domingo, 11 de outubro de 2020

Amarante - Uma Manhã de Domingo Altamente Preocupante


Amarante - Uma Manhã de Domingo Altamente Preocupante

Ponto um - Sou realista, observadora e procuro manter-me minimamente atenta e informada. Sem cristalizar nas minhas opiniões, defendo-as com unhas e dentes sempre que as considero correctas, para mim e para os outros.

Ponto dois - Sei que o SARS-CoV-2 nem ser vivo é e que só tem existência porque existem hospedeiros animais, irracionais mas também racionais, que lhe vão dando guarida, deixando-o multiplicar-se dentro deles e passar de hospedeiro em hospedeiro.

Ponto três - Sem andar acagaçada com o SARS-CoV-2, tenho-lhe muito respeitinho, porque é do meu conhecimento que ele ataca e é letal exactamente a franja da população mais vulnerável, mais desprotegida, mais idosa e que alguns parecem considerar como completamente descartável o que não é o meu caso. Gostaria de poder chegar a este patamar etário, um dia, e de continuar a ser tratada com o carinho e com o respeito merecido por toda uma extensa vida cumprida com esforço e com responsabilidade.

Ponto quatro - Cada número de infectados, de internados em enfermarias, de internados em UCI, exposto na televisão nas célebres conferências de imprensa, corresponde a uma pessoa de carne e osso que é filho de alguém, progenitor de alguém, tio de alguém, sobrinho de alguém, primo de alguém, marido/esposa de alguém, amigo de alguém. Ou seja, cada número é uma vida e eu considero que cada uma destas vidas tem tanto valor como a minha, a tua, o que for. 

Ponto cinco - O que acabei de afirmar é válido para esta situação em concreto e para todas as outras, independentemente de etnias, cores da pele, condição de multimilionários ou de indigentes.

Ponto seis - Acabei de chegar do largo principal da minha cidade literalmente inundada de gente de fora, de turistas, de forasteiros chegados de mota, de bicicleta, de camioneta que, invariavelmente, se sentam em grupos mais ou menos numerosos à volta de apenas uma mesa sem fazerem qualquer distanciamento social, alguns sem qualquer reserva quanto à etiqueta respiratória, a maioria sem máscara.

Ponto sete - Confesso que fiquei ainda mais preocupada. Porque a dureza dos números já está aí e continua a haver gente, nova, mediana e idosa, que se comporta como se vivêssemos em Outubro de 2019.

Ponto oito - Parece que há gente interessada em fechar de novo a economia e confinar. Não é o meu caso. Prezo demasiado a minha vida social, o contacto com os meus familiares, os meus amigos, a possibilidade de percorrer a minha cidade, ir a um café, a uma confeitaria, a um restaurante mesmo se o faço agora em regime de takeaway, prezo o poder fazer compras aqui na minha cidade, enfim, pretendo e quero manter uma vida minimamente normal. E tenho mantido. Com resguardo. Agora já sempre de máscara. Cumprindo as regras do distanciamento social. Cumprindo a etiqueta respiratória. E tudo isto por respeito acima de tudo aos outros. 

Ponto nove - Não vivo alheada. Sei que há pela cidade, quem diz pela cidade diz pelo mundo, comerciantes desesperados com a falta de clientela, industriais atrapalhados que não conseguiram nem conseguirão manter as suas indústrias a laborar, gente das artes e dos espectáculos com a corda na garganta, enfim, muita coisa ainda presa por ténues fios que ameaçam esboroar-se.

Ponto dez - Perante isto, a sério, enquanto a pandemia durar, é assim tão complicado usar a porcaria de uma máscara? Não espirrar nem tossir livremente para o ar e para os outros? Cumprir as regras do distanciamento social sempre que isso é possível? Higienizar as mãos com frequência?

A sério? Isto é traumático?! 

28 comentários:

Luís Serpa disse...

Não é traumático. É só idiota e inútil. Não há qq prova de que sirva pata alguna coisa. Comoate com os países onde a máscara não é obrigatória. Informe-se melhor, aparentemente o que se informa é insuficiente.

Anabela Magalhães disse...

