quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A Palavra a Almeida Garrett

A Palavra a Almeida Garrett

"(...) andai; reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai. No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana? Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas, aos políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico? - Que lho digam no Parlamento (...), onde, depois de tantas comissões de inquérito, já devia andar orçado o número de almas que é preciso vender ao diabo, número de corpos que se tem de entregar antes do tempo ao cemitério para fazer (...) um banqueiro, um granjeeiro, seja o que for: cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis."

Almeida Garrett, Viagens na minha Terra

Post surripiado ao blogue Jardim de Livros, blogue que em boa hora me remete para a minha querida professora, Maria Eulália Macedo.

Sem comentários:

 
Creative Commons License This Creative Commons Works 2.5 Portugal License.