Côngrua
Hoje vou falar de um assunto mais do que desagradável, de âmbito religioso, que me opõe à igreja católica, confessando que este assunto desagradável é apenas um entre muitos, que eu não gosto de igrejas, apesar de gostar de religiões.
O padre da minha freguesia foi substituído durante o mês de Setembro. Vai daí o novo pároco escolheu a via do peditório intimador para entrar em contacto comigo pela primeira vez na sua vida. E nem disfarçou, disse logo ao que vinha. E pelos vistos quer dinheiro. Parte do meu dinheiro. Presumo que parte do dinheiro do resto dos paroquianos desta freguesia de S. Gonçalo e de S. Veríssimo também.
"Por regra, a família deveria contribuir com um dia de trabalho do agregado familiar. (...) Os paroquianos devem livremente dar a sua contribuição, tanto quanto possível, entre Setembro e Dezembro. E se tal lhes for impossível por razões sociais e familiares graves, tenham a delicadeza e a humildade de o justificar junto do pároco."
Se for impossível a um paroquiano contribuir, por razões graves, este deve justificar-se humildemente e com delicadeza ao pároco? Justificar-se? Humildemente? Já agora pedindo desculpa pelo facto? Assumindo uma postura de inferioridade? Mas o que é isto?! Confesso que fui apanhada de surpresa perante semelhante missiva e que fiquei simplesmente estupefacta.
E fiquei a pensar... E o pároco de S. Gonçalo escolher outra forma para entrar em contacto, pela primeira vez, por escrito, com os seus paroquianos? Que tal entrar em contacto de forma mais delicada? E que tal de forma mais humilde?
Foi por estas e por outras que acabei por me afastar completamente da igreja católica.
Até entenderia o peditório para o sustento do pároco se cada um dos paroquianos não tivesse de pagar por todos os serviços que lhe são prestados. Mas, pagamos os baptismos. Pagamos as missas por alma. Pagamos os casamentos. Pagamos os funerais. Assim sendo não entendo estes peditórios para o sustento do pároco, muito menos nestes termos autoritários.
De qualquer forma parece-me lata a mais para a primeira abordagem por escrito. E confesso que me desagradou.
25 comentários:
Finalmente leio algo que vai de encontro aos meus pensamentos em relação à igreja e em particular a da freguesia (Amarante – S. Gonçalo)! Afinal porquê esta arrogância toda, esta forma de humilhar os mais carenciados? Em vez de tentar saber o porquê dessas famílias não poder pagar a Côngrua, quais são as razões sociais e familiares graves, e quem sabe, fazer o que deveria ser o dever da IGREJA.... Ajudar ou tentar arranjar ajuda?
Como pode uma pessoa carenciada ir rezar e ao mesmo tempo ver a injustiças a que esta sujeito nesta sociedade? Injustiça essa cometida logo pela primeira pessoa que deveria ajudar e tentar minimizar as suas carências?
Enfim eu não sou religiosa embora como a Anabela gostar de religiões, mas por favor não sejam cegos, pois “o pior cego é aquele que não quer ver!”
Paula Santos
Amarante
Inteiramente de acordo contigo. Paso-te um outro caso de aspecto similar, dos que me dão vontade de formalizar legalmente a minha separação de fato da Igreja.
http://alareiradesantiso.blogspot.com/2008/10/o-tempo-dos-tontos.html
Outro exemplo de arrogância e autoritarismo, cheiros antigos...
Boa é a dica do Rui galego-africano: acabou-se o tempo dos tontos! (Será? Esperemos que sim!)
Beijocas
Olá Paula
Escrevi sobre este assunto que deveras me incomodou para chamar a atenção para o seguinte:
1 - Nós, população em geral, não somos já um bando de analfabetos sem possibilidade de criticar;
2 - Nós, população em geral, não nos sentimos mais, como no passado, compelidos a executar sem pensar;
3 - Está mais do que na hora de a igreja católica alterar o seu discurso. É que lhes fica mesmo mal.
E foi feio.
Isto vai aqui uma tonteria pegada, Rui. São umas a seguir às outras. É o meu primeiro, são os ministros, são os políticos em geral, são os deputados, são os directores das escolas, são os padres...
É caso para dizer "Cada tiro cada melro!"
Beijinho e vou investigar a tua sugestão.