Enfim, há negacionistas para tudo e mais alguma coisa.

Luís Serpa disse...

Ele há negacionistas e ele há quem acredite em tudo o que lhe contam e não se dê ao trabalho de se informar. Há de tudo, neste mundo. Infelizmente, os cépticos são uma minoria.

Anabela Magalhães disse...

Felizmente, digo eu. Mesmo assim provocarão muitos estragos. Esperemos que esses estragos não cheguem ao ponto de confinarmos de novo. Mais cego que o cego é aquele que não quer ver.
Espero que não perca nenhum familiar seu, principalmente dos mais próximos, durante esta segunda vaga.

Luís Serpa disse...

Cara Anabela Magalhães, obrigado pelas suas respostas. Em relação a cegos, estamos ambos servidos: V. pensa que eu o sou, eu penso o mesmo de si. São dois argumentos que se anulam - excepto que a mim ainda resta vista suficiente para ver os números correctos, de sites independentes. A julgar pelo que diz, não deve ser o seu caso.

Isto dito: o facto de morrer alguém da minha família não alteraria as minhas ideias. Entristecer-me-ia, seguramente. Mas as minhas ideias são uma coisa, a morte de um familiar outra. Não devem ser confundidas - e muito menos invocadas, mas isso é oura história. Todas as pessoas que morreram eram familiares de alguém. (Ou pelo menos a maioria delas.) Nada disso altera o facto de que nos países em que não se usa máscara não há mais mortes do que naqueles que impõem o seu uso. Um facto não depende de famiiares nem de relações afectivas. Nos países onde houve confinamento não houve menos mortes do que naquele onde não houve - faça uma pesquisa no Ourworldindata.org e confirme.

Anabela Magalhães disse...

Consulte as mortes da primeira vaga na Suécia. Desde 1869 que não morria tanta gente neste país que já conta com 5892 de mortos em cerca de 10 milhões de habitantes. Eu continuo a não gostar da teoria da imunidade de rebanho. Penso que no século XXI temos de ser capazes de fazer melhor. Portanto e rebatendo o que disse - nos países em que houve confinamento a tempo e horas, caso português com sensivelmente a mesma população da Suécia, houve menos mortes e isso não é a minha opinião - é um facto.
Agora, de facto situamo-nos nos antípodas em termos de raciocínio. O que me preocupa não são as consequências que cada um pode ter ao pensar dessa forma. O que me preocupa é que muitos de vós arrastarão os outros consigo.
Votos de saúde. A tempestade perfeita, e não fui eu que inventei esta expressão para este caso, foram médicos e cientistas a alertar para ela, está a chegar.

Luís Serpa disse...

Cara Anabela Magalhães, começo por lhe pôr aqui um link: https://ourworldindata.org/coronavirus-data-explorer?zoomToSelection=true&minPopulationFilter=1000000&country=SWE~ESP~FRA~PRT~ITA~BEL~NLD~DEU~CHE~AUT&region=World&deathsMetric=true&interval=smoothed&hideControls=true&perCapita=true&smoothing=7&pickerMetric=location&pickerSort=asc.

É uma selecção de dez países europeus. Distinga, por favor - sem ir às legendas - a Suécia.

A Suécia conta com 5892 mortes? E Portugal, quantas conta? E a Bélgica? E a Itália? Faça as contas por milhão de habitantes, claro. E inclua nas suas contas as mortes em excesso por falta de tratamento, que essas pessoas também tinham familiares). Nunca morreu tanta gente desde 1869? Tem as fontes, por favor? Essas contas foram feitas tendo em consideração a evolução da população?

