Serra da Aboboreira - Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
Não admira que as aldeias de montanha vão sendo abandonadas, a cada geração menos gente até ao despovoamento total. Isoladas, com invernias agrestes e geladas que se iniciam no Outono e entram Primavera dentro, a vida, em altitude, não é mesmo nada fácil e não causa surpresa que a atracção pelos vales, onde a vida é mais doce e suave, se tenha entranhado no ADN humano desde tempos imemoriais.
Dizem-me que a aldeia de Carvalho de Rei terá agora uns cinquenta habitantes, quase quase todos idosos. "Quando estes morrerem, a aldeia acaba!" - dizia-me o Sr. Manuel, um dia destes. A não ser, digo eu, que chegue gente de fora que se empenhe na reconstrução de casas de granito muito simples e belas onde, ainda hoje, se vive duramente. E que as salve da morte e do abandono total... talvez através de projectos ligados ao turismo... talvez seja esse o destino...
Hoje subi à serra só para a ver, num saltinho de pardal logo logo a seguir ao almoço e antes de entrar na escolinha para o turno da tarde.
Estamos a quinze quilómetros de Amarante. O frio é intenso. A chuva gela-nos até aos ossos. O vento fustiga-nos em rajadas irregulares. O nevoeiro não se decide e ora se levanta, ora cai com uma determinação e densidade digna de registo.
Sim, "Isto hoje está mau, sr. Joaquim!" gritei eu de dentro do aconchego do meu carro para o pastor que, pacatamente, olhava o seu parco rebanho protegido em abrigo frágil nas terras do já falecido sr. António das Lagoas.
Pois está. Isto hoje está mau. Brrrrrrrr....
Nota - Fotografei o pastor. Alguém o consegue descortinar entre o nevoeiro?
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