Pandemia - Escolas - Uma Reflexão
Não sou médica nem tão pouco enfermeira e, portanto, não sou especializada em coisa alguma associada a estas profissões que tanto estão a ser necessárias neste momento de pandemia descontrolada em que escrevo. Mas sou professora, dotada de um cérebro e sei que o Ministério da Educação falhou, em toda a linha, na preparação do regresso às aulas presenciais para alunos, professores, funcionários.
Assim, vou só apresentar uma medida que seria de custo zero para o governo e que teria feito toda a diferença para o ponto da epidemia em que estamos hoje - o uso obrigatório de máscara, sempre que não se consiga assegurar o distanciamento de segurança e que, infelizmente, só entra hoje em vigor, deveria ter acompanhado o regresso às aulas de alunos, professores e funcionários diversos.
Como muitos professores, que estão no terreno, foram denunciando ao longo deste já mais de um mês de aulas, as práticas seguidas por muitos e muitos alunos foram estas - máscara na cara, dentro dos portões da escola, máscara no bolso fora dos portões da escola, acrescida de uma agravante - se nem nas salas de aula conseguimos, o mais das vezes, assegurar o distanciamento social recomendável, a verdade é que muitos alunos, mal se apanhavam cá fora, amontavam-se em abraços e abracinhos, em partilhas de lanches, de cigarros, de gargalhadas soltadas por bocas perigosamente próximas num espaço onde nós, seus professores, não temos qualquer jurisdição.
Eu fui sempre chamando à atenção para os comportamentos desadequados, frequentemente sem grande êxito, confesso. Ó professora, as máscaras só são obrigatórias lá dentro... o que sim, foi verdade até hoje.
Ou seja, o governo central, que foi tão assertivo e rápido durante primeira vaga, antecipando medidas que se mostraram adequadas para o achatamento da curva, é agora incrivelmente o mesmo que corre atrás do prejuízo e que se esqueceu, por certo, da necessidade urgente do achatamento da curva epidemiológica sob pena do SNS colapsar - O Hospital que serve a minha região já está em colapso.
Os governantes do meu país continuam a desvalorizar os contágios em meio escolar e eu, sem dados, asseguro-vos que eles são mais frequentes do que aquilo que está a ser anunciado. Compreendo que as escolas tenham de funcionar mas, para isso, a montante, teriam de ser implementadas outras normas e outras regras e teria de ser feita uma outra preparação para a abertura do ano lectivo que não apenas baseada no uso de álcool-gel e no uso da máscara em espaço escolar. E, estou convicta, a onda teria tido uma progressão mais lenta.
Assim, temos o SARS-CoV-2 a gozar de palanque em toda a linha. O que é triste.
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