Mas agora, indo ao que interessa - não é com factos que se combatem percepções, por isso deixemo-los factos de lado, por agora. Interessa-me muito essa atitude de «nãp gostar da teoria da imunidade de rebanho»: é simultaneamente interessante e reveladora. As teorias não são feitas para se gostar delas ou não. As teorias são feitas para ser aceites ou rebatidas. V. pode não gostar da gravidade, da teoria da relatividade ou da lei da atracção das massas, mas isso não as torna nem mais nem menos verdadeiras. Não é por gostarmos mais que a Terra seja redonda que os terraplanistas estão enganados. É porque a Terra é redonda. A imunidade de grupo é uma teoria que tem vindo as ser confirmada ao longo deste século e meio que a epidemiologia leva de vida. A imunidade de grupo funciona com as vacinas, também é contra elas? (Se não acredita, faça uma pesquisa no Google. A mim, o primeiro resultado foi este: «Há duas formas de uma população ter imunidade de grupo relativamente a uma doença:

Por vacinação em massa da população contra essa doença;
Por imunidade natural desenvolvida por uma parte importante da população, depois de ter sido infetada. »

(Curiosamente, tal como creio ter-lhe dito antes, cada vez há mais indícios de que a imunidade natural contra o SARS-CoV-2 é de cerca de 80%).

Diz a anabela que nós vamos arrastar muita gente. Tomara eu fosse verdade... O mal que o pâico está a gerar é infinitamente superior aos perigos da Covid.

Anabela Magalhães disse...

Caro Luís Serpa, há uma linha vermelha que eu, conscientemente, nunca ultrapassarei - a minha liberdade acaba quando começa a dos outros. Assim, e extrapolando para este caso, eu até podia dar para este peditório se, com a minha acção descuidada, só me afectasse a mim, contribuindo deste modo para a imunidade de grupo já que eu nem integro qualquer grupo de risco, muito embora eu saiba bem que nem só estes podem ter problemas e graves, fruto do SARS.CoV-2.
Assim, sabendo que, se estiver infectada, posso infectar outros e que esses outros podem desenvolver formas gravíssimas da doença e até morrer em consequência dela, nunca defenderei essa tal de imunidade de rebanho, que, francamente, sendo nós mulheres e homens do século XXI, deixa muito a desejar pelos efeitos que potencialmente provoca.
Mas sei bem que o Luís Serpa não está sozinho nessa defesa. Chamo-lhe só à atenção de uma outra coisa - Já há mortes em reinfectados. Ou seja, o SARS-CoV-2 é suficientemente estuporado para nos colocar em sentido.
Fique bem! Saúde.

Anabela Magalhães disse...

Nem de propósito, acabei agora mesmo de escutar as palavras de um representante da OMS - Diz a OMS que deixar a doença circular livremente não é ético. Concordo.

Luís Serpa disse...

Cara Anabela Magalhães,

Começo por lhe agradecer uma vez mais a possibilidade que me dá de conversar com alguém «do outro bordo» num tom civilizado. Mentiria se lhe dissesse que não é frequente: na verdade, tão longe quanto a memória me leva, é a primeira vez. É agradável para quem, como eu, gosta de discutir ideias mas é incapaz de discutir crenças.

Isto dito, e começando pelo fim: na minha opinião, o que diz a OMS não se escreve, não se ouve e não se executa. Por um lado, porque - recohecerá certamente - desde o início desta crise tem dito tudo e o seu contrário. Por outro, porque conheço relativamente bem o funcionamento das agências da ONU, por ter trabalhado numa delas (o ACNUR). A ONU é uma organização política é assim que reage. Há duas agências que funcionam bem: o PAM e o ACNUR - mas isso é apesar de serem da ONU e não porque são. Isto não significa que as pessoas que lá trabalham seja incompetentes - nunca trabalhei com tantas inteligências, tanta competência, tanto saber como no ACNUR (e mais tarde no CICR). Acontece simplesmente que há uma discrepância muito grande entre o patamar técnico e o patamar político e normalmente este leva a melhor. O caso do senhor Tedros é simplesmente um exemplo um bocadinho excessivo, mas não está de forma nenhuma fora da norma.

Secundo: a questão da liberdade e respectivos limites (neste contexto). Sou liberal, empirista céptico, racionalista crítico e não me é fácil tomar uma posição definida a esse respeito. A priori e intuitivamente tenderia a concordar consigo. Creio, todavia, que o problema não é simples e que neste caso - e até se encontrar uma resposta «definitiva», ou pelo menos «defensável» se deve recorrer ao empirismo: a) os grupos de risco estão bem definidos: pessoas com mais 70 anos e com três morbilidades - o site Informationisbeautiful.net tem informação bastante útil a esse respeito. Isto reduz bastante aquilo que vulgarmente se pensa ser os grupos de risco. Por outro lado, essas essoas podem defender-se. Uma grande maioria está capaz de tomar decisões. Parece-me mais violento obrigá-las a passar os seus últimos meses de vida isolados daqueles que amam do que deixá-los tocar e ver os netos - ou, pelo menos, parece-me que essa decisão lhes compete a eles e não a si, a mim ou à DGS.