Aleikum Salam para ti! :)
Isso é que era bom, Elsa! Nós estamos é mergulhados no tempo dos tontos! Bolas que não há pachorra!
Anabela:
Em lógica dir-se-ia que o pároco utilizou a falácia "ad baculum". Consiste no apelo à força, sobretudo psicológica, feito em tom intimidatório, para forçar o outro a agir de determinado modo.
Parece que há "impostos divinos", inventados pelos humanos, para proveito próprio!
Creio que os paroquianos deveriam inverter a premissa e escrever uma cartinha a exigir o balanço comercial anual da paroquia: Quantas missas? Quantos funerais? Quantos baptizados? E sobretudo como foi/é gasto o dinheiro acumulado?
Cartinha:
Sr. Pároco,
Os professores, sobretudo, os não titulares, estão muito necessitados. Estão na indigência material. Será que distribui os seus proventos em prol dos desfavorecidos, como eu?
Caso não possa, queira humildemente justificar a sua falta de solidariedade, altruísmo, amor ao próximo...encontrar-me-à, certamente na seguinte morada: reino dos céus!!!
Até que ele merecia, Elsa! Já me viste a lata? Sim, porque é preciso ter lata. Do meu ponto de vista, claro.
Tens toda a razão. Não acredito na natureza divina. Quanto à humana, estou cada vez mais céptica...
Tal e qualmente. Cada dia que passa fico mais decepcionada e mais céptica também.
Tenho de voltar rapidamente para o deserto. Fazer uma cura de silêncio. Aqui o barulho está ensurdecedor. Já me ouviste o som que sai da nossa sala de professores? Cada dia mais aflitivo e incomodativo.
Tento entrar lá o menos possível. É a única forma de não perder a lucidez.
E não é som, é ruído. A música do "Zé Cabra" produz o mesmo efeito.
Bôa nôte!
Em relação à igreja católica, já há muitos anos que não tenho nada a ver com ela e com os seus seguidores.Que trabalhem!
Em relação a muitas pessoas que passam ao meu lado, e não na minha vida, digo-lhes só o que acho que devem saber. Muito desconfiada me tornei. Mas é mesmo assim, a idade, o passar dos anos ajudam-nos a ser mais cautelosas em relação aos outros.
Tenho dito.
Fiquem bem!
Música do Zé Cabra? kakakakaka
Agora gargalhei! Fico a dever-te esta!
Beijocas
Alô Alentejo! Alô Alentejo!
Manda-me o teu número de telemóvel para nos falarmos no dia 8. :)
Bôa Nôte Alentejo
Aguardo...
Já mandei. Aguardo resposta.
Recebido. :)
Et moi?
Também quero conhecer pessoalmente a M.E!
Quem sabe dá para apertarmos os ossos umas às outras, não é assim, Elsa? À outra Elsa, à Duarte, também!
Linda, a net. Amo ela!!!!!!!!!
E ao Ramiro Marques. Também quero apertar os ossos ao Ramiro! :)
Elsa,
Como já disse à Anabela, estou com um problema de saúde na família, mais precisamente o meu irmão, que deverá ser operado a uma hérnia discal na 6ª feira.
Vou tentar e dar tudo por tudo para estar presente na manif. e conseguir conhecer-vos.
Bjs
Vou-te consolar, espero, Maria Eduarda. Tenho um cunhado que já foi operado 2 vezes a essas senhoras. A recuperação foi muito, mas mesmo muito rápida.
Beijocas e fica bem
Beijocas. Obrigada!
Vou descansar, amanhã lá estarei às 9h e hoje estou cansadita!
Maria Eduarda:
A operação vai ser um sucesso!
E nós vamo-nos conhecer!
Beijocas
Anabela,
não tivesse visitado hoje o blogue da Carmo e não me teria apercebido deste teu poste...
Vim ler e estou de acordo com o que escreves. Sou Católico, praticante, professor de Moral e Formação Cívica e fiquei chocado. É pena que haja estes pedaços de história da Igreja. Mas a Igreja é feita de homens. E graças a Deus há, na Igreja, coisas muito mais positivas do que negativas.
.
Carpe diem.
É apenas uma questão de decoro, Raul, já nem se pede mais nada.
Enfim, pode ser que com estas denúncias eles arrepiem caminho e retornem ao adequado.
Lamento profundamente. Preferia não ter recebido tal envelope. Mas recebi. Não posso pactuar com isto.
Bjs
Enviar um comentário