Nota 1 - Este é o meu balanço pessoal. Outro, será por certo feito a seu tempo.
Nota 2 - Não ficaremos por aqui. E daremos novas.
Nota 3 - Para ver ou rever o debate em causa, clique aqui.

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