Quanto aos reinfectados: de momento, são estatisticamente irrelevantes. Sigo no FB a página de um senhor português que vive nos EUA e é reinfectado e está hospitalizado. Ontem (ou anteontem, não tenho a certeza) foi contactado pela CDC: é o segundo caso de reinfecção nos EUA (vendo o peixe ao preço a que o comprei e não fui verificar; a verdade é que em nenhum dos sites que consulto regularmente há menção a reinfectados, pelo que suponho não sejam assim tantos).

A humanidade já passou por epidemias iguais ou piores do que esta. O que singulariza o SARS-CoV-2 são as redes sociais, a imprensa que trocou o seu papel de contra-poder pelo de correia de transmissão desse mesmo poder, o progressivo afastamento da morte nas nossas sociedades, uma deficiente concepção do risco e da sua gestão (utilizo o termo «deficiente» de propósito) e finalmente, políticos para quem os votos são mais importantes do que o bem-estar das populações. Ou, se preferir, políticos sem colunas vertebrais.

E saber que tudo isto não acontece só em Portugal ainda me desconsola mais.

Sudações cordiais.

Anabela Magalhães disse...

Boa noite e grata pelas suas palavras. Tendo a não me descompor... eheheh... sou professora e tenho treino bastante no que a Educação diz respeito.
De resto, há uma certeza no meio de todas as muitas incertezas - a máscara protege e isto não é uma opinião.
Tanto assim é que ninguém que trata doentes com SARS-CoV-2 se aproxima destes doentes sem seguir um protocolo deveras impressionante - a minha comadre esteve neste serviço durante a 1.ª vaga e seio, portanto, em primeira mão.
Se assim é, se cientificamente está provado que a barreira, manipulada e usada convenientemente, funciona quando se tapa nariz e boca por que razão não se torna, temporariamente, obrigatório o seu uso? Não entendo e também não entendo o que é que isso me tolhe os movimentos já que eu de máscara desloco-me a todos o lado e mais algum. A alternativa vai ser um novo confinamento, que é um "lugar" onde eu não gostaria de voltar se grande parte da população não acatar. Este é um dos problemas das escolas - lá dentro... menos mal apesar de haver muito mal mas, cá fora... ai jasus!!!! Cá fora é a loucura. E nós, seus professores, não temos qualquer jurisdição sobre um jovem fora dos portões da escola.

Luís Serpa disse...

Cara Anabela Magalhães, viva.

A razão pela qual não se deve pôr no mesmo saco o uso de máscaras em meio hospitalar e o seu uso na rua (ou melhor: fora dos hospitais): é simples. São duas coisas diferentes. Uma analogia desajeitada seria perguntar-lhe se vai dar aulas de fato de banho vai para a praia vestida como para uma cerimónia de casamento. É desajeitado, eu sei, porque os códigos vestimentares são uma coisa e os dos contágios outra. Mas serve para ponto de partida: não vê ninguém na rua vestido como os médicos nos hospitais, pois não?
a) As máscaras hospitalares não são feitas de pano, são usadas pouco tempo e deitadas fora ou substituídas. As que usamos na rua são ineficazes - não seriam aceites num teatro de operações, por exemplo - e não há garantia nenhuma de que sejam trocadas regularente. Além de que são manipuladas por pessoas sem treino para isso. A eficácia das máscaras na rua é zero;
b) Este vírus matou, até hoje, 0,73 pessoas por cada milhão de habitantes da Terra. 0,73 / 1 000 000. Quer proteger-se de quê? Posso dar-lhe uma lista de doenças e acidentes que mata mais do que isto e não vai propor que se ande protegido deles todos, pois não?
c) Como me disse uma vez um senhor idoso em Palma (84 anos, disse-me), «uma máscara chega para dois». As pessoas que se sentem em risco podem proteger-se sem para isso obrigar os outros a «protegê-las»;
d) Os estudos científicos sobre a eficácia das máscaras sõ no mínimo contraditórios, mas tendem maioritariamente para resultados desfavoráveis às máscaras;
e) imposição de medidas anti-vírus por toda a Europa (não falo do resto porque não conheço) deixou há muito o terreno sanitário. Agora, tem uma perna na política e outra na areligião. Nenhuma dessas áreas está apta a impôr seja o que for em questões de saúde. Como de resto se viu com o exemplo sueco. Estou firmemente convencido de que se tivessem sido os políticos a gerir a crise naquele país, teria havido confinmentos et al. Felizmente não foram.
f) Como explica que nos países onde o porte de máscaras é obrigatório os contágios estejam a subir tanto ou mais do que nos outros?

