terça-feira, 1 de abril de 2008


Luz - Chefchaouen - Marrocos
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

(Anesthesia) Surgery

E aqui deixo outro excelente e profundo texto do meu Maracujá, aluno de 9º ano, que promete em termos de escrita. Não me admiraria nada saber novas dele, interessantes, num futuro não muito distante, vindas do mundo da cultura. Eu espero. Alimento muitas espectativas sobre este fruto.

"E aquelas duas portas negras abrem-se para a luz... A cura era visível mas tão distante...Deitei-me no duro leito da regeneração... A partir dali estava para além de mim...Estava impotente...Puseram-me a máscara do nada e caí em descanso... O corpo nada sentia mas a alma esta viva e acesa. Deu-se o primeiro corte... Enfrentei-o como uma criança que oscila entra o medo do longínquo desconhecido e a incontornável curiosidade... Ri-me de mim...Tudo era tão branco e limpo...O meu corpo era deles mas eu não. Eu, voava, via a precisão daquelas mãos que tudo controlavam e os olhos que até a rainha das águias que vive lá no alto, no alto do mundo a que só o pensamento alcança, invejaria...Sentia-me frio... A morte assustava-me...Aquela imensidão de nada, a profunda escuridão, a simples ideia da não-existência dava-me arrepios... Eu era alguém...Mas... Não sentia medo... Ela sorria-me, sem saber... Ali estava eu, nu de corpo e alma à mercê de um estranho, um anjo da vida de luvas brancas...Senti-me a voltar ao meu lar... Aquela viagem pelo tudo e pelo nada, em que o tempo não era obstáculo tinha acabado...Respirei..."

Maracujá

9 comentários:

Pi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vera Matias disse...

:O

Está fantástico. Simplesmente.

Anabela Magalhães disse...

Concordo plenamente. :)

Passiflora Maré disse...

Também se me apresentou belo e com muita imaginação. E sei-o, muito a propósito do seu imaginário sobre o futuro.

Raul Martins disse...

É daqueles textos que lemos uma vez e retiramos dele um certo estado de espírito; voltamos a ler e somos levados para outros espaços e ideias completamente diferentes.... amanhã, se o voltar a ler... certamente que outras imagens me surgirão. É isto que torna este texto belo.

Raul Martins disse...

Esuqeci-me de referir o quanto fiquei orgulhoso pela sua visita de hoje. Obrigado.

Anabela Magalhães disse...

Olá Raul

Quanto ao seu comentário sobre o texto do meu aluno não posso estar mais de acordo. É um texto feliz, como é feliz o meu maracujá, é um texto com múltiplos cambiantes e múltiplas leituras, como o meu maracujá, de uma grande riqueza "interior", como o meu maracujá que desponta para a vida como quem a pressente em toda a sua plenitude.

De resto não me agradeça. Passo pelo seu blogue não tantas vezes quantas gostaria pois estou um bocado atrapalhada com falta de tempo para tudo o que tenho para fazer.
Vou tentar ser mais fiel.
E eu é que agradeço a fidelidade a este blogue. Sinceramente. E agradeço os seus comentários de incentivo ao meu trabalho. Sou muito sensível a comentários de incentivo e também adoro uma boa crítica construtiva.
Fique bem.
Obrigada.

Mαriα Moitα disse...

Disse ao Pi "E' o melhor texto que li até agora. Estou abismada."

 
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