Cordialmente,


Anabela Magalhães disse...

Caro Luís Serpa, respondo com muito atraso mas respondo quando me é possível.
Ponto um - a analogia é, para usar as suas palavras, "desajeitada". Para usar as minhas, muito infeliz porque uma situação não tem nadinha a ver com a outra.
Ponto dois - As máscaras que usamos na rua, vírgula, porque eu não uso máscaras comunitárias há muito, tendo passado a usar, com o agravamento da pandemia, as KN95 que são as que me garantem protecção a mim e aos outros. Para as colocar, lavo muito bem as mãos antes, pego-lhes pelos elásticos, ajusto-as à minha cara, apoio os meus óculos por cima. É a última coisa que faço antes de sair de casa para a escola, depois de vestir uma bata lavada, colocar a minha mochila às costas, que nunca passa da minha lavandaria, onde carrego o meu higienizador de superfícies mais as compressas que necessito para higienizar todos os meus postos de trabalho que vão mudando ao longo de uma tarde. E passo os dias a despejar álcool gel nas mãos e a manter o distanciamento possível dentro da sala de aula - já que este ministério preparou muiiiiito bem o regresso às aulas de alunos, professores e funcionários!!! - e fora da sala de aulas, que é sempre muito fácil porque depende só de mim.
Ponto três - O uso de uma máscara, qualquer que ela seja, desde que limpa, funciona como uma barreira e será sempre melhor do que nada. As máscaras comunitárias que as escolas distribuíram e que são usadas pela esmagadora maioria dos alunos e dos professores são, na maioria dos casos, das únicas protecções que temos contra o SARS-CoV-2 já que o distanciamento aconselhável de pelo menos metro e meio não chegou dentro da maioria das salas de aula deste país.
Ponto quatro - Por cada estudo a denegrir o uso de máscara bem sabe que há n a defender a sua eficácia.
Ponto cinco - O Trump também sugeriu o uso da lexívia... eheheh... cabe-nos a nós discernir o melhor possível no meio de tanta maluqueira.
Ponto seis - O meu discernimento manda-me usar máscara e fazer tudo o que faço, que é muito, e que já me deu provas de protecção relativamente a vários contactos potencialmente perigosos, porque muito próximos.
Ponto sete - Há muitas doenças a matar mais do que esta, é certo, tomara que não se apanhasse cancro com o uso de máscara mas, infelizmente, não é assim.
Ponto oito - Concordo que a questão está politizada. Melhor seria que não estivesse porque há vários meses que ouço médicos especialistas nestas matérias de epidemias e afins a pedir a obrigatoriedade do uso de máscaras.
Ponto nove - As mensagens contraditórias do governo só servem para baralhar as mentes. Então no espaço público ao ar livre só são permitidas 5 pessoas e dentro das salas de aula podem estar 30?! É só um exemplo... mas eu não lhes ligo muito, se quer saber.
Ponto dez - Não sei se me esqueci de alguma coisa que a conversa já vai longa... eheheh
Ponto onze - Proteja-se como puder, quiser... o que for... com a certeza que esta segunda vaga vai ser bem pior do que a primeira.

Luís Serpa disse...

Cara Anabela, desta vez sou eu que respondo com atraso.

Em relação às máscaras, penso que não deve sequer haver debate: basta comparar o número de óbitos - sublinho óbitos - nos países em que ela é obrigtóriacom o mesmo número dos países em que ela não é obrigatória.

Não lhe parece um método simples para dirimir uma questão?

Quanto ao resto: a DGS hoje (ou ontem) veio dizer que afinal a clínica é mais importante do que os laboratórios. Não tarda e vamos ter negacionitas em quem nos andou a enganar este tempo todo.

Para terminar: está mais do que provado, universalemnte aceite que os testes PCR têm uma alta percentagem de falsos positivos. Superior 50%. Chega a 90%! Pense nisto, cada vez que ler o nº de «casos». Mais de metade não é positiva coisíssim nenhuma. Da metade que resta, 95% não vai sequer ter sintomas. E assim por diante: faça uma escadinha e veja o qe lhe fica quando chegar ao fim.

Cordialmente,

Luís Serpa

Anabela Magalhães disse...

Boa noite!
Relativamente ao uso obrigatório das máscaras não se pode ser assim simplista. Depende dos países e do momento em que elas passaram a obrigatórias.
Quanto à fiabilidade dos testes o que já li é que ela é elevada podendo, é certo, a colheita ser contaminada, ou outra coisa qualquer, e adulterar os resultados.
Enfim, esperemos é conseguir controlar a sua progressão. Eu pessoalmente não estou preparada para ver médicos a optar por este ou por aquele por falta de recursos...
Cordialmente também,
Anabela Magalhães

Anabela Magalhães disse...

Bom dia, caro Luís Serpa!
Quanto à exemplar Suécia, a história ainda não acabou e refaz-se em permanência - https://europost.eu/en/a/view/sweden-to-introduce-local-lockdowns-as-coronavirus-cases-rise-31203
Cumprimentos!

Luís Serpa disse...

Cara Ana, viva.

Temos concepções diferentes da palava «simplista». Para mim, ser simplista é exactamente negar a complexidade das coisas em favor de uma crença, de um preconceito, de uma fé. Isso sim, é simplista. Olhar para a realidade e fazer deduções depois implica complexidade de raciocínio: escolher relevâncias, evitar cair na armadilha da falácia da correlação, evitar cair na falácia do ego - «vemos com o nosso cérebro», dizia Edgar Morin. «Vemos o que somos» dizia já não sei quem (provavelmente o senso comum...) Não é por acso que o empirismo é o método preferido da ciência. Observar primeiro e tirr conclusões depois. Empirismo, racionalismo crítico: parece-me tudo menos simplista.

Fiabilidade dos testes: mais uma vez isto não é questão de crença. O que V. diz reproduz mais ou menos o que o senhor do Scimed escreve. É falso e já foi desmontado por várias pessoas e instituições. Procure... Vai encontrar.

Progressão do vírus: o vírus é um processo natural que obedece umaa lógica própria. Podemos diminuir-lhe os efeitos, mas não podemos controlá-lo. A menos, claro, que considere que o vírus da Sida, ou o do Ébola, estão controlados. Não estão: aprendemos a viver com eles, sabemos o que fazer para os evitar ou para os tratar. O mesmo acontecerá com este: vamos aprender a diminuir-lhe as consequênciaas (não esquecendo que 99,96% ds pessoas sobrevivem, portanto nem será muito difícil), vamos aprender a não o apanhar, vamos aprender a viver com ele.

Finalmente, a Suécia: estou de acordo consigo. Vamos esperar e ver. Duas perguntas: até quando pensa que se deve esperar? E: Se se enganar, acha que poderá dizer: «Sim, enganei-me»? Eu sou- Passo a vida a enganar-me, num processo de experimentar e enganar-me e experimentar de novo...

Boa noite, desta Genebra chuvosa, cinzenta e apesar disso tão amável.

Luís Serpa disse...

PS - Quanto a esse artigo, já foi desmentido. Ou melhor, desmontado. Um das coisas que esta crise nos ensinou é que a leitura de jornais implica uma hermenêutica própria, específica. Se um jornal disser «a», temos de percorrer todas as hipóteses de b a z, para ter a certeza de que a é a e não 1269 (o número é aletório).

Anabela Magalhães disse...

Boa noite de Amarante!
Ao ler estas suas missivas tendo a concordar com muito boa parte do escreve, ou seja, não estamos nos antípodas, em termos de posições quanto a todas estas problemáticas, muito embora tenhamos aqui e ali pontos de vista substancialmente diferentes.
Vamos acompanhar a situação. A da Suécia também. Pelo menos durante este Inverno, que é, previsivelmente, o pior tempo para a pandemia se espalhar. Veremos de novo os confinamentos a surgirem aqui e ali e acolá também. Veremos se na próxima Primavera/Verão poderemos respirar um pouco. Sim, teremos coronavírus para muito tempo, provavelmente ficará endémico.
Se eu me enganar direi, sem problemas, enganei-me. Não tenho a pretensão de tudo saber. Escuto, leio, vejo e tiro as minhas conclusões. Tendo a ser muito respeitadora do outro. Sei que o outro, o idoso, está particularmente vulnerável e em perigo e não gosto disto. O que eu puder fazer para o proteger, farei. Não gosto de andar de máscara. Incomoda-me, abafa-me a voz, meu instrumento de trabalho já que sou professora. Conheço os argumentos dos dois lados, dos que defendem o seu uso generalizado e dos que não o defendem. Podia ficar indiferente e nem tomar posição. Mas tomo e, face à possibilidade de ser uma barreira eficaz contra a propagação do estuporado, uso-a sem problemas. Será um uso transitório... ou não. O seu uso generalizado já há muito acontece pelo extremo oriente... culturas! Talvez até fique enraizado e nos ajude a combater os vírus da gripe...
Fique bem aí por Genebra!

Luís Serpa disse...

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=4052569814769410&id=100000492930192

Cara Anabela, amanhã respindo-lhe com vagar. Até lá, fica rste gráfico, talvez ajude. Boa noite e até amanhã.

Anabela Magalhães disse...

Viva!
Não consigo entrar. Algo deve estar mal.
E eu entretanto deixo-lhe este:
https://www.thelancet.com/journals/laninf/article/PIIS1473-3099(20)30785-4/fulltext?fbclid=IwAR1UwqPdwCh-c6lnmrtJpGq7Bu3CEbYZY2JGlVbmddIRFB3RRar8etLYdM4#seccestitle130

Bom Domingo!

Luís Serpa disse...

Cara Anabela, viva.

Deixei de brandir artigos científicos ou pelo menos faço-o muito menos. A verdade é que estou mais interessado pelos aspectos políticos, sociais e económicos desta crise que pelos seus aspectos sanitários, que há muito estão estabelecidos: é uma má gripe, uma gripe violenta mas longe de ser o Pol Pot dos vírus que se diz ser. Depois, temos felizmente um grupo de controle para desmascarar a enorme e na minha opinião criminosa experiência social que os governos estão a fazer. Abri recentemente o meu facebook, pode visitá-lo em luis.m.serpa. Lá publico bastantes artigos e gráficos sobre a Covid. Verá que há cada vez menos artigos.

Estou na Suíça, onde os governos cantonais e federal reagem com infinitamente menos histeria do que em Prtugal - apesar de todos reclamarem «medidas», como se elas resolvessem alguma coisa. Não resolvem. E se resolverem, é à custa de demasiadas vidas humanas, miséria e suicídios que aí vêm. Estamos tão ofuscados pela Covid que fechamos os olhos ao resto. Curamos 10 para matar 1000.

Boa noite!

Anabela Magalhães disse...

Viva!
Olhe que por cá não estão a reagir com histeria mas sim com desorientação. E sim, um dos problemas da COVID é mesmo os danos colaterais.
Espreitarei.

Luís Serpa disse...

Cara Anabela, viva. Lá muito para o princípio deste nosso diálogo desejou-me um familiar doente, não foi? (Ou coisa que o valha, não fui reler.)

Pois bem, aí o tem. A minha filha (28 anos) testou positiva. A minha preocupaçãoé zsro: amanhã vou levar-lhe víveres, buscar a cadela e a vida continua. Daqui a seis dias veremos.

Anabela Magalhães disse...

Boa tarde, Luís Serpa!
Sem ir atrás reler o que escrevi, garanto-lhe que não escrevi semelhante barbaridade. O que escrevi, por certo, foi qualquer coisa como "espero que não venha a ter...".
Lamento que a sua filha tenha testado positivo pois juntou-se ao clube das famílias com casos positivos que também é o meu.
O problema não está, geralmente, na gente nova que passará por isto como quem passa por um resfriado. O problema está na propagação descontrolada que gera cada vez mais gente que tem mesmo de ficar internada e que dessa, parte, acabará nos cuidados intensivos e parte nem se safará. Foi o caso de uma minha tia, durante a primeira vaga. Tinha 86 anos, estava impecável de saúde, tinha energia para dar e vender e deixou-nos a todos com um vazio enorme não só porque foi o estuporado que a levou mas também porque nem pudemos despedir-nos dela. Isto não se esquece e isto não acontece só nas outras famílias.
Por cá temos hospitais já em ruptura. É o caso do hospital que serve a minha região e que está a rebentar pelas costuras. Ora, isto é assustador. Para quem tem COVID e para quem não tem mas que a ele precisa de recorrer.
Por certo com a sua filha vai correr tudo pelo melhor. Espero que assim seja.

Anabela Magalhães disse...

Fui reler o que escrevi e, tal como lhe disse sem ler, era mesmo impossível eu ter escrito semelhante barbaridade.
Escrevi exactamente isto "Felizmente, digo eu. Mesmo assim provocarão muitos estragos. Esperemos que esses estragos não cheguem ao ponto de confinarmos de novo. Mais cego que o cego é aquele que não quer ver.
Espero que não perca nenhum familiar seu, principalmente dos mais próximos, durante esta segunda vaga."
Isto sim, está de acordo com a linha do meu pensamento.

Luís Serpa disse...

Cara Anabela, viva.

Deverei confessar-lhe que não estou rigorosamente nada preocupado como que V. me disse? Ou será meçhor bater no peito, arrepenhar cabelos e lamentar a maldade do mundo? Prefiro a verdade: não estou rigorosamente nada preocupado. Se tivesse visto em si sinais de maldade, mala fide ou perversidade não teria continuado este nosso tão agradável diálogo.

Tão pouco preocupado com a minha filha estou. Ela tem vinte e oito saudáveis anitos, vai ficar em casa fechada com o namorado, não terá a visita do pai muitas vezes porque ontem levei-lhes comida para muito tempo, a segurança social paga-lhe o salário que faltar. Podia ser pior...

Desejo-lhe um bom dia.

Anabela Magalhães disse...

Viva!
Há um ponto em que nós não coincidimos de todo - O Luís não está nada preocupado e eu estou bastante preocupada com o que aí vem, nomeadamente com os hospitais já a desmarcarem cirurgias programadas e outros serviços porque não conseguem atender a tanta e tanta gente que aí chega, com COVID ou por outras patologias. Mas é a vida, feita de múltiplas visões, opiniões, simpatias... o que for.
O mundo seria uma incomensurável monotonia se nos regemos todos pelo mesmo padrão e a diversidade importa.
Assim sendo, tudo de bom daqui para aí. Por certo vai correr tudo muito bem.
Por aqui, com vários familiares já infectados, felizmente todos novos e saudáveis, está a correr muito bem.
Mesmo assim, confesso, tenho um receio - como tudo isto é novo, as consequências de tudo isto, a médio/longo prazo, espero que sejam inexistentes. Mas não sei, na verdade, ninguém ainda sabe...
Por aqui está um belíssimo dia de Outono, com sol a rodos e árvores numa explosão de cores, por certo será um bom dia. Daqui a nada começo o meu ritual de protecção antes de entrar na escola, em turmas lotadas, com alunos sentadinhos dois a dois, encostadinhos uns aos outros em salas onde não devia estar tanta gente, segundo as normas gerais da DGS. Enfim! Políticas e políticos.
Fiquem bem!

